Pular para o conteúdo principal

CAMPANHA "SOCIALIZANTE" DO "FUNK" COINCIDE COM INTERESSES DE DIRIGENTES ESPORTIVOS

RIO PARADA FUNK - EDUARDO PAES E JOÃO ROBERTO MARINHO SE ENCONTRAM NO "PANCADÃO".

O "funk carioca" anda chocando a opinião pública progressista nos últimos meses.

Depois que um funqueiro foi citado num caso de estupro coletivo, denúncias de que o ritmo nada tinha a ver com valores sociais avançados vieram à tona.

Dirigentes funqueiros, irritados, tentaram repetir o mesmo blablablá "militante" e coitadista de sempre.

Leia-se "sempre" como "desde 2001".

Afinal, um dos primeiros textos dessa campanha "socializante" do "funk carioca" é de 2001.

Intitulado "O funk e a juventude pobre carioca", foi escrito por uma ex-jornalista da Bizz e Folha de São Paulo, Bia Abramo, para um periódico acadêmico.

Ela tentava se posicionar como "intelectual de esquerda", mas quase arrumou um problema com as profissionais sérias de Enfermagem.

Foi quando Bia acusou de "moralismo hipócrita" um processo judicial de enfermeiras, junto ao Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, contra uma precursora das "mulheres-frutas" chamada "Enfermeira do Funk".

Bia queria estar do lado do "funk" a todo custo e teve que reprovar, com seu "horror moralista" (as enfermeiras é que tinham que aceitar uma siliconada fazendo pouco delas), a ação de um grupo feminista.

E quem empresariou a tal "Enfermeira do Funk"?

Ninguém menos que Alexandre Frota, o ator que ultimamente andou militando pelo "Fora Dilma" e andou apresentando o Escola Sem Partido para o ministro temeroso da Educação, Mendonça Filho, junto com um "revoltado on line" que sonha em ver Lula e Dilma Rousseff na cadeia.

Anos mais tarde, Bia Abramo teve um primo, Cláudio Weber Abramo, integrando o Instituto Millenium, na contramão do esquerdismo do respectivo pai de cada um, Perseu Abramo e Cláudio Abramo.

Que tem como membro o cineasta José Padilha que redescobriu o MC Leonardo por meio de uma trilha de um filme co-produzido pela Globo Filmes, das Organizações Globo.

E José Padilha prepara um filme sobre a Operação Lava-Jato para manifestar sua admiração por Sérgio Moro.

Voltando ao artigo de Bia Abramo, notem a data de publicação do texto: junho de 2001.

Época em que os dirigentes esportivos (FIFA e CBF) estavam preparando a festa da Copa de 2002 e reservando dinheiro para "comprar o Penta" que garantiria maior destaque para o Brasil nas jogadas da FIFA.

Pois foi graças ao prêmio "pentelho", obtido por uma "seleção" insegura e atrapalhada, que o Brasil pôde ser escolhido para ser sede de um futuro evento olímpico.

Jornalistas esportivos investigativos mostraram que o Penta era uma farsa.

E foi essa farsa feita para garantir o Brasil para sediar a Copa de 2014 e inspirou os dirigentes olímpicos a fazerem o mesmo com as Olimpíadas do Rio de Janeiro, a Rio 2016.

E foram esses eventos que fizeram com que os políticos, sobretudo do PMDB carioca, sumissem com o dinheiro dos brasileiros, forjando a crise que forçaria a campanha pelo afastamento de Dilma Rousseff do Governo Federal.

E o que o "funk" tem a ver com isso? Muita coisa.

Ele já estava bombando no Globo Esporte, naquele 2001: "Ah, eu tô maluco", "Tá dominado, tá tudo dominado".

Junto aos dirigentes esportivos.

O discurso "socializante", com aquele papo falsamente etnográfico e pretensamente ativista, tipo "cultura das periferias", "realidade (sic) do povo pobre", foi armado justamente nessa época.

Uma visão estereotipada das classes populares, uma "etnografia de mercado", uma jogada de marketing muito bem engenhosa.

