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OPERAÇÃO LAVA JATO QUERIA DERRUBAR GILMAR MENDES


O escândalo da Vaza Jato apresentou novas revelações nos últimos dias.

Na parceria com a Folha de São Paulo, o jornal The Intercept revelou que o procurador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, queria investigar o ministro do Supremo Tribunal Federal, José Antônio Dias Toffoli, e sua mulher, Roberta Rangel, em supostos negócios envolvendo empreiteiras.

A decisão de Dallagnol, segundo a reportagem, se deu quando Toffoli parecia querer frear os avanços da Lava Jato.

Com isso, Dallagnol queria que fossem levantadas informações financeiras de Toffoli e sua esposa e que buscassem evidências de que os dois estavam ligados a empreiteiras envolvidas na corrupção da Petrobras.

A medida teria sido uma retaliação à adoção de medidas do STF que contrariam interesses da Operação Lava Jato.

Investigações desse porte são de competência da Procuradoria-Geral da República, não cabendo a procuradores de primeira-instância, que é o caso de Dallagnol, adotarem esse processo.

Dallagnol chegou a mandar uma mensagem, em 27 de julho de 016, para Eduardo Pelella, chefe de gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O procurador pediu a Pelella o acesso a fontes confidenciais, alegando poder contribuir com informações.

Pelella é casado com Débora Santos, que depois foi intermediária, através da XP Investimentos, do encontro de Dallagnol com banqueiros para uma palestra privada. Os banqueiros seriam os mesmos interessados pela aquisição de ações da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Trocando mensagens com outros procuradores no Telegram, Dallagnol consultou os colegas a respeito de sua intenção em investigar Toffoli.

O colega de Brasília, Sérgio Bruno Cabral Fernandes, pediu cautela, advertindo Dallagnol sobre sua obsessão.

O mesmo ocorreu quando Dallagnol quis investigar outro ministro do STF, Gilmar Mendes, que, sabemos, manifestou reservas com a Operação Lava Jato e tinha divergências com Sérgio Moro.

Deltan escreveu, no fórum Filhos de Januário 4 "Sonho que Toffoli e GM acabem fora do STF".

Dallagnol queria colaborar para o impeachment de Mendes, usando um boato envolvendo o operador financeiro do PSDB, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.

Dallagnol falava em rastrear o suposto envolvimento de Gilmar como beneficiário de contas e cartões que Paulo Preto mantinha na Suíça, material que já estava minuciosamente sendo analisado por investigadores no país europeu.

Roberson Pozzobom, o Robinho, veio com um comentário jocoso: "Vai que tem um para o Gilmar…hehehe".

Outro procurador, Athayde Ribeiro da Costa, respondeu a Robinho com animada ironia: "vc estara investigando ministro do supremo, robinho.. nao pode".

Mas Dallagnol, ao expressar sua intenção em atuar pelo impeachment de Gilmar Mendes, através da suposta denúncia envolvendo Paulo Preto, recebeu advertências dos colegas procuradores, num dos fóruns intitulados "Filhos de Januário", no Telegram.

O colega Paulo Galvão recomendou cautela, dizendo que o STF é corporativista. A outra procuradora, Laura Tessler, também pediu a Dallagnol tomar cuidado com o caso.

Detalhes dessa matéria, primeira parceria do Intercept com a filial brasileira do espanhol El País, podem ser lidos aqui.

O Ministério Público Federal mandou uma nota dizendo que não reconhece os diálogos dos procuradores publicados pelo Intercept e nega ter pensado em derrubar Mendes e Toffoli.

Em todo caso, Deltan Dallagnol está sofrendo um profundo desgaste. Mas só ele?

E Sérgio Moro, e os políticos conservadores beneficiados pela Operação Lava Jato?

Jair Bolsonaro se desgasta, mas continua em pé. Michel Temer voltou à privacidade, provavelmente se comportando como um turista de férias.

Dallagnol fez seus abusos, mas há o risco dele ser o "bode expiatório", o anel que passou a apertar o dedo da plutocracia.

E fala-se também da apatia generalizada dos brasileiros, para o bem e para o mal, tanto com esquerdas desorientadas quando da centro-direita naturalizando qualquer escândalo da plutocracia.

Não dá para tratar esse caos todo como uma coisa normal, e nem ficar reclamando só pelas costas.

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