Pular para o conteúdo principal

DIA DOS SOLTEIROS E O DRAMA DE QUEM É SOLTEIRO NO BRASIL


Hoje, Dia do Solteiro, é, como em muitas efemérides, um dia de reflexão.

Afinal, o solteiro é bastante humilhado pela mídia hegemônica e pelos valentões nas redes sociais.

Entre os homens, a humilhação é efeito da tese machista de que o homem tem que ser um "pegador".

Pouco importa o interesse amoroso, o que importa é o "sexo selvagem".

Se o homem não quiser, leva chacota dos demais machos.

Há até um adjetivo pejorativo para homens que ficam solteiros durante muito tempo: "virgem".

O mais engraçado é que os valentões que fazem tais humilhações se esquecem de uma coisa.

Essas humilhações são feitas muitas vezes como desabafo de rapazes que não conseguiram azarar uma mulher na noitada anterior.

O "garanhão da noite" brochou no ato sexual e quer descontar sua frustração no coitado que está há um longo tempo na solteirice, sem uma paquera sequer.

Só que o "pegador" que "falhou" cometeu uma gafe muito maior do que o "encalhado" que ele humilha no dia seguinte. O valentão pode ganhar má fama entre as mulheres.

Outro problema é que nenhuma mulher gosta de homem que fica zoando da solteirice dos outros. Acha que homem que age assim gosta de perder tempo à toa. Pior para os valentões.

Sem falar dos homens que, por uma coisinha de nada, terminam casamentos e namoros e experimentam a vida de "encalhados" que eles tanto esculhambaram dos outros.

Em muitos casos, o "encalhado" fica muito tempo solteiro porque trabalha ou estuda, enquanto o zoador fica vadiando na Internet preocupado em ofender os outros.

Neste caso, a vida de solteiro não afeta tanto os homens quanto a de solteira afeta as mulheres.

Aí entra a mídia hegemônica, que tenta depreciar a imagem da mulher solteira no Brasil.

A grande mídia quer reduzir a solteira a uma vadia que só quer saber de erotismo, curtição e cuidados com o corpo.

Não que a mulher não possa se divertir ou se sensualizar, mas a ideia da mídia, sobretudo a dita "popular", é que isso seja visto como um fim em si mesmo, uma obsessão.

Além do mais, a mídia venal já despejou uma série de musas siliconadas e hipersexualizadas.

Nem as esquerdas entenderam a armadilha e pensaram que era um tipo popular de feminismo.

Caíram no falso maniqueísmo da mulher escrava do lar que era apenas um dos papéis que a mulher desempenhava sob o machismo.

E aí surgiam situações surreais.

Uma era a da mulher que "sensualizava demais" porque era "dona de seu corpo" mas ostentava suas formas "turbinadas" nas mídias sociais... frequentadas por homens, por sinal bem afoitos.

Era a imagem da mulher-objeto tentando pegar carona em alegações falsamente feministas.

Complementando tudo isso, tem o estereótipo bastante confuso da mulher solteira, difundido por uma série de musas siliconadas.

Ultimamente, apenas uma funqueira tida como "militante feminista" trabalha essa imagem, que mal consegue esconder motivações comerciais, como lotar palcos, vender revistas ou "lacrar" a Internet.

É sempre um texto batido, o mesmo texto falado e repetido desde os tempos do É O Tchan.

Com a definição, um tanto tendenciosa, de "solteiríssima", a "musa" da ocasião difunde sempre os mesmos argumentos.

Num dia, é "solteira e feliz", "solteira convicta" ou "casada com o trabalho".

Noutro dia, é a "carente" que está à procura de um "príncipe encantado".

Noutro mais adiante, reclama que os homens "têm medo dela" e por isso "fogem".

Às vezes, fica dizendo que "os homens não prestam". Em outras, diz que está aberta para "homens comuns".

Entre declarações tão confusas e contraditórias, muito rebolado, muitas poses apelativas e uns litros de silicone. Ultimamente, umas tatuagens no corpo são acrescentadas.

E há o piercing no umbigo, em boa parte dos casos.

Com isso, a imagem da mulher solteira é depreciada em diversos sentidos.

No comportamento, porque associa a imagem da solteira como uma vagabunda preocupada com seu erotismo e com o hedonismo compulsivo das noitadas.

No visual, ele é uma forma de expressar não só racismo, mas discriminação social de toda espécie.

A mulher siliconada de glúteos enormes é uma metralhadora giratória contra negras, índias, curvies, e até para mulheres fora do padrão estético.

A mulher siliconada deprecia, na prática, uma boa parte das mulheres das classes populares, inferiorizadas diante desse espetáculo de erotismo grosseiro.

A mulher siliconada, em contrapartida, vira o "modelo de sucesso" para muitas moças pobres, uma falácia que nem de longe traz a dignidade que estas moças precisam.

As esquerdas, durante muito tempo, viam as siliconadas como um suposto feminismo popular, apenas pelo simples fato destas mulheres não estarem vinculadas a um marido ou namorado.

