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A URBANIZAÇÃO LENTA DE NITERÓI, DIANTE DE SALVADOR

EM SALVADOR, AV. LUIZ EDUARDO MAGALHÃES, QUE ANTES LIGAVA A AV. SAN MARTIN À AV. PARALELA, EM SALVADOR, AMPLIOU SUA PISTA PARA O STIEP.

Niterói e Salvador têm alguns pontos em comum, e, claro, não cito o aspecto pessoal de eu ter vivido nas duas cidades.

As duas cidades haviam perdido seus status político-administrativos para o Rio de Janeiro, sendo Salvador a de capital do Brasil e Niterói, a de capital do Estado do Rio de Janeiro.

Salvador viveu um surto de provincianismo que durou de 1965 a 2009. Niterói ainda vive um surto de provincianismo iniciado em 1990.

Define-se como provincianismo a combinação entre decadência de serviços, coronelismo midiático, debilidade cultural, desinformação da população e conformismo social.

Salvador começou a superar esses tantos anos de provincianismo.

Não se diz que a capital baiana voltou a ser um paraíso de cosmopolitismo, mas sua recuperação ocorre de forma admirável.

O urbanismo começa a se acelerar de forma um tanto mais organizada, com abertura de avenidas, ampliação de serviços e um mercado variado e renovado de produtos de primeira necessidade.

Dizem que baiano é preguiçoso, mas a verdade é que o baiano descansa porque trabalhou na véspera.

Até mesmo necessidades como a integração do Stiep à Av. Luiz Eduardo Magalhães se realizou, tirando a região do Stiep / Costa Azul do relativo isolamento, da imagem de "porão da região da Pituba e do Iguatemi".

Até os shopping centers, "patinhos feios" na capital baiana pela antiga precaridade, se ampliaram e dão banho em muitos shoppings do Grande Rio antes tidos como os mais modernos.

A Av. Paralela, que liga a região do Aeroporto de Salvador ao Iguatemi, está com uma urbanização melhor que a da Av. das Américas, no Rio de Janeiro, com seu entorno, na Barra da Tijuca, mais parecendo o Iguatemi soteropolitano nos piores tempos, só que de forma ainda pior.

As opções de lazer aumentaram e o cenário cultural deu uma melhorada, com mais opções para cinema e teatro e, na música, com a quebra do monopólio da axé-music.

Em Niterói, porém, só agora começa a haver uma preocupação para superar o ranço de roça que a ex-capital fluminense adquiriu nos últimos 25 anos.

EM NITERÓI, PRECISANDO DE UMA AVENIDA PRÓPRIA DE LIGAÇÃO, O ENTORNO DE VÁRZEA DAS MOÇAS E DO RIO DO OURO SOFRE COM FALTA DE INFRAESTRUTURA.

Foi acertada a criação do túnel Cafubá-Charitas, tirando do semi-anonimato o bairro de Cafubá, modesta área da região de Piratininga.

A urbanização de São Francisco, Jurujuba e Charitas, de um lado, e de Piratininga e Cafubá, em outro, é questão de tempo, mas é uma certeza.

Outras mudanças, como a nova duplicação da Av. Marquês do Paraná e a demolição de casas para a construção de um novo shopping center na área, são bem vindas.

A Marquês do Paraná, onde fica o Hospital Universitário Antônio Pedro, já foi duplicada antes.

Tanto que era uma rua estreita e não tinha status de "avenida", mas de "rua".

A antiga Rua Marquês do Paraná foi duplicada nos anos 1970 e agora passará por nova ampliação, com mais uma faixa de trânsito.

O novo shopping, que só ficará pronto em 2020, cobrirá a área de antigos estabelecimentos comerciais e residenciais do final da Rua Dr. Celestino até antes de um ponto de ônibus defronte a um conjunto habitacional.

Outro acerto é a anunciada reconstrução do Mercado Municipal da Av. Feliciano Sodré, que será voltado para a gastronomia.

Mas faltam muitas coisas.

A Avenida Rio do Ouro-Várzea das Moças, com a transformação das ruas Senador Fernandes da Cunha (Rio do Ouro) e Jean Valenteau Mouliac em larga avenida, deveria ser uma prioridade.

