Sérgio Moro julga estar acima da lei.
Acha que não deve ser criticado e age para que prevaleça seus interesses em detrimento do interesse público.
Uma das notícias recentes é que o ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro quer agora que a Procuradoria-Geral da República investigue o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz.
Felipe, que foi ofendido por uma mentira histórica de Bolsonaro, que disse que não foi a ditadura que prendeu e matou o pai dele, Fernando Santa Cruz, é acusado por Moro de calúnia.
Tudo porque Felipe Santa Cruz, informado das revelações dos diálogos suspeitos entre Moro e Deltan Dallagnol no Telegram, chamou o ex-juiz da Operação Lava Jato de "chefe de quadrilha".
O mais irônico é que, dias atrás, o deputado psolista do RJ, Glauber Braga, foi bem mais ofensivo, na sabatina de Moro na Câmara dos Deputados, chamando-o de "juiz ladrão".
Moro, na ocasião, se limitou a fugir, aproveitando a confusão causada pela declaração do parlamentar.
Mas o ministro não moveu um processo contra Braga.
Agora, com uma declaração enérgica, porém menos escandalosa, Moro quer processar o presidente da OAB por tal adjetivo.
Mensagens entre Moro e Dallagnol acertando práticas ilícitas em nome da Operação Lava Jato, foram divulgadas pelo jornal The Intercept e mais material ainda vem por aí.
Segundo Glenn Greenwald, o material, fornecido por fonte anônima, é autêntico. Os detalhes dos diálogos demonstram ser difícil atribuir a eles alguma fraude.
E os planos de Moro e Dallagnol são arrepiantes, como demonstram a seletividade das investigações e o mercenarismo das palestras.
Em dado momento, poupam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de ser investigado pela Lava Jato.
Moro e Dallagnol nunca conseguiram disfarçar sua cumplicidade, mesmo na mídia hegemônica e nos tempos em que a OLJ expressava um pretenso heroísmo.
O público desinformado, aliás, via com naturalidade essa cumplicidade, ignorando que tal atitude é inadmissível, pois juiz e procurador não podem ser cúmplices.
Sérgio Moro demonstrava e tinha dificuldade de esconder que mandava nas tramoias suspeitas da Lava Jato.
Seu autoritarismo era tanto que, quando estava de férias, ao saber que um desembargador suplente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Rogério Favreto, autorizou a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula, Moro cancelou a folga.
Moro, que era juiz de primeira instância e, hierarquicamente, inferior a Favreto, mesmo assim ordenou que cancelasse o habeas corpus e mantivesse Lula preso.
Muita gente desconfia que a decisão de transferir Lula para o presídio de Tremembé (SP), colocando-o em risco de morte, partiu de Moro, a quem a juíza Carolina Lebbos demonstra servir.
Por outro lado, Moro, ao pedir investigação sobre o presidente da OAB, está mais uma vez dando tiro no seu pé.
A Lava Jato, ao comprar briga com o Supremo Tribunal Federal e a Ordem dos Advogados do Brasil, demonstra que, na verdade, está querendo provocar desordem no Brasil.
Isso porque essa briga toda tem como efeito a ameaça à ordem institucional.
A Lava Jato, com isso, atua contra a legalidade democrática e não contra a corrupção. Até porque Moro e Dallagnol resolveram, depois, faturar alto com a fama e o prestígio.
Se a Lava Jato é capaz de provocar o caos institucional, então ela não merece a menor credibilidade.
Ameaçando a OAB, Sérgio Moro na verdade aumenta ainda mais o seu desgaste e vê cada vez mais distante a chance dele continuar sendo visto como um "herói do Brasil", porque a desilusão de muitos de seus fãs (felizmente, nunca me inclui neles) só tende a aumentar.
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