CRIOLO E IVETE SANGALO FAZENDO BEICINHO PARA TIM MAIA.
No Brasil em crise, a música também não deixaria de expressar esse reflexo. Na verdade, vivemos uma crise generalizada de tudo, desde que valores oriundos do milagre brasileiro ou da Era Collor tentaram se prolongar às custas de uma blindagem que incluiu desde documentários e monografias acadêmicas de intelectuais "sérios" até o vandalismo digital de cyberbullies e trollers.
A Música Popular Brasileira passou a viver uma fase de erosão. O "universo paralelo" do brega-popularesco passou a invadir os redutos da MPB e veio uma multidão de jornalistas culturais, cientistas sociais e famosos em geral dando apoio para os bregas de uma maneira ou de outra, havendo um breguinha de "estimação" para cada famoso, jornalista ou acadêmico de plantão.
Aí o mainstream da MPB se acomodou a ponto de hoje mais haver homenagens, tributos e regravações do que novas músicas e novos artistas. Hoje o que se vê é a MPB revisitando seu repertório de tal forma que até seus melhores clássicos hoje soam cansativos e entediantes.
E a "má solução" de transformar os neo-bregas - "pagodeiros", "sertanejos" e afins que fizeram sucesso durante a Era Collor - em pretensos "gênios da MPB" não deu certo e, apesar da pretensão, seus "artistas" não tiveram fôlego para criar algo novo e relevante.
Os neo-bregas não conseguiram alcançar a alta reputação desejada. Não se consegue entrar no time da MPB vestindo roupas de gala, caprichando na iluminação do palco, interagindo com a plateia e gravando canções emepebistas alheias. A canastrice era de doer, e não adiantava dueto com Caetano, apoio de Nando Reis, trolagem de fãs, esforço de assessor de imprensa etc.
Mas, passada a blindagem dos neo-bregas - que agora têm que se contentar com os fãs e os redutos que sempre tiveram e vão brincar de "fazer MPB" nas decadentes boates de subúrbios - , a MPB também não melhorou e o que se vê é profissionalismo demais e arte de menos.
Sim, a MPB virou agora uma profissão. Vestir roupas de gala, ter músicos bem treinados e um esquema de iluminação impecável. De resto, canta-se sobretudo o que já foi feito. Tudo organizado e bem feito que até as resenhas dos cadernos culturais da imprensa são elogiosas, pois há todo um faz-de-conta que tudo é maravilhoso e admirável.
Mas falta espontaneidade. Não há aquela vibração própria que os bossanovistas viam, por exemplo, quando iam para os dois festivais, um de "samba moderno" em 1959 e outro, o primeiro "oficial" de Bossa Nova, ambos na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, em 1960.
Mesmo o ambiente de gala do festival bossanovista no Carnegie Hall, em 1962, era beneficiado por sua própria desorganização, que dava um clima de improviso e espontaneidade, com direito a situações engraçadas que poderiam comprometer o profissionalismo, de um lado, mas criavam uma naturalidade e uma espontaneidade juvenil, de outro.
Não que se possa criar um maniqueísmo entre profissionalismo e espontaneidade. Os dois podem estar juntos em perfeito equilíbrio e harmonia. Mas o que se nota na MPB é que há profissionalismo demais, criatividade de menos e uma certa dose de oportunismo.
Daí a turnê, patrocinada por uma marca de cosméticos, de "tributo" a Tim Maia, com Ivete Sangalo e Criolo, que mostram a banalização dessas "homenagens" à MPB, que na prática congelam e petrificam seus grandes nomes, a pretexto de cristalizá-las como preciosidade.
Ivete Sangalo é aquela cantora de axé-music que acha que pode ser tudo e estar em tudo na cultura brasileira. Se acha a "dona da MPB", e felizmente sua superexposição fez diminuir sua legião de fanáticos intolerantes. Já Criolo é um daqueles "emepebistas" de feiras de tecnologia dessas que recebem o dinheiro da Soros Open Society.
Ed Motta havia feito uma crítica severa, com muita razão, pela escolha dos dois cantores para a "homenagem" ao seu tio Tim. O músico até sugeriu que Cláudio Zoli deveria ser o escolhido, pela bagagem artística que este tem na soul music brasileira.
Infelizmente, a mania de "tributos", na medida em que banaliza as homenagens à MPB e paralizar novas expressões diante dessa mania estéril de limitar a MPB de qualidade à evocação do passado, faz com que oportunistas volta e meia vejam nisso a galinha dos ovos de ouro. Vide Chitãozinho & Xororó gravando Tom Jobim.
E isso não representa uma renovação da música brasileira. Pelo contrário, a banalização de homenagens e a canastrice verificada em casos oportunistas, impede que novos artistas e novas músicas apareçam trazendo força nova para nossa cultura musical. E não adianta usar o playlist de FMs popularescas para usar como "renovação", porque tudo aquilo é lixo e canastrice.