Tinha um forte cheiro de marketing turístico, de armação midiática.

Os funqueiros mentiram, na mídia de esquerda, que eram "desprezados pela grande mídia".

Mas tinham sempre o apoio da Globo, dos barões da mídia em geral, do mercado e da plutocracia.

E esse discurso todo, que muitos imaginam ser "progressista", começou nas páginas de O Globo e também da Folha de São Paulo.

A Rede Globo foi cuidar do "funk carioca", e, mais tarde, a Folha de São Paulo, que também divulgava a cena do RJ, foi cuidar de lançar o "funk ostentação".

O "funk" era apoiado abertamente por gente como Luciano Huck, Gilberto Dimenstein e Danilo Gentili.

E seu discurso "socializante" coincidiu com os preparativos dos dirigentes esportivos para defender a realização de eventos esportivos no Brasil.

Eventos que, comprovadamente, mais dão prejuízo do que lucro.

Com muitos desvios financeiros, como a farra que o PMDB carioca fez com o dinheiro público, e que depois teve conexões com outras farras de âmbito nacional.

Todo novo sucesso de "funk" era sempre bem divulgado pelo Globo Esporte.

As "musas do funk" faziam até fotos vestindo camisetas de times esportivos. Era uma gortjetinha dos dirigentes esportivos ao gênero.

Sérgio Cabral Filho, desprezando a atitude do pai (que acusou o "funk" de ligação com a CIA, tese que, para desespero de muitos, procede), resolveu apoiar com entusiasmo o ritmo.

Eduardo Paes também demonstrou muito entusiasmado com o gênero.

O PMDB carioca, junto com a Rede Globo, sempre apoiou o "funk carioca".

Fizeram muitas parcerias com eventos que sempre incluíram o ritmo.

O Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), símbolo de uma Zona Portuária elitista, é uma parceria entre a Globo e o PMDB carioca.

Existe até mesmo um "baile funk" no Pier Mauá, com riquinhos "descendo até o chão".

E gente que viu os passos do ritmo nas novelas da Rede Globo, no Esquenta! e no Caldeirão do Huck.

E o MAR inaugurou uma mostra sobre Josephine Baker botando um grupo de funqueiras para fazer a apresentação de abertura.

E o Rio Parada Funk, depois de tanto esconder patrocinadores (eles alegavam que eles é que não queriam mostrar suas marcas no evento), assumiu o patrocínio da Rede Globo e da Prefeitura do Rio de Janeiro, que sempre houve.

A grande mídia e a plutocracia brasileira sempre investiram no "funk", um mero pop dançante comercial sem muita importância além do mero entretenimento.

Só criaram esse papo de "movimento cultural" visando a Copa de 2014 e o Rio 2016.

Sem falar de uma "boquinha" da Lei Rouanet, já que os funqueiros tem uma grande sede de ganhar dinheiro.

Sempre com o apoio da Globo e do PMDB carioca.

Afinal, o "funk" não veio de Marte. Veio da Globo.

E o "funk" não é Dilma. O "funk" é "Temer".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

BREGALIZAÇÃO CULTURAL E O PERIGO DE FALSOS SURTOS NOSTÁLGICOS

HÁ CRÍTICOS MUSICAIS QUE CONSIDERAM SUCESSOS DA MÚSICA BREGA "CLÁSSICOS" SÓ PORQUE TOCARAM NOS MOMENTOS DA INFÂNCIA, COMO OS PASSEIOS PARA A PRAIA COM A FAMÍLIA. A lembrança nostálgica, para a arte e a cultura, deveria levar em conta os critérios artísticos e a relevância cultural, critérios que não podem envolver uma simples impressão solipsista de um público ouvinte e suas recordações meramente pessoais ou grupais. O comercialismo musical, ultimamente sobre o tratamento gurmê da grande mídia, se aproveita da ingenuidade coletiva para promover surtos nostálgicos que soam postiços. Tantos falsos saudosismos são montados pela mídia e pelo mercado, visando prolongar o sucesso comercial de ídolos veteranos, vide a onda do brega-vintage que tentou reciclar com embalagem de luxo nomes da mediocridade musical como. Michael Sullivan, É O Tchan, Bell Marques e Chitãozinho & Xororó, estes com a música “ Evidências”. O brega-vintage foi uma amostra de como a bregalização cultural -...