Dentro da lógica da mobilidade urbana, a nova avenida seria um meio de desafogar a Rodovia RJ-106, que é uma ligação importante de Niterói para a Região dos Lagos.

A nova avenida irá impulsionar o crescimento dos dois bairros, que carecem de infra-estrutura e tem ruas sem pavimentação.

Além disso, não faz sentido o pessoal que vai de Niterói para Região dos Lagos enfrentar a "barreira móvel" dos veículos que vão do Rio do Ouro para Várzea das Moças.

Outra necessidade é o complexo de avenidas entre o Ponto Cem Réis, a Jansen de Mello e o Trevo de Viçoso Jardim.

Ela significaria uma boa demolição de casas, com indenização justa para seus ocupantes.

Representaria a demolição de uma fileira de casas na Rua Benjamin Constant, acompanhando a demolição de outras para duplicar a Rua Dr. Genserico Ribeiro.

Esse trecho ligaria a parte demolida de um trecho da Av. Jansen de Mello, na altura da Rio Decor, para uma nova avenida, com um túnel sob um morro e sob a Rua Vinte e Dois de Novembro, com acesso até o Trevo de Viçoso Jardim.

Seria um redesenho urbano danado. Mas iria, sobretudo, aliviar o trânsito da Rua Noronha Torrezão.

Há muito o que fazer em Niterói, que, como no Grande Rio, precisa também humanizar seu pessoal, difundindo campanhas para limitar o consumismo e promover a diversidade cultural.

O Grande Rio está desumano, tomado de ódio, conveniências sociais, excesso de pragmatismo, desinformação e conformismo excessivo.

Niterói acompanha isso e, no caso da vida amorosa, por exemplo, deveria acabar o monopólio de boates, estimulando a paquera ao ar livre e em locais como bibliotecas e supermercados.

Em Salvador, a transformação de um trecho da Av. Oceânica, entre o Farol da Barra e a rua Airosa Galvão, na Barra, em ponto de paquera, sinaliza essa necessidade.

Mas, em Niterói, se viu a besteira de transformar o Campo de São Bento numa lan house ao ar livre, e o que se viu foi o cenário patético de multidões bitoladas com seus celulares no WhatsApp.

Fiz um vídeo para criticar isso, trazendo a beleza do lugar para as mídias sociais.

Niterói até tentou ser culturalmente relevante, ainda no começo de seu surto provinciano nos anos 1990.

A atuação de Luiz Antônio Mello como secretário de cultura de Niterói deu uma boa arejada e aliviou a queda da cidade naqueles tempos de bregalização intensa trazida pela Era Collor.

Ela se compara à atuação do professor Jorge Portugal em cargo semelhante na prefeitura de Salvador, desmontando o monopólio da axé-music, que antes sufocava a cultura baiana e forçava o exílio de muita gente, de Pitty a Mariene de Castro.

Niterói precisa de uma boa sacudida, porque sua urbanização anda lenta, preguiçosa, acomodada.

Outros pontos precisam também ser reativados.

Cadê o plano inclinado que, há um século, ligava o entorno do Salesiano ao Mirante de Nossa Senhora Auxiliadora, antes importante ponto para visão panorâmica da cidade e hoje abandonado e inseguro?

E a velha ponte de Pendotiba, hoje um espaço inutilizado, antes um ponto de ligação da área da hoje Estrada da Garganta até Cachoeira?

E um antigo edifício que hoje está em ruínas, numa colina em Charitas?

E a urbanização do Morro do Estado, e na transformação de diversas favelas em bairros dignos?

Há muito o que fazer e espera-se que a coisa não fique no discurso ou em arremedos de ação.

Niterói fica muito aquém, de forma vergonhosa, ao status de elevado IDH que teve até os anos 1990, uma postura duvidosa, mas antes quase verossímil.

Talvez seja hora de ignorar esse status e pôr mãos à obra.

Salvador já começa a superar seu provincianismo e retoma o caminho da evolução social e urbana.

Hora de Niterói fazer o mesmo. Como dizem os soteropolitanos, "isso é para ontem".

Afinal, se baiano descansa na rede é porque deu duro na véspera.

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