Ontem de manhã a Polícia Federal, sob ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, realizou a prisão preventiva o ex-presidente Jair Bolsonaro, que já cumpria prisão domiciliar. A medida não tem a ver com o plano de golpe de 2022, mas para garantir a ordem pública. Afinal, o filho de Jair, o senador pelo PL fluminense Flávio Bolsonaro, planejava uma vigília em frente à casa do pai.
A prisão também foi motivada pela denúncia de que Jaor teria violado a tornozeleira eletrônica tentando queimá-la com ferro de solda, e estava articulando um plano de fuga. Várias embaixadas estão localizadas perto de sua casa. Enquanto isso, bolsonaristas, patéticos, reagem com vitimismo e atribuem a prisão a uma "perseguição religiosa" (?!?!).
A vigília dos apoiadores do extremo-direitista foi entendida como um risco potencial de desordem, pois poderia gerar atos similares à revolta de Oito de Janeiro, com todos os danos materiais e talvez humanos possíveis. Por isso, Jair foi detido e está preso na sede da Polícia Federal em caráter preventivo.
Bolsonaro chegou ao poder através do apoio desesperado da elite do atraso, ainda insatisfeita com os retrocessos trazidos pela maligna atuação de Michel Temer como presidente da República. O pretexto era eleger o fascista para “experimentar”, apesar das advertências na época, que incluíram famosos estrangeiros, para ninguém eleger o nocivo ex-deputado.
O inverno golpista de 2016-2022 causou danos sérios, mas de 2023 para cá houve mudanças nas narrativas oficiais. Lulistas passaram a adotar um estranho silêncio em relação ao legado nefasto de Temer e só falam do legado de Bolsonaro. Daí o discurso dúbio de Lula em “rever” e não “revogar” a reforma trabalhista de Temer, que inclui medidas prejudiciais como a escala 6x1 do trabalho.
Bolsonaro foi apenas um operador do golpe de 2016. Sua figura política é, sem dúvida alguma, nefasta, maléfica e nociva. Como governante, é comprovadamente ruim, mas devemos nos lembrar que Jair foi apenas o garçom que serviu o cardápio preparado por Temer. Querer uma democracia sem romper com o legado de Temer é uma insanidade.
Com toda certeza Bolsonaro merece ser preso. Nem deveríamos ter deixado ele virar presidente da República, pois perdemos quatro bons anos que poderiam servir para resolver os problemas do Brasil. Nosso blogue tentou fazer uma modesta campanha para não eleger Bolsonaro presidente nem os seus filhos para outros cargos políticos. Até fizemos um trocadilho da expressão “vou mitar” com “vomitar”.
Mas devemos tomar cuidado com as coisas. Da forma como os lulistas se aliaram com a parte “boa” dos golpistas de 2016, ficou uma coisa dos cordeiros se aliarem às raposas para combater os lobos. Gente que lutou contra as pautas de Temer passou a passar pano nas mesmas ou deixar a revogação para depois.
Não se sabe quanto tempo Bolsonaro ficará preso, se vier a condenação definitiva. Mas espera-se que seja o fim de uma trajetória infeliz, que só se deve porque a elite do atraso permitiu que acontecesse e que empoderou um grupo que deveria ter sido inexpressivo no âmbito sociopolítico.
Hoje a elite do atraso se disfarça de “esquerda” para evitar pagar a conta do bolsonarismo. Daí seu empenho em criar uma narrativa asséptica na mídia e na blogosfera, banindo a repercussão do pensamento crítico para manter o jogo de interesses como está.
Jair Bolsonaro decai, assim como os filhos, com o destaque para o temperamental herdeiro Eduardo. Mas devemos lembrar que parte dos cabeças do golpe de 2016 estão com Lula sob o pretexto da “democracia” e toda cautela é necessária.
Daí o protagonismo artificial das esquerdas, motivado pelas brechas que a direita moderada lhes reservou. É por isso que Bolsonaro, agora, virou o “garoto da pedrada”, assim como seus aliados e parceiros diretos. Enquanto isso, o resto da gangue golpista fugiu em disparada.
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