O NEGACIONISMO FACTUAL E A 89 FM

Era só o que faltava. Textos que contestam a validade da 89 FM - que celebra 40 anos de existência no dia 02 de dezembro, aniversário de Britney Spears - como “rádio rock” andam sendo boicotados por internautas que, com seu jeito arrogante e boçal, disparam o bordão “Lá vem aquele chato criticar a 89 novamente”. Os negacionistas factuais estão agindo para manter tudo como o “sistema” quer. Sempre existe uma sabotagem quando a hipótese de um governo progressista chega ao poder. Por sorte, Lula andou cedendo mais do que podia e reduziu seu terceiro mandato ao mínimo denominador comum dos projetos sociais que a burguesia lhe autorizou a fazer. Daí não ser preciso apelar para a farsa do “combate ao preconceito” da bregalização cultural que só fez abrir caminho para Jair Bolsonaro. Por isso, a elite do bom atraso investe na atuação “moderadora” do negacionista factual, o “isentão democrático”, para patrulhar as redes sociais e pedir o voicote a páginas que fogem da assepsia jornalística da ...

LULA APROVA SALÁRIO MÍNIMO COM REAJUSTE MIXURUCA

O salário mínimo para 2026 teve um reajuste de menos de 7%, atingindo somente um índice de 6,78%, em relação a este ano. Isso significa que o valor de R$ 1.518, cujo aumento chegou a ser cogitado para R$ 1.631 e, depois, para R$ 1.627, foi acrescido somente de R$ 103, ficando para a quantia de R$ 1.621 para 2026. É um reajuste típico de sindicalistas pelegos, desses que não ameaçam os privilégios dos patrões, trazendo para os trabalhadores apenas uma parte parcial da remuneração reivindicada, garantindo apenas poucos ganhos para a população mais necessitada. A desculpa usada pelo governo Lula para dar um reajuste fajuto para o salário mínimo é que a inflação ficou mais baixa que o esperado e, portanto, só foi preciso um aumento nestes parâmetros, considerado pelos tecnocratas do Governo Federal como “aumento real”. Todavia, esse aumento só vai pesar menos para as classes mais abastadas, sobretudo a chamada burguesia ilustrada, a parte mais festiva e lúdica das classes privilegiadas. O ...

FARIA LIMA ESTÁ CASTRANDO O PENSAMENTO E A CULTURA NO BRASIL

Notaram que a cultura brasileira, em diversos aspectos, sucumbiu a um padrão degradante, que domestica o povo e garante poder maior ao empresariado? Expressões culturais de qualidade continuam existindo, mas elas tiveram seus espaços de manifestação reduzidos, colocados quase à margem da chamada opinião pública, tendo menos visibilidade e menos impacto de influência. O Brasil está social e culturalmente degradado, acumulando retrocessos que se transformaram nos “novos normais” que passaram a ser aceitos dentro das zonas de conforto da complacência coletiva. Mesmo com a redemocratização, não recuperamos os parâmetros socioculturais que se desenhavam nos tempos de Juscelino Kubitschek e João Goulart. Ainda mantemos os resíduos dos tempos dos generais Emílio Médici e Ernesto Geisel, e, o que é pior, com vários desses entulhos promovidos a falsos tesouros nostálgicos. E como é que muitos acreditam que o Brasil ainda vai chegar ao Primeiro Mundo com uma precarização sociocultural em níveis ...

“JORNALISMO DA OTAN” BLINDA CULTURALISMO POPULARESCO DO BRASIL

A bregalização e a precarização de outros valores socioculturais no Brasil estão sendo cobertos por um véu que impede que as investigações e questionamentos se tornem mais conhecidos. A ideologia do “Jornalismo da OTAN” e seu conceito de “culturalismo sem cultura”, no qual o termo “cultura” é um eufemismo para propaganda de manipulação política, faz com que, no Brasil, a mediocridade e a precarização cultural sejam vistas como um processo tão natural quanto o ar que respiramos e que, supostamente, reflete as vivências e sentimentos da população de cada região. A mídia de esquerda mordeu a isca e abriu caminho para o golpismo político de 2016, ao cair na falácia do “combate ao preconceito” da bregalização. A imprensa progressista quase faliu por adotar a mesma agenda cultural da mídia hegemônica, iludida com os sorrisos desavisados da plateia que, feito gado, era teleguiada pelo modismo popularesco da ocasião. A coisa ainda não se resolveu como um todo, apesar da mídia progressista ter ...

JUVENTUDE DESCOLADA MOSTRA UM BRASIL DECADENTE SOB HEDONISMO TÓXICO

FARIA LIMA EM FESTA - JUVENTUDE WOKE  INDO "PRA BALADA" COM A BURGUESIA ILUSTRADA. Enquanto no exterior vemos atores e atrizes ligadas ao universo juvenil ouvindo rock clássico e música folk  e buscando hábito de leitura em livros, no Brasil o hedonismo tóxico é que impera e a juventude woke  parece atuar como um bando de marionetes do empresariado da Faria Lima. Nas conversas que eu ouço, o hedonismo viciado impera. Num dia, é o fanatismo pelo futebol. Noutro, é a adoração a ritmos popularescos, como piseiro, "pagode romântico", "funk" e sofrência. Em seguida, é uma tal de "ir pra balada", "balada LGBT", "balada isso, balada aquilo", usando e abusando desse jargão farialimer . Mais adiante, é falar sobre marcas de cerveja. Noutra, é exaltar aquele intervalo para fumar um cigarro. É esse o Brasil que está pronto para se tornar país desenvolvido? Que geração é essa que vai liderar o futuro da nação? Gente aderindo a um hedonism...

O BRASIL DOS SONHOS DA FARIA LIMA

Pouca gente percebe, mas há um poder paralelo do empresariado da Faria Lima, designado a moldar um sistema de valores a ser assimilado “de forma espontânea” por diversos públicos que, desavisados, tom esses valores provados como se fossem seus. Do “funk” (com seu pseudoativismo brega identitário) ao Espiritismo brasileiro (com o obscurantismo assistencialista dos “médiuns”), da 89 FM à supervalorização de Michael Jackson, do fanatismo gurmê do futebol e da cerveja, do apetite “original” pelas redes sociais, pelo uso da gíria “balada” e dos “dialetos” em portinglês (como “ dog ”, “ body ” e “ bike ”), tudo isso vem das mentes engenhosas das elites empresariais do Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana, e de seis parceiros eventuais como o empresariado carnavalesco de Salvador e o coronelismo do Triângulo Mineiro, no caso da religião “espírita”. E temos a supervalorização de uma banda como Guns N'Roses, que não merece a reputação de "rock clássico" que recebe do público brasile...

O APOIO DA BURGUESIA ILUSTRADA A LULA É ALGO A CONSIDERAR

Nas narrativas oficiais trazidas pela mídia patronal e compartilhadas pelas redes sociais, Lula é o “único” candidato da democracia pela inexistência de opções de voto convincentes. O resto é uma direita ao mesmo tempo neurótica e atrapalhada, que, segundo essas narrativas, desmerece o voto popular. A ideia de “ou Lula ou nada” traz uma grande estranheza: o apoio de setores da alta sociedade que estariam supostamente entusiasmados com o lulismo e que teriam se adaptado aos “novos tempos” de “união e solidariedade”. Tudo parece um discurso maravilhoso, capaz de fazer a maioria da “nação” do Instagram e do Tik Tok dormir tranquila o sonho dos anjos. Mas há um ditado popular, subestimado no Brasil, que traz um alerta: “Isso é bom demais para ser verdade”. O ditado se refere a tudo aquilo que parece vantajoso e maravilhoso demais e desperta desconfiança por conta disso. Lula recebendo apoio da burguesia? Lula se aliando à burguesia? A realidade dos fatos mostra que não foi a burguesia que ...