Após o depoimento do advogado hispano-brasileiro Rodrigo Tacla Duran, a Operação Lava Jato disse a que veio.
A operação era duvidosa em muitos aspectos, mas a gota d'água se deu com a revelação, com documentação comprobatória, de que a Lava Jato exigia propina e fazia manobras irregulares com acordos de delação premiada.
A Lava Jato estaria relacionada a uma série de atos que ocorrem não só ao arrepio da lei, mas à afronta à ética e bom senso.
A condução coercitiva para depoimentos estratégicos, a cobrança de dinheiro, a indicação ilegal de procuradores a acusados sobre quem este pode ou não denunciar etc.
Tudo isso sem dar o direito de defesa ao acusado.
É certo que, por coincidência, alguns acusados de corrupção do meio político e empresarial mereciam ser punidos pelos seus crimes.
Mas não sob os critérios duvidosos da Lava Jato, que confundem vingança com Justiça.
A Operação Lava Jato impulsionou, como quem ascende um rastro de pólvora para provocar um incêndio, a catarse rancorosa de setores reacionários da sociedade brasileira.
Foi graças à Lava Jato que, por exemplo, tivemos uma Day McCarthy surgida do nada para humilhar e ofender a graciosa filha adotiva de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, a doce negra Titi.
Isso porque, como uma bola de neve, a Lava Jato estimulou todo um ódio aos políticos progressistas que se estendeu depois a tudo que se relaciona às classes populares.
A chamada "indústria da delação premiada" foi o foco do depoimento de Tacla Duran.
Muita coisa há de ser analisada e averiguada, mas fazem sentido as denúncias que ele fez sobre o dinheiro que o também advogado Carlos Zucolotto Jr. cobrava para ele nas delações premiadas.
Pior: como o preço que Tacla era intimado a pagar era muito alto, US$ 15 bilhões, Zucolotto pediu um pagamento "por fora" de R$ 5 milhões para abater o valor para um terço do original.
Como intermediador dos acordos, Zucolotto citou um tal de DD.
Suspeita-se que fosse Deltan Dallagnol, o homem que declarou, na cara dura e com um tosco esquema de Microsoft Power Point, que o ex-presidente Lula é o "comandante máximo da corrupção".
Dallagnol usou adjetivos impróprios para o jargão jurídico, como "general" e "maestro".
Tacla Duran disse não saber quem é o DD citado por Zucolotto na conversa gravada pelo Wickr, um aplicativo que apaga todos os arquivos de som e imagem do celular do remetente depois que forem enviados para um destinatário.
Tacla usou um print screen, programa de cópia de imagens da tela do computador, para gravar as fotos da conversa com Zucolotto.
Outros aspectos estranhos, como adulterações nas planilhas da Odebrecht, omissão de uma conta do casal de delatores João Santana e Mônica Moura, e honorários que Zucolotto havia pago para a mulher do juiz Sérgio Moro, Rosângela Moro, foram citados.
Tudo isso caiu como uma bomba nos bastidores da Operação Lava Jato.
A grande imprensa teve que abafar o caso, e os adeptos do midiático juiz Sérgio Moro tiveram que se mexer.
Ontem houve uma manifestação, entre 15 e 17 horas, em Curitiba, em frente ao prédio da Justiça Federal em Curitiba.
Foi, na verdade, uma "minifestação", com uma "multidinha" se reunindo para saudar Sérgio Moro e companhia.
Nada muito além de 500 pessoas. Uma sombra das manifestações tendenciosas dos "coxinhas" de 2015-2016.
Um carro de som estava conduzindo a reunião, fazendo apelos em defesa de Sérgio Moro e a Polícia Federal.
Algumas pessoas carregavam a bandeira do Brasil, outras vestiam camisetas da CBF.
Essa "multidinha" queria, de fato, reviver 2016.
Mas 2018 começou com a bombástica revelação de Tacla Duran sobre o lado sombrio da Operação Lava Jato.
O Brasil de 2016 pode se encerrar de vez no próximo ano. Mas Tacla Duran já cortou a faixa inaugural desse ano difícil que virá.
Será difícil para todos nós, mas pelo menos será mais complicado para o pessoal que tomou as rédeas do país em 2016.
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