MANIFESTAÇÃO DE EXTREMA-DIREITA EM CHARLOTTESVILLE, VIRGÍNIA, EUA - CATÁSTROFE SOCIAL VINDA DE UMA CIDADE DO INTERIOR ESTADUNIDENSE.
Já aconteceram catástrofes sociais e políticas pelo mundo, incluindo o nosso Brasil.
Atos terroristas na França e na Grã-Bretanha, incluindo um atentado no final da apresentação do ídolo teen, a cantora Ariana Grande.
Os retrocessos sociais do Brasil, embora "pacíficos" e "legais", como as reformas do governo Michel Temer e o congelamento de verbas públicas, também significam uma sutil "limpeza social".
Matam trabalhadores e desempregados pela fome, pela sobrecarga no trabalho, pelo sucateamento de hospitais.
Isso fora os excessos nos assédios morais do trabalho ou nos abusos da violência policial nas comunidades populares, rurais e suburbanas.
Mas nada se compara à manifestação ocorrida nos últimos dias numa cidade do interior estadunidense.
É em Charlottesville, no Estado da Virgínia, no Sudeste dos EUA. A Virgínia é considerado um dos Estados mais conservadores dos Estados Unidos da América.
O Estado da Virgínia é majoritariamente habitado por brancos não-hispânicos, considerados "puros".
A proporção é de 64,8% de brancos não-hispânicos, 19,4% de afro-americanos, 7,9% de hispânicos, 5,5% de asiáticos, 0,4% de ameríndios, 2,9% de duas ou mais raças (os chamados "mestiços").
A importância do Estado da Virgínia, área da primeira região americana colonizada por britânicos e que foi uma das Treze Colônias a se rebelar contra o domínio da Grã-Bretanha, é notório.
Atualmente a Virgínia é o maior e mais rico Estado correspondente a estas antigas colônias.
As colônias se rebelaram durante a Guerra da Independência dos EUA, entre 1775 e 1783.
Nesse período se insere o dia 04 de julho de 1776, quando o Congresso Continental, aprovou o projeto de independência dos EUA do Império Britânico, concebido por Thomas Jefferson, mais tarde um dos presidentes da nação.
Ironicamente, Jefferson faleceu exatos 50 anos depois de aprovado o documento.
O documento foi conhecido como Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, um marco humanista na formação da maior nação do continente americano.
Jefferson, curiosamente, chegou a receber um grupo de estudantes de Minas Gerais para consultá-lo sobre as chances do Brasil conquistar sua independência.
Voltando à Virgínia, o Estado também participou da Guerra da Secessão, entre 1861 e 1865.
A Guerra da Secessão foi uma guerra civil cujo motivo era a escravidão, defendida pelos Estados do Sul, que reagiam à expansão do mercado escravo em territórios sob a jurisdição dos EUA.
Nesse período, tanto os presidentes James Buchanan, democrata, e seu sucessor Abraham Lincoln, republicano, rejeitaram a secessão dos Estados do Sul, que formaram os Estados Confederados da América.
A violenta guerra ocorreu, com mais de 600 mil soldados mortos, destruíram a infraestrutura dos Estados sulistas e fizeram vencer a causa dos EUA em detrimento dos Confederados, que tiveram que aceitar o fim do trabalho escravo.
ESTÁTUA DE ROBERT E. LEE, UM DOS LÍDERES DOS "CONFEDERADOS" DURANTE A GUERRA DA SECESSÃO.
A derrota se deu quando o principal líder da força confederada, Robert E. Lee, se rendeu em Appomattox, outra cidade da Virgínia.
É aí que entra o episódio dramático de hoje.
Há tempos o prefeito de Charlottesville, o advogado e democrata Mike Signer, decidiu retirar a estátua de Robert E. Lee, que, apesar de derrotado, é considerado um "herói" pelos ultraconservadores locais.
Robert E. Lee é considerado um símbolo de resistência dos defensores do trabalho escravo, que na Virgínia são bem mais explícitos do que os fazendeiros e empresários que, no Brasil, fazem uma defesa dissimulada da triste causa através da reforma trabalhista.
Isso revoltou a população de maioria branca, que realizou protestos apostando no vitimismo e no ódio.
"Não vamos ser substituídos", falaram os extremo-direitistas, que disparam mensagens rancorosas contra negros, homossexuais, judeus e imigrantes.
As manifestações dos últimos dias não foram as primeiras.
Em maio passado, os extremo-direitistas, chamados "supremacistas", realizaram passeatas semelhantes, caminhando à noite, segurando tochas.
