Pular para o conteúdo principal

MULHERES INTERESSANTES SÃO RARAS NO BRASIL


Faltam mulheres de personalidade interessante no Brasil. Não que elas inexistam, mas elas são muito raras, ainda mais do que várias delas estão comprometidas e há também as que já haviam falecido, muitas delas prematuramente.

Em compensação, há um sem-número de mulheres que, disponíveis, precisam reaprender a viver. Algumas nem sabem falar. Em sua maioria, possuem um gosto musical cafona, ou são fanáticas religiosas e futebolísticas, ou acreditam que basta boar uma tatuagenzinha no corpo para parecer "moderna" (e estar tatuado nunca foi tão antiquado e demodê hoje em dia).

Infelizmente a maioria das mulheres não teve uma educação sócio-cultural para terem bons referenciais. Babás semi-analfabetas, televisão decadente, rádios FM entregues ao jabá, escolas que quase sempre ficavam em greve e cujos programas letivos eram precários e incompletos, carestia de bens culturais de maior relevância.

Claro, a culpa não é propriamente dessas mulheres, a não ser aquelas que se entregam de corpo e alma à imbecilização sócio-cultural, que são cúmplices das próprias condições em que foram (des) educadas, geralmente em algum momento perdido dos anos 80 e 90.

Os referenciais não são bons. Quando muito, Luiza Brunet e Fernanda Montenegro tornam-se referenciais distantes, pessoas admiradas mas cujos exemplos se evaporam nos péssimos hábitos que suas admiradoras mais rasteiras se mantém presas.

E o que é uma mulher interessante no Brasil? Aquela que não só escapa de qualquer tipo de vulgaridade, que não precisa ter um padrão de beleza mas possa ter um comportamento que nos faça vê-las como belas e atraentes, que mostre boas ideias, tenha um mínimo de cultura de qualidade ainda que não tenha qualquer tipo de diploma universitário.

Em muitos casos, é bem mais interessante aquela mulher que "não é lá tão bonita" mas possui um jeito e um semblante naturalmente sedutor, sem excessos de sensualidade forçada. Que aprecia cultura de qualidade sem esperar que as conveniências a obriguem a isso, Porque, se uma mulher persegue bons referenciais só porque a conveniência pediu, fica tão ridículo quanto a sua natural ignorância a esses mesmos referenciais.

É o caso de funqueiras que se fantasiam de Marilyn Monroe ou, quiçá, de Audrey Hepburn, para tentar impressionar, enquanto posam junto a livros de Gustave Flaubert e evocam Josephine Baker. Tudo oportunismo barato, elas não se tornam legais e ficam até chatas e metidas, sendo ainda mais insuportáveis porque no fundo só vinculam tudo isso ao contexto imbecilizado em que elas vivem.

É também o caso de mocinhas que, nas mídias sociais, dizem que "também gostam de MPB" mas no fundo preferem coisas mais imbecilizadas que fazem "muito mais sucesso". É aquela conversa que se tem: "Gosto de coisas boas, mas prefiro as ruins".

Aí vemos, por outro lado, moças que se destacam porque são diferenciadas. É a apresentadora de TV que ouve rock alternativo, é divertida, sexy e deslumbrante, mas é casada há anos com um empresário. É aquela ex-modelo muito interessante, culta e cheia de ideias, mas tem um marido bem mais velho. É aquela jornalista que lê bons livros e ouve músicas bacanas, mas é casada com um economista. E por aí vai.

E aí, o que sobra de solteiras? Solteiras legais existem, mas são raras. Na maioria, são senhorinhas metidas a modernas que avisaram que compraram ingresso para ver o Psirico em algum lugar. São coitadinhas que até se interessam por sósias do John Lydon que aparecerem no caminho, mas não abrem mão de ouvir seu "pagode romântico" mais piegas e canastrão.

Há outras fanáticas por futebol, que enfeitam seu quarto com as cores de seu time, outras viciadas em publicar mensagens religiosas nas mídias sociais, para serem lidas sobretudo por ateus que se revoltam com as mesmas.

Há outras preocupadas com bobagens, como se "ser legal e divertida" fosse curtir comunidades tipo "Tamo junto no Face" nas mídias sociais. Ou então aquelas que acham o máximo de jovialidade e modernidade tatuar alguma coisinha no corpo.

