Um dos temas mais debatidos na Internet é a apatia do povo brasileiro.
Temos uma catástrofe social, política e econômica em curso e as pessoas ficaram acomodadas.
O Brasil está praticamente desgovernado, mas boa parte das pessoas se comporta como se vivesse num quase paraíso.
Um clima de tranquilidade ocorre nas ruas do Grande Rio, por exemplo.
É um preocupante quadro de despreocupação, com pessoas ainda se achando no "direito de serem felizes", mesmo não havendo clima para tanto.
A cidade do Rio de Janeiro, ainda que esteja em baixas posições, oficialmente, no ranquim da violência, se comporta como a capital mais perigosa do Brasil.
Se isso não fosse, um bairro inteiro não se fecharia, como Vila Kosmos, na região da Penha.
Vila Kosmos não se fechou para imitar os condomínios da Barra da Tijuca, mas para se proteger da criminalidade que ocorria frequentemente e até durante o dia.
Além de situações assim, o Rio de Janeiro passou a ter policiamento complementar das Forças Armadas, que se estende às cidades da Região Metropolitana.
Mesmo assim, é constante ver pessoas com sorriso largo, achando que estão vivendo seus melhores dias.
Deveriam ser menos egoístas e prestar atenção à crise gravíssima em que o país vive.
O cenário é de grande apreensão.
Retrocessos sociais, desmonte do patrimônio público brasileiro e extinção de direitos trabalhistas para favorecer os interesses dos patrões.
As pessoas não protestam mais. Quando muito, reclamam pelas costas.
Passeatas como as de 2013 não há mais. Ameaças fascistas como a ascensão de Jair Bolsonaro são um alerta para o Brasil.
Pessoas irão perder encargos salariais, ter o salário líquido reduzido, e se gestantes "podem" trabalhar em condições insalubres, é sinal que a coisa está grave.
Daqui a pouco, até crianças de três anos "poderão" pegar na enxada e trabalhar durante todo o dia, até o fim da noite.
Vivemos o tempo das falácias, e as pessoas querem escravizar, oprimir e prejudicar sem assumir que estão fazendo isso.
Falam "idiomas" como juridiquês, neolibelês e até as "palavras de amor" ("amoronês"?) de certas seitas "espiritualistas" que disfarçam fraudes doutrinárias com o verniz da "caridade".
Nunca as elites e os privilegiados de toda ordem, na sua ânsia insana de retomar o protagonismo, maltrataram os brasileiros, sob a aparência de palavras "objetivas" ou "simpáticas".
E como o topo da pirâmide social anda ardendo em chamas e seus detentores querendo jogar o ônus social aos menos favorecidos, não há como viver feliz com isso.
A televisão vende muita fantasia e a estabilidade forçada ilude muitos.
Os retrocessos ressurgem e surgem com níveis kafkianos e devemos esperar até a privatização das praias brasileiras e seu isolamento por cercas e policiais.
Alguém duvida?
Se as pessoas estão tão "felizes" a ponto de aderir a bobagens "anti-estresse" como livros para colorir, jogos de Pokemon-Go e os tais hand spinners, os "giradores manuais", espera-se tudo.
Isso porque a desilusão surpreende mais quem anda por demais desiludido, porque não se prepara para os impasses da vida.
A apatia diante do cenário atual não é motivo para fugas nem para ficar sorrindo como se estivesse nas nuvens.
O Brasil está numa situação de muita INSEGURANÇA.
E a crise econômica nem está acabando, assim. Só está havendo "um pouco mais" de emprego porque está havendo uma grande ciranda de empresas se reestruturando e o comércio se rearticulando. Só.
A mídia hegemônica é que fica narrando contos de fadas como se fosse jornalismo.
Enquanto isso, Temer espera ser salvo pelos aliados no Congresso Nacional.
Ele apenas quer ficar no poder para ter o foro privilegiado que deseja, porque o temeroso presidente está encrencado com vários esquemas de corrupção.
Temer não tem a menor representatividade popular, não tem carisma, não tem propostas positivas para a população, e quer ficar até 2018.
Corremos o risco de não termos sequer as eleições gerais no próximo ano.
Mas as pessoas só irão cair na real quando faltar cerveja, os quatro times do futebol carioca despencarem todos para a Série B e as praças e praias serem privatizadas e só acessíveis mediante pagamento de ingresso.
Aí talvez as pessoas aprendam a não ficar nas nuvens com o Brasil sob tormenta.
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