O prefeito Signer comparou os protestos aos piores dias da Klu Klux Klan, entidade fascista atuante nos EUA.
A Klu Klux Klan também se notabilizou pelo nome demagógico de seu jornal, "The Good Citizen" ("O Cidadão do Bem").
Sua sigla, embora seja coincidência, lembra a resposta que internautas reacionários nas redes sociais dão quando são assim denunciados: "KKK".
O protesto dos últimos dias foi enfrentado por um grupo de negros e manifestantes antirracismo, que chegaram a formar uma parede humana no campus da Universidade da Virgínia.
Houve confronto entre os dois lados.
Na manifestação recente, que exibiu bandeiras nazistas (um entrevistado chegou a se assumir nazista), um supremacista que dirigia um carro atropelou manifestantes antirracistas, ferindo 33 pessoas e matando uma.
O motorista supremacista foi preso, segundo informação da Associated Press.
Mike Signer decretou estado de emergência em Charlottesville, solicitando ajuda federal para combater a violência na cidade.
O episódio é um alerta, sobretudo, para o Brasil.
Há poucos dias, um refugiado sírio que vendia esfihas nas ruas de Copacabana, cujo nome homenageia o nome muçulmano do falecido lutador Cassius Clay (Muhamad Ali), foi hostilizado por outros ambulantes, que ordenaram para ele "sair do país".
O sírio recebeu a solidariedade de alguns cariocas, mas outros realizaram manifestação contrária, expressando islamofobia.
Nas mídias sociais, boa parte dos internautas brasileiros apoiaram a manifestação em Charlottesville.
Evocavam, sobretudo, a figura do "herói brasileiro" deles, Jair Bolsonaro.
Isso é muito sombrio. E, por uma simples gíria, a hipermidiática "balada", já pude prever o caráter fascista de uns jovens reacionários, então "alojados" na comunidade "Eu Odeio Acordar Cedo" no Orkut.
Pessoas que fazem ataques em série contra quem discorda dos pontos de vista deles.
Naquela época, 2007, não se imaginava que os jovens brasileiros seriam em boa parte reacionários.
Hoje o reacionarismo juvenil é uma grande ameaça à humanidade, pois a catarse dos jovens, aliada a valores obscurantistas e o impulso dos instintos, representam um grave perigo social.
E pensar que muita gente ainda duvida dos dias sombrios em que vivemos, se comportando como crianças no paraíso...
Já aconteceram catástrofes sociais e políticas pelo mundo, incluindo o nosso Brasil.
Atos terroristas na França e na Grã-Bretanha, incluindo um atentado no final da apresentação do ídolo teen, a cantora Ariana Grande.
Os retrocessos sociais do Brasil, embora "pacíficos" e "legais", como as reformas do governo Michel Temer e o congelamento de verbas públicas, também significam uma sutil "limpeza social".
Matam trabalhadores e desempregados pela fome, pela sobrecarga no trabalho, pelo sucateamento de hospitais.
Isso fora os excessos nos assédios morais do trabalho ou nos abusos da violência policial nas comunidades populares, rurais e suburbanas.
Mas nada se compara à manifestação ocorrida nos últimos dias numa cidade do interior estadunidense.
É em Charlottesville, no Estado da Virgínia, no Sudeste dos EUA. A Virgínia é considerado um dos Estados mais conservadores dos Estados Unidos da América.
O Estado da Virgínia é majoritariamente habitado por brancos não-hispânicos, considerados "puros".
A proporção é de 64,8% de brancos não-hispânicos, 19,4% de afro-americanos, 7,9% de hispânicos, 5,5% de asiáticos, 0,4% de ameríndios, 2,9% de duas ou mais raças (os chamados "mestiços").
A importância do Estado da Virgínia, área da primeira região americana colonizada por britânicos e que foi uma das Treze Colônias a se rebelar contra o domínio da Grã-Bretanha, é notório.
Atualmente a Virgínia é o maior e mais rico Estado correspondente a estas antigas colônias.
As colônias se rebelaram durante a Guerra da Independência dos EUA, entre 1775 e 1783.
Nesse período se insere o dia 04 de julho de 1776, quando o Congresso Continental, aprovou o projeto de independência dos EUA do Império Britânico, concebido por Thomas Jefferson, mais tarde um dos presidentes da nação.
Ironicamente, Jefferson faleceu exatos 50 anos depois de aprovado o documento.
O documento foi conhecido como Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, um marco humanista na formação da maior nação do continente americano.
