O meecado de trabalho no Brasil é, salvo exceções, bastante mesquinho. Sabe o que não quer para o contrato de trabalho, mas quando se trata de pedir competências, a coisa se torna vexaminosa, vide a mediocridade dos patrões e dos recrutadores.
No contexto atual, os influenciadores digitais e os comediantes de estandape deitam e rolam diante de ofertas que envolvem Comunicação, como Assessoria, Jornalismo, Publicidade e a tal Analise de Mídias Sociais, mas dificilmente trazendo alguma diferença na atuação profissional nessas empresas.
Esses profissionais são contratados mediante as caraterísticas aparentes e imediatas. Possuem boa aparência e são contratados através de algum pistolão ou pela visibilidade e prestígio nos seus meios. No talento, se limitam a falar coisas triviais que dá pena falar que são produtores de conteúdo, mais parecendo reprodutoras, oferecendo o mais do mesmo que qualquer emissora de TV aberta mostraria já cerca de 25, 30 anos.
A supremacia dessas funções como critério em cargos de Comunicação, além da discriminação de currículos com dados “antigos”, como formação universitária de muitos anos atrás, faz deteriorar o mercado de trabalho que, visando o lucro fácil e imediato e uma estética atraente para a empresa, preferem contratar gente que, na forma, estão de acordo com os padrões sociais convencionalmente exigidos, mas no conteúdo são medíocres e bastante superficiais.
Essas pessoas só tem como diferencial a conversa animada para o cafezinho, a pausa para o café (coffee break, em inglês), quando os funcionários interagem jogando conversa fora. É aí que os funcionários com experiência como influenciadores ou comediantes entram em ação, contando piadas e produzindo risadas, garantindo o que o mercado chama de “espírito de equipe”.
As empresas nem precisam crescer. Nesse meio, existem até as chamadas “oficinas de ideias” que mudam de nome a cada temporada. Essas empresas não querem crescer, institucionalmente falando, para não expor e, por isso, aceitam contratar profissionais que fazem o “mais do mesmo”, o que é bom para os patrões, que serão dispensados a suportar funcionários melhores do que eles.
Mas isso traz muitos problemas, pois, além de deixar o mercado de Comunicação numa zona de conforto que só interessa aos emergentes viscondes da Faria Lima e de prejudicar quem realmente tem talento para trabalhar no setor, também compromete a criatividade e a renovação no setor.
E, num momento em que comediantes e influenciadores digitais, que eram quase divinos há dez anos, vivem uma crise de reputação, com vários escândalos envolvendo gente do setor, ficamos perguntando se nossos recrutadores ainda acreditarão na pegadinha do comediante com "45 anos de idade e 60 de experiência" que abocanha emprego modesto de Analista de Mídias Sociais só para ganhar a grana da pensão alimentícia, já que no fundo esse rapaz já é um empresário sócio de sua trupe de humor.
O mercado de trabalho deveria colocar o talento acima da boa aparência e do prestígio midiático, muitas vezes grandes ilusões. Se mantiverem os critérios que adotam para empregar gente, vão se estagnar contratando gente cheia de pose e artifícios, que sabem gesticular e falar em público mas são incapazes de fazer algo mais do que um trabalho intermitente seguindo fórmulas da empresa. O que hoje é visto como a receita do sucesso pode se tornar, em breve, a areia movediça a afundar muita empresa boa.
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