No Brasil em crise, a música também não deixaria de expressar esse reflexo. Na verdade, vivemos uma crise generalizada de tudo, desde que valores oriundos do milagre brasileiro ou da Era Collor tentaram se prolongar às custas de uma blindagem que incluiu desde documentários e monografias acadêmicas de intelectuais "sérios" até o vandalismo digital de cyberbullies e trollers.
A Música Popular Brasileira passou a viver uma fase de erosão. O "universo paralelo" do brega-popularesco passou a invadir os redutos da MPB e veio uma multidão de jornalistas culturais, cientistas sociais e famosos em geral dando apoio para os bregas de uma maneira ou de outra, havendo um breguinha de "estimação" para cada famoso, jornalista ou acadêmico de plantão.
Aí o mainstream da MPB se acomodou a ponto de hoje mais haver homenagens, tributos e regravações do que novas músicas e novos artistas. Hoje o que se vê é a MPB revisitando seu repertório de tal forma que até seus melhores clássicos hoje soam cansativos e entediantes.
E a "má solução" de transformar os neo-bregas - "pagodeiros", "sertanejos" e afins que fizeram sucesso durante a Era Collor - em pretensos "gênios da MPB" não deu certo e, apesar da pretensão, seus "artistas" não tiveram fôlego para criar algo novo e relevante.
Os neo-bregas não conseguiram alcançar a alta reputação desejada. Não se consegue entrar no time da MPB vestindo roupas de gala, caprichando na iluminação do palco, interagindo com a plateia e gravando canções emepebistas alheias. A canastrice era de doer, e não adiantava dueto com Caetano, apoio de Nando Reis, trolagem de fãs, esforço de assessor de imprensa etc.
Mas, passada a blindagem dos neo-bregas - que agora têm que se contentar com os fãs e os redutos que sempre tiveram e vão brincar de "fazer MPB" nas decadentes boates de subúrbios - , a MPB também não melhorou e o que se vê é profissionalismo demais e arte de menos.
Sim, a MPB virou agora uma profissão. Vestir roupas de gala, ter músicos bem treinados e um esquema de iluminação impecável. De resto, canta-se sobretudo o que já foi feito. Tudo organizado e bem feito que até as resenhas dos cadernos culturais da imprensa são elogiosas, pois há todo um faz-de-conta que tudo é maravilhoso e admirável.
Mas falta espontaneidade. Não há aquela vibração própria que os bossanovistas viam, por exemplo, quando iam para os dois festivais, um de "samba moderno" em 1959 e outro, o primeiro "oficial" de Bossa Nova, ambos na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, em 1960.
Mesmo o ambiente de gala do festival bossanovista no Carnegie Hall, em 1962, era beneficiado por sua própria desorganização, que dava um clima de improviso e espontaneidade, com direito a situações engraçadas que poderiam comprometer o profissionalismo, de um lado, mas criavam uma naturalidade e uma espontaneidade juvenil, de outro.
Não que se possa criar um maniqueísmo entre profissionalismo e espontaneidade. Os dois podem estar juntos em perfeito equilíbrio e harmonia. Mas o que se nota na MPB é que há profissionalismo demais, criatividade de menos e uma certa dose de oportunismo.
Daí a turnê, patrocinada por uma marca de cosméticos, de "tributo" a Tim Maia, com Ivete Sangalo e Criolo, que mostram a banalização dessas "homenagens" à MPB, que na prática congelam e petrificam seus grandes nomes, a pretexto de cristalizá-las como preciosidade.
Ivete Sangalo é aquela cantora de axé-music que acha que pode ser tudo e estar em tudo na cultura brasileira. Se acha a "dona da MPB", e felizmente sua superexposição fez diminuir sua legião de fanáticos intolerantes. Já Criolo é um daqueles "emepebistas" de feiras de tecnologia dessas que recebem o dinheiro da Soros Open Society.
Ed Motta havia feito uma crítica severa, com muita razão, pela escolha dos dois cantores para a "homenagem" ao seu tio Tim. O músico até sugeriu que Cláudio Zoli deveria ser o escolhido, pela bagagem artística que este tem na soul music brasileira.
Infelizmente, a mania de "tributos", na medida em que banaliza as homenagens à MPB e paralizar novas expressões diante dessa mania estéril de limitar a MPB de qualidade à evocação do passado, faz com que oportunistas volta e meia vejam nisso a galinha dos ovos de ouro. Vide Chitãozinho & Xororó gravando Tom Jobim.
E isso não representa uma renovação da música brasileira. Pelo contrário, a banalização de homenagens e a canastrice verificada em casos oportunistas, impede que novos artistas e novas músicas apareçam trazendo força nova para nossa cultura musical. E não adianta usar o playlist de FMs popularescas para usar como "renovação", porque tudo aquilo é lixo e canastrice.
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