Jefferson, curiosamente, chegou a receber um grupo de estudantes de Minas Gerais para consultá-lo sobre as chances do Brasil conquistar sua independência.
Voltando à Virgínia, o Estado também participou da Guerra da Secessão, entre 1861 e 1865.
A Guerra da Secessão foi uma guerra civil cujo motivo era a escravidão, defendida pelos Estados do Sul, que reagiam à expansão do mercado escravo em territórios sob a jurisdição dos EUA.
Nesse período, tanto os presidentes James Buchanan, democrata, e seu sucessor Abraham Lincoln, republicano, rejeitaram a secessão dos Estados do Sul, que formaram os Estados Confederados da América.
A violenta guerra ocorreu, com mais de 600 mil soldados mortos, destruíram a infraestrutura dos Estados sulistas e fizeram vencer a causa dos EUA em detrimento dos Confederados, que tiveram que aceitar o fim do trabalho escravo.
ESTÁTUA DE ROBERT E. LEE, UM DOS LÍDERES DOS "CONFEDERADOS" DURANTE A GUERRA DA SECESSÃO.
A derrota se deu quando o principal líder da força confederada, Robert E. Lee, se rendeu em Appomattox, outra cidade da Virgínia.
É aí que entra o episódio dramático de hoje.
Há tempos o prefeito de Charlottesville, o advogado e democrata Mike Signer, decidiu retirar a estátua de Robert E. Lee, que, apesar de derrotado, é considerado um "herói" pelos ultraconservadores locais.
Robert E. Lee é considerado um símbolo de resistência dos defensores do trabalho escravo, que na Virgínia são bem mais explícitos do que os fazendeiros e empresários que, no Brasil, fazem uma defesa dissimulada da triste causa através da reforma trabalhista.
Isso revoltou a população de maioria branca, que realizou protestos apostando no vitimismo e no ódio.
"Não vamos ser substituídos", falaram os extremo-direitistas, que disparam mensagens rancorosas contra negros, homossexuais, judeus e imigrantes.
As manifestações dos últimos dias não foram as primeiras.
Em maio passado, os extremo-direitistas, chamados "supremacistas", realizaram passeatas semelhantes, caminhando à noite, segurando tochas.
O prefeito Signer comparou os protestos aos piores dias da Klu Klux Klan, entidade fascista atuante nos EUA.
A Klu Klux Klan também se notabilizou pelo nome demagógico de seu jornal, "The Good Citizen" ("O Cidadão do Bem").
Sua sigla, embora seja coincidência, lembra a resposta que internautas reacionários nas redes sociais dão quando são assim denunciados: "KKK".
O protesto dos últimos dias foi enfrentado por um grupo de negros e manifestantes antirracismo, que chegaram a formar uma parede humana no campus da Universidade da Virgínia.
Houve confronto entre os dois lados.
Na manifestação recente, que exibiu bandeiras nazistas (um entrevistado chegou a se assumir nazista), um supremacista que dirigia um carro atropelou manifestantes antirracistas, ferindo 33 pessoas e matando uma.
O motorista supremacista foi preso, segundo informação da Associated Press.
Mike Signer decretou estado de emergência em Charlottesville, solicitando ajuda federal para combater a violência na cidade.
O episódio é um alerta, sobretudo, para o Brasil.
Há poucos dias, um refugiado sírio que vendia esfihas nas ruas de Copacabana, cujo nome homenageia o nome muçulmano do falecido lutador Cassius Clay (Muhamad Ali), foi hostilizado por outros ambulantes, que ordenaram para ele "sair do país".
O sírio recebeu a solidariedade de alguns cariocas, mas outros realizaram manifestação contrária, expressando islamofobia.
Nas mídias sociais, boa parte dos internautas brasileiros apoiaram a manifestação em Charlottesville.
Evocavam, sobretudo, a figura do "herói brasileiro" deles, Jair Bolsonaro.
Isso é muito sombrio. E, por uma simples gíria, a hipermidiática "balada", já pude prever o caráter fascista de uns jovens reacionários, então "alojados" na comunidade "Eu Odeio Acordar Cedo" no Orkut.
Pessoas que fazem ataques em série contra quem discorda dos pontos de vista deles.
Naquela época, 2007, não se imaginava que os jovens brasileiros seriam em boa parte reacionários.
Hoje o reacionarismo juvenil é uma grande ameaça à humanidade, pois a catarse dos jovens, aliada a valores obscurantistas e o impulso dos instintos, representam um grave perigo social.
E pensar que muita gente ainda duvida dos dias sombrios em que vivemos, se comportando como crianças no paraíso...
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