O episódio das queimadas da Amazônia, que o presidente Jair Bolsonaro tentou a todo custo abafar, colocou o governo em situação agonizante.
O golpe político levado às últimas consequências, a naturalização dos erros, a conformação com os retrocessos, estão indo longe demais.
Já não se pode mais pensar em pragmatismos, porque chega um ponto em que, de básico em básico, se desce cada degrau da qualidade de vida, indo muito abaixo do realmente básico.
Esse papo, do brasileiro médio, de que "dá para viver com retrocessos" está perdendo o sentido.
A valentia das milícias digitais que humilhavam quem discordasse desses retrocessos, vendidos como pretensas novidades, se converteu em vergonha.
Os valentões da Internet, que chegavam a montar blogues "especializados" em difamar seus desafetos ou discordantes, viraram vidraça nas redes sociais.
"Pegadores" que ridicularizavam os chamados "encalhados" agora levam fora de mulheres uma atrás da outra e agora esses "garanhões" estão vivendo os dramas do "encalhe" que esnobavam dos outros.
Esses valentões elegeram o presidente de seus sonhos em outubro de 2018, e Jair Bolsonaro tornou-se o pesadelo do Brasil.
Bolsonaro falando e escrevendo bobagens e grosserias já era rotina, se bem que não mereciam serem encaradas como normais.
O Brasil virou uma "Terra do Quenunca", com as "caneladas" tratadas como se fossem um esporte olímpico.
Imaginava-se que Bolsonaro seria a "melhor" representação dos bordões "Quem nunca...?!" ou "gente como a gente".
Mas depois que Bolsonaro implicou com os dados dos desmatamentos da Amazônia, a ponto de influir na demissão do cientista Ricardo Galvão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a situação ficou preocupante.
E ainda Bolsonaro, desumano e escatológico, disse para os brasileiros alternarem a excreção de fezes para dia sim, dia não, sob a desculpa de "melhorar o meio-ambiente".
Esse incidente está preocupando principalmente os governantes do G-7 grupo dos países mais ricos do mundo.
A Corte Penal Internacional pode condenar Jair Bolsonaro por crime contra a humanidade ao consentir com ações de desmatamento ilegal da Amazônia brasileira.
Este fim de semana o G-7 fará uma reunião de emergência para discutir o problema.
E Bolsonaro não se desgasta sozinho.
Paralelamente aos escândalos do "mito", denúncias divulgadas pelo The Intercept mostram as falcatruas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e a turma toda da Operação Lava Jato.
Moro agora faz jus aos trocadilhos "desmoronar" e "desmoralizar".
Ele se desgasta tanto que as relações entre o ex-juiz e Jair Bolsonaro estão estremecidas, ainda mais no caso da substituição do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Ricardo Saadi.
Bolsonaro disse que manda na PF, embora ela fosse subordinada ao Ministério da Justiça.
O presidente, para complicar sua situação, em viagem recente ao Chile, se declarou seguidor do ditador Augusto Pinochet, que é odiado pelo povo daquele país.
Aliás, a imagem do ex-tecnocrata de Pinochet, o ministro da Economia Paulo Guedes, também está desgastada. Assim como Moro, Guedes não fez jus ao título de "superministro".
Mas ele nem liga para isso. Guedes não trabalha senão a favor do empresariado rentista e dos banqueiros.
Ele quer privatizar rápido as estatais, anunciando 17, inclusive os Correios, e prometendo agilizar a da Petrobras.
E quer também aprovar a reforma da Previdência para que, quando Guedes naufragar politicamente, ele possa fugir com o nosso dinheiro para depositar na conta de suas empresas em paraísos fiscais.
A situação está séria e o sonho golpista de 2016 provou não ser mais do que um grande pesadelo.
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