Com o fim definitivo da Kiss FM Rio, já que a frequência 91,9 mhz foi adquirida pela Plenitude FM, da igreja evangélica Plenitude, a Rádio Cidade (que nome bobo para uma rádio de rock!) tentou capitalizar com o fim da emissora e imitar seu repertório.
Com seu "modo Classic Rock", especial de rock antigo que rola na Internet, no horário da Voz do Brasil, a emissora tentou embarcar nas bandas de rock seminais dos anos 70, como informou um Internauta no Facebook. Até bandas "difíceis" como Humble Pie e UFO, ambas do mais puro rock setentista britânico, foram tocados, mas somente nas chamadas "músicas de trabalho".
É bom desconfiar disso, como se desconfia, por exemplo, de duplas de "sertanejo universitário" que tentam sons mais "elaborados", incluindo cítara, reggae etc. Falsas melhorias só para ficar se justificando no sucesso é coisa típica de medíocres que só fazem isso para levar alguma vantagem, nunca fazendo tais coisas com espontaneidade e sim com puro senso de tendenciosismo.
No caso da Rádio Cidade, então, a coisa é grave. Seu jeito "Dr. Jeckyll e Mr. Hyde" de agir, às vezes querendo ser mais pop, outras tentando ser mais rock, é revoltante, pois, depois de todo trabalho de Luiz Antônio Mello e sua equipe para o radialismo rock, temos que aguentar uma rádio que nem teve tradição no gênero e fica se "achando".
ESTILO DE LOCUÇÃO REMETE À RÁDIO DISNEY BRASILEIRA
Até a linguagem e estilo de locução, que agora estão "mais tranquilas", ainda remetem ao estilo poperó e mauricinho, pois a equipe de locução, sobretudo a masculina, ainda têm a voz afetada de quem está falando para as fãs do One Direction e Justin Bieber.
A Cidade tenta fugir do ritmo frenético da Jovem Pan FM, por causa do macartismo que tomou conta da emissora, e tenta evitar, em vão, as comparações com a Mix FM. Todavia, a emissora dos 102,9 mhz, que, repetimos, tem nome muito bobo para rádio de rock, adota um padrão de locução que hoje se aproxima perfeitamente ao da filial que a estrangeira Rádio Disney instalou em São Paulo.
Isso é tão certo que, antes de tocar "Number of the Beast", do Iron Maiden, o locutor mauriçola da Rádio Cidade dizia um informe com a típica voz de um locutor de FM dance diante de um fundo musical com sintetizador. Sem qualquer tipo de ironia ou sarcasmo, pensei que fosse Mix FM.
É claro que a Cidade tenta se passar por "rádio de rock séria", um esforço só para gringo ver. Na boa, a rádio só serve para alimentar a indústria de eventos de rock no Rio de Janeiro e nem está aí com a cultura rock de verdade. Mas precisa parecer verossímil pelo menos para o público médio, até porque estamos perto do Rock In Rio e ano que vem haverá Olimpíadas.
Portanto, não é melhoria alguma o que houve no "modo Classic Rock". Primeiro, porque é um programa específico e já vi muita rádio pseudo-roqueira tocando até alternativos em programas específicos. Fica muito fácil isso, porque não é programação diária e sim em feudos que acontecem uma vez por dia ou por semana.
A Kiss FM tocava esses grupos na programação diária. Embora a Kiss ainda não fosse uma Fluminense FM, ela era esforçada. Além do mais, a esquizofrênica Rádio Cidade - cujos programas Rock Bola e Hora dos Perdidos ainda têm o ranço do Pânico da Pan - só fez isso de forma tendenciosa, como "promoção de temporada", por tempo limitado.
Depois da festa do Rock In Rio, tudo voltará à mesma e o pessoal terá que se contentar com o "só sucesso" que contamina até os "clássicos". Que se contentem em ouvir "Always" do Bon Jovi como se fosse o "lado B dos clássicos do rock". Isso quando não decidirem tratar o Blink 182 como se fosse "dinossauro do rock".
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