Esquecem os esquerdistas que apostaram nas siliconadas que estas eram apoiadas por barões da mídia, dirigentes esportivos, contraventores e um who is who das elites machistas rurais e suburbanas.

Houve "mulher-fruta" do "funk" apoiando a Operação Lava Jato, comprovando que as siliconadas "coxinhas" não se resumem a Ju Isen e Veridiana Freitas.

O triste espetáculo das siliconadas causa tanto horror às mulheres realmente emancipadas que elas acabam correndo para o primeiro marido poderoso que encontram pela frente.

Acabam se casando à força, envergonhadas com o estigma da solteira como uma "vagaba noctívaga".

É certo que existem solteiras de todo tipo no Brasil.

Mas, no jargão da mídia hegemônica, solteira não pode ler livros, nem se vestir discretamente conforme a situação, nem falar de assuntos que não sejam sexo e cuidados com o corpo.

E é essa imagem constrangedora que empurra muita solteira em potencial para se juntar com o primeiro engravatado que vê com frequência num mesmo restaurante.

É, portanto, uma grande armadilha da mídia venal e da sociedade machista, que poucos conseguem ver e analisar com coragem.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

A PRISÃO DE MC POZE E O VELHO VITIMISMO DO “FUNK”

A prisão do funqueiro e um dos precursores do trap brasileiro, o carioca MC Poze do Rodo, na madrugada de ontem no Rio de Janeiro, reativou mais uma vez o discurso vitimista que o “funk” utiliza para se promover. O funqueiro, cujo nome de batismo é Marlon Brandon Coelho Couto Silva, e que já deixou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes para ir a um presídio no bairro carioca de Benfica, tem entre o público da Geração Z e das esquerdas identitárias a reputação que Renato Russo teve entre o público de rock dos anos 1980, embora o MC não tenha 0,000001% do talento, pois se envolve em um ritmo marcado pela mais profunda precarização artístico-cultural. No entanto, MC Poze do Rodo foi detido por acusações de apologia ao crime organizado, ao porte ilegal de armas e à violência. Em várias vezes, Poze aparecia com armas nas fotos das redes sociais, o que poderia sugerir um funqueiro bolsonarista em potencial. A polícia do Rio de Janeiro enviou o seguinte comunicado:: “De acordo com as inves...

O ATRASO CULTURAL OCULTO DA GERAÇÃO Z

Fico pasmo quando leio pessoas passando pano no culturalismo pós-1989, em maioria confuso e extremamente pragmático, como se alguém pudesse ver uma espessa cabeleira em uma casca de um ovo. Não me considero careta e, apesar dos meus 54 anos de idade, prefiro ir a um Lollapalooza do que a um baile de gala. Tenho uma bagagem cultural maior do que mimha idade sugere, pelas visões de mundo que tenho, até parece que sou um cidadão mediano de 66 anos. Mas minha jovialidade, por incrível que pareça, está mais para um rapazinho de 26 anos. Dito isso, me preocupa a existência de ídolos musicais confusos, que atiram para todos os lados, entre um roquinho mais pop e um som dançante mais eroticamente provocativo, e no meio do caminho entre guitarras elétricas e sintetizadores, há momentos pretensamente acústicos. Nem preciso dizer nomes, mas a atual cena pop é confusa, pois é feita por uma geração que ouviu ao mesmo tempo Madonna e AC/DC, Britney Spears e Nirvana, Backstreet Boys e Soundgarden. Da...

LÉO LINS E A DECADÊNCIA DE HUMORISTAS E INFLUENCIADORES

LÉO LINS, CONDENADO A OITO ANOS DE PRISÃO E MULTA DE MAIS DE R$ 300 MIL POR CONTA DE PIADAS OFENSIVAS. Na semana passada, a Justiça Federal, através da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenou o humorista Léo Lins a oito anos de prisão, três deles em regime inicialmente fechado, e multa no valor de R$ 306 mil por fazer piadas ofensivas contra grupos minoritários.  Só para sentir a gravidade do caso, uma das piadas sugere uma sutil apologia ao feminicídio: "Feminista boa é feminista calada. Ou morta". Em outra piada machista, Léo disse: "Às vezes, a mulher só entende no tapa. E se não entender, é porque apanhou pouco". Léo também fez piadas agredindo negros, a comunidade LGBTQIA+, pessoas com HIV, indígenas, evangélicos, pessoas com deficiência, obesos e nordestinos, entre outros. O vídeo que inspirou a elaboração da sentença foi o espetáculo Perturbador, um vídeo gravado em 2022 no qual Léo faz uma série de comentários ofensivos. Os defensores de Léo dizem qu...

