Hoje é o dia dos 50 anos do surgimento da Rede Globo de Televisão, a partir da inauguração, no bairro carioca do Jardim Botânico, da TV Globo, primeira emissora e hoje cabeça-de-rede. Sua expansão começou já em 1966, com a compra da TV Paulista, que tinha como sua principal atração o Programa Sílvio Santos.
Ironicamente, o surgimento da TV Globo se deu através de João Goulart, mais tarde hostilizado pelas Organizações Globo, integrante da campanha Rede da Democracia, juntamente com os Diários Associados e o Sistema Jornal do Brasil, mas com o apoio dos grupos Folha, Abril e Estado, que com a parceria do "instituto" IPES, pediram o golpe militar de 1964.
Isso porque João Goulart, em 1957, era vice-presidente do Brasil no governo de Juscelino Kubitschek e ele estava em viagem quando o gaúcho assinou os documentos que abririam concessão à Rádio Globo do Rio de Janeiro para um canal de televisão.
A postura golpista da Rede Globo é famosa. A rede foi beneficiada e sustentada pela ditadura militar que estrangulou financeiramente a bem administrada TV Excelsior, Curiosamente, a Globo depois aproveitou algumas inovações técnicas da extinta emissora, cujo dono, Mário Wallace Simonsen, tinha também a Panair, igualmente extinta porque ele era amigo de Jango e Leonel Brizola.
Atualmente, a Globo segue uma tendência conservadora moderada, mas simpatizante com as diretrizes ideológicas do PSDB. A Globo age como um partido de oposição da forma que os partidos de oposição não podem agir com êxito, até pelo poder formador de opinião que a corporação televisiva tem.
Culturalmente, a Globo é associada à cosmética que fez com os ídolos neo-bregas dos anos 90 (Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires, Belo, Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, Daniel), que os fez brincarem de "ser MPB" usando dos mesmos elementos enjoativos que fizeram a MPB pasteurizada afastar-se do público juvenil e dos ouvintes mais exigentes.
Jornalisticamente, nem se fala. O Jornal Nacional praticamente é uma obra de ficção, já que suas notícias parecem vindas de um planeta de bolha de plástico, em muitos casos carregada de alto conservadorismo ideológico. Só não carrega tanto em reacionarismo quanto Veja, que na prática é um curso completo de como não fazer jornalismo, do qual JN é um bom aperitivo.
Mesmo programas de entretenimento, como Domingão do Faustão, Caldeirão do Huck e Zorra Total, mostram seu ideologismo conservador. em muitos casos comungando também com o conservadorismo político, simpatizante do PSDB.
E o outro lado? É claro que os protestos que hoje acontecem contra a Rede Globo são uma atração à parte, e que existem questionamentos não só consistentes e lúcidos, mas também divertidos, contra a emissora. Há um movimento organizado contra a emissora, mas no entanto deve-se tomar cuidado.
Afinal, há aproveitadores da causa, que se fingem de solidários e até exageram nos clamores de apoio, se bem que sabemos que se comportam feito papagaios em carnaval. Há muita gente reacionária que embarca nas causas progressistas para impressionar as pessoas.
Há os fascistoides de mídias sociais - como os valentões de comunidades tipo "Eu Odeio Acordar Cedo" do antigo Orkut - , cães de guarda do "estabelecido", que fingem odiar a Rede Globo, o FMI e o imperialismo mas deixam claro que devem a todos eles pelos benefícios consumistas e alienados que usufruem.
Há os intelectuais "bacanas", que defendem a música popularesca respaldada pela Globo, que recorreram aos "globais" Thiaguinho e Luan Santana para protestar contra o caso Procure Saber, mas que juram de pés juntos que "odeiam a grande mídia", e "repudiam energicamente" a Rede Globo.
Consta-se que esses "esquerdistas profissionais", se não são "de esquerda" para agradar esposas simpatizantes do PT ou colegas de trabalho ligados à CUT, são pagos por George Soros para brincar de "socialismo pra valer" e fazer todo o teatrinho "provocador" com seu quixotismo, querendo lutar contra os barões da mídia usando espadas de brinquedo.
Este é o perigo. Esse pessoal é que poderá favorecer o poderio da Globo, mesmo quando finge defender até a regulação da mídia. Portanto, na hora de protestar contra a "vênus platinada", veja quem está ao seu lado. Se depender do caso, ele pode apunhalar os manifestantes anti-Globo pelas costas, por mais que se passe por "aliado sincero".
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