Moças que viveram a adolescência e a puberdade nos anos 80 achando que a década só teve Trem da Alegria, Dr. Silvana e Absyntho (sem falar da cançãozinha de aniversário do Xou da Xuxa), ignorando que os anos 80 também foram U2, Smiths, Legião Urbana, Christiane F., Feliz Ano Velho, Diretas Já, Fluminense FM e por aí vai.

Isso é terrível. Você vê uma moça de 46 anos nas mídias sociais que fala que anos 80 era Trem da Alegria. "Em que planeta ela viveu, afinal?", é a reação provável. Afinal, uma mulher que tinha consciência das coisas e era para ouvir até a fase Three of a Perfect Pair do King Crimson ou tirar de letra as músicas do Cama de Gato, ouvir Trem da Alegria entre os 16 e 20 anos é estarrecedor.

E as mulheres com mais de 45 que capricham na jovialidade mas desleixam na forma física? Sem preconceito algum com as plus size, mas nem toda mulher pode se dar bem tendo uns quilos a mais, é preciso ter um corpo apropriado para isso. E não é pecado algum ter o corpo em forma depois dos 45, ter "barriga zero" não é o mesmo que ter "corpo de gatinha". Dá para o corpo feminino se amadurecer dentro da boa forma.

As mulheres precisam rever seus valores. Aliás, o Brasil virou um país em completo balanço. Vamos desistir de uma vez de ver o Brasil como "potência mundial" ou "coração do mundo", deixar dessas baboseiras e rever todo o bolor produzido no país desde 1964.

E isso vale também em mulheres que, antes de exigirem alguma coisa dos homens, deveriam exigir também algo delas mesmas, combinando jovialidade, sensualidade e inteligência na dose certa, sem se ater a conveniências, oportunismos ou outras pressões. Que elas parem para pensar e repensar o prazer, as esperanças, as alegrias, o saber, até para saber como elas se tornaram desinteressantes e pouco atraentes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

LULA ESTÁ A SERVIÇO DA ELITE DO ATRASO

A queda de popularidade de Lula está sendo apontada por supostas pesquisas de opinião, o que, na verdade, soam como um reflexo suavizado do que já ocorre desde que Lula decidiu trocar o combate à fome e o desemprego pelas viagens supérfluas ao exterior. Mas os lulistas, assustados com essa realidade, sem saber que ela é pior do que se imagina, tentam criar teorias para amenizar o estrago. Num dia, falam que é a pressão da grande mídia, noutro, a pressão dos evangélicos, agora, as falas polêmicas de Lula. O que virá depois? Que o Lula perdeu popularidade por não ser escalado para o Dancing With the Stars dos EUA para testar o "novo quadril"? A verdade é que Lula perdeu popularidade porque sei governo é fraco. Fraquíssimo. Pouco importam as teorizações que tentam definir como "acertadas" as viagens ao exterior, com a corajosa imprensa alternativa falando em "n" acordos comerciais, em bilhões de dólares atraídos para investimentos no Brasil, isso não convence

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

OS CRITÉRIOS VICIADOS DE EMPREGO

De que adianta aumentar as vagas de emprego se os critérios de admissão do mercado de trabalho estão viciados? De que adianta haver mais empregos se as ofertas de emprego não acompanham critérios democráticos? A ditadura militar completou 60 anos de surgimento. O governo Ernesto Geisel, que consolidou o Brasil sonhado pelas elites reacionárias, faz 50 anos de seu início. Até parece que continuamos em 1974, porque nosso Brasil, com seus valores caquéticos e ultrapassados, fede a mofo tóxico misturado com feses de um mês e cadáveres em decomposição.  E ainda muitos se arrogam de ver o Brasil como o país do futuro com passaporte certeiro para ingressar, já em 2026, no banquete das nações desenvolvidas. E isso com filósofos suicidas, agricultores famintos e sobrinhos de "médiuns de peruca" desaparecendo debaixo dos arquivos. Nossos conceitos são velhos. A cultura, cafona e oligárquica, só defendida como "vanguarda" por um bando de intelectuais burgueses, entre jornalist

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul