Politicamente acuado depois de ofender o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, Jair Bolsonaro resolveu mexer na Comissão da Verdade.
Ele trocou quatro membros, substituindo-os por gente da sua turma.
Integrantes que atuavam de maneira absolutamente técnica, visando a honestidade histórica na investigação dos crimes da ditadura militar, deram lugar a membros que compartilham do reacionarismo cego e lunático do presidente Bolsonaro.
A procuradora da República, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, mestre em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica em São Paulo (PUC-SP), foi substituída pelo integrante do PSL Marco Vinicius Pereira de Carvalho.
Marco Vinícius é assessor da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, o que diz muito da (falta de) competência dele na comissão.
Presidente do PSL na cidadezinha de Taió, no interior de Santa Catarina, Marco é acusado de divulgar, com antecipação, um edital de concurso público para a mulher e a cunhada, em 2018, consistindo crime de improbidade administrativa, ao qual responde judicialmente.
No lugar da advogada e professora da Universidade Federal Fluminense, Rosa Maria Cardoso da Cunha, mestre em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP), entrou o coronel da reserva Weslei Antônio Maretti.
Weslei é defensor do porte de armas e demonstra não ter o perfil humanista para integrar a comissão.
Para piorar, Weslei é um defensor entusiasmado do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro, o que praticamente desvirtuará os trabalhos da comissão.
Outro que entra na Comissão é o deputado federal do PSL paranaense, Filipe Barros.
Ele entra no lugar do petista Paulo Pimenta, deputado federal pelo Rio Grande do Sul e um dos mais empenhados combatentes do golpe político pós-2016 em todos os aspectos.
Em compensação, Filipe Barros foi aluno do "fisólofo" Olavo de Carvalho, o que diz muito no "aprendizado" que pode pôr em prática.
O militar, engenheiro e advogado João Batista da Silva Fagundes deixa a comissão, substituído por Vital Lima Santos, funcionário de gabinete do Ministério da Defesa do governo Bolsonaro.
Portanto, é um quarteto plenamente aparelhado, afinado ao perfil ideológico retrógrado do presidente Bolsonaro.
Além de ofender a Comissão da Verdade, duvidando de sua credibilidade, Jair Bolsonaro mexeu em sua estrutura.
Isso irá prejudicar seriamente os trabalhos da comissão que se destina a investigar os pontos sombrios da ditadura militar, inclusive os desaparecidos que teriam sido mortos pela repressão militar.
Entregar a Comissão da Verdade para quem é fã da ditadura militar é um acinte ao povo brasileiro e à democracia.
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