ELITE DO BOM ATRASO PIROU NAS REDES SOCIAIS

A BURGUESIA DE CHINELOS NÃO QUER OUTRO CANDIDATO EM 2026. SÓ QUER LULA. A elite do bom atraso, a “frente ampla” social que vai do “pobre de novela” - tipo que explicaremos em outra postagem - ao famoso muito rico, mas que inclui também a pequena burguesia e a parcela “legal” da alta burguesia, enlouqueceu nas redes sociais, exaltando o medíocre governo Lula e somente desejando ele para a Presidência da República na próxima eleição. Preso a estereótipos que deixaram de fazer sentido na realidade, como governar para os pobres e deixar a classe média abastada em segundo plano, Lula na prática expressa um peleguismo que é facilmente reconhecido por proletários, camponeses, sem-teto e servidores públicos, que veem o quanto o presidente “quer, mas não quer muito” trabalhar para o bem-estar dos brasileiros. Lula tem como o maior de seus inúmeros erros o de tratar a reconstrução do Brasil como se fosse uma festa. Esse problema, é claro, não é percebido pela delirante elite do bom atraso que, h...

GOVERNO LULA AGRAVA SUA CRISE

INDICADO POR LULA PARA O BANCO CENTRAL, GABRIEL GALÍPOLO PREFERIU MANTER OS JUROS ALTOS "POR MUITO TEMPO". Enquanto o governo Lula limita gastos mensais com universidades federais, a farra das ONGs nas ditas “emendas parlamentares” é de R$ 274 milhões. Na viagem para a China, Lula é acusado de gastar café com valor equivalente a R$ 56 e de conprar um terno no valor equivalente a R$ 850. Quanto às universidades públicas, a renomada Academia Brasileira de Ciências acusa o governo Lula de desmontar as instituições de ensino superior público através desses cortes financeiros. Lulistas blindam Janja quando ela quebrou o protocolo da conversa entre o marido e o presidente chinês Xi Jinping, para falar de sua preocupação com o Tik Tok. Em compensação, Lula não cumpriu a promessa de implantar o Plano Nacional de Transição Energética, que iria tirar o Brasil da dependência de combustível fóssil. Mas o presidente ainda quer devastar a Amazônia Equatorial para extrair mais petróleo. Lul...

QUANDO A CAPRICHO QUER PARECER A ROCK BRIGADE

Até se admite que o departamento de Jornalismo das rádios comerciais ditas “de rock” é esforçado e tenta mostrar serviço. Mas nem de longe isso pode representar um diferencial para as tais “rádios rock”, por mais que haja alguma competência no trabalho de seus repórteres. A gente vê o contraste que existe nessas rádios. Na programação diária, que ocupa a manhã, a tarde e o começo da noite, elas operam como rádios pop convencionais, por mais que a vinheta estilo “voz de sapo” tente coaxar a palavra “rock”. O repertório é hit-parade, com medalhões ou nomes comerciais, e nem de longe oferecem o básico para o público iniciante de rock. Para piorar, tem aquele papo furado de que as “rádios rock” não tocam só os “clássicos”, mas também as “novidades”. Papo puramente imbecil. É aquela coisa da padaria dizer que não vende somente salgados, mas também os doces. Que diferença isso faz? O endeusamento, ou mesmo as passagens de pano, da imprensa especializada às rádios comerciais “de rock” se deve...

A ILUSÃO DE QUERER PARECER O “MAIS LEGAL DO PLANETA”

Um dos legados do Brasil de Lula 3.0 está na felicidade tóxica de uma parcela de privilegiados. A obsessão de uns poucos bem-nascidos em parecer “gente legal”, em atrair apoio social, os faz até manipular a carteirada para cima e para baixo, entre um sentimento de orgulho aqui e uma falsa modéstia ali, sempre procurando mascarar a hipocrisia que não consegue se ocultar nas mentes dessas pessoas. Com a patrulha dos negacionistas factuais, “isentões” designados para promover o boicote ao pensamento crítico nas redes sociais, a “boa” sociedade que é a elite do bom atraso precisa parecer, aos olhos dos outros, as mais positivas possíveis, daí o esforço desesperado para criar um ambiente de conformidade e até de conformismo, sobretudo pela perigosa ilusão de acreditar que o futuro do Brasil será conduzido por um idoso de 80 anos. Quando ouvimos falar de períodos de supostas regeneração e glorificação do “povo brasileiro”, nos animamos no primeiro momento, achando que agora o Brasil será a n...

APOIO DAS ESQUERDAS AO "FUNK" ABRIU CAMINHO PARA O GOLPE DE 2016

MC POZE DO RODO, COM SEU CARRO LAMBORGHINI AVALIADO EM TRÊS MILHÕES DE REAIS. A choradeira das esquerdas médias diante da prisão de MC Poze do Rodo tenta reviver um hábito contraído há 20 anos, quando o esquerdismo passou a endossar o discurso fabricado pela Rede Globo e pela Folha de São Paulo para "socializar" o "funk", um dos ritmos do comercialismo brega-popularesco que passou a blindar por uma elite de intelectuais sob inspiração do antigo IPES-IBAD, só que sob uma retórica "pós-tropicalista". A revolta contra a prisão do funqueiro e alegações clichês como "criminalização da cultura" e "realidade da favela" feita por parlamentares e jornalistas da mídia esquerdista se tornam bastante vergonhosas e, em muitos casos, descontextualizada com a real preocupação com as classes pobres da vida real, que em nenhum momento são representadas ou se identificam com o "funk" ou o trap. O "funk" e o trap apenas falam sobre o ...