Uma das grandes polêmicas da Música Popular Brasileira está no lançamento de novas músicas envolvendo intérpretes veteranos.
Os cantores Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown se reuniram novamente para tocarem juntos sob o nome Tribalistas e lançaram quatro músicas como prévia de um novo álbum.
Antes deles, Chico Buarque lançou nova música, também prévia de novo álbum, chamada "Tua Cantiga".
Embora ambos sejam trabalhos de qualidade, de notável competência artística e melodias vibrantes, ambos foram alvos de duras críticas de internautas e até de blogueiros.
Numa época em que a MPB autêntica vive uma fase difícil, ainda há gente que esculhamba quem tenta trazer algo novo, se não novos artistas, mas pelo menos novas canções de artistas veteranos.
Os Tribalistas acabaram associados ao estereótipo de "chatice musical brasileira".
O visual dos três virou até piada: Arnaldo de cabelo espetado, Marisa com traje hippie, Carlinhos com turbante.
Se fosse como nas antigas sátiras do Casseta & Planeta, quando estes não eram tucanos mal-humorados, tudo bem.
Mas a coisa acontece de tal forma que, quando a MPB autêntica lança um trabalho inédito, o pessoal de repente não gosta.
A impressão que se tem é que a MPB congelou nos clássicos produzidos até agora.
De repente, fazer música de qualidade ficou ruim. O bom tornou-se ruim, o ruim tornou-se bom.
"Milagres" surreais trazidos pela surrada retórica do "combate ao preconceito".
Um "combate" que acabou transferindo o preconceito para a MPB.
Bom é cantor de sambrega ou dupla breganeja gravando "tributos" caça-níqueis à MPB. Desses em que o arranjador deixa tudo pronto e os cantores, com sua canastrice, só botam a voz.
Se bem que o que está mexendo com a moçada é o popularesco mais "provocativo".
Como as esquerdas médias, que acham o máximo o "trio Carol": Karol K, Karol Conká e MC Carol.
A Karol Conká, por exemplo, é imitação da Nicky Minaj, mas é tida como "renovação da nossa MPB".
Paciência, as gerações mais recentes têm a vida frenética e não têm disposição para ouvir música, preferindo a provocatividade, que "dialoga" com elas.
As melodias elaboradas dos Tribalistas e o refinamento musical de Chico Buarque são intragáveis para essas mentes frenéticas.
É igual criança que odeia salada e que só prefere comer o combo nada saudável da Mc Donald's: hambúrguer sintético, batata frita ressacada e
Vivemos uma fase em que o junk food musical empolga mais do que a música de qualidade.
Os adultos querem ouvir os velhos hits da MPB mais para "descer melhor a comida". Tudo em versão qualquer nota.
Vale até cantor de arrocha cantando "Admirável Gado Novo", de Zé Ramalho, por exemplo.
Os jovens mais "coxinhas" estão ouvindo "sertanejo universitário" e os descolados querem apenas o "provocador" do momento, seja Liniker ou algum novo funqueiro da vez.
Por isso a boa música é que incomoda os jovens. A coisa se inverteu.
Hoje quem sofre preconceito é a MPB.
Não se pode mais compor com a alma, pois o público só quer música para o corpo.
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