Um estranho movimento aconteceu no Rio de Janeiro.
A turma do movimento até pouco tempo apelidado de "342 Agora", reunindo emepebistas e atores globais, entre alguns esquerdistas mornos e alguns antigos oposicionistas de Dilma Rousseff, participou de um ato de desagravo ao juiz Marcelo Bretas.
Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, determinou a prisão provisória de alguns empresários de ônibus, entre eles Jacob Barata Filho, e outros executivos deste setor de transportes, dentro da Operação Ponto Final, segmento da Operação Lava Jato.
Dias depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, mandou soltar os detidos.
Tendencioso demais e com insólito apelo midiático, Gilmar foi alvo de uma piada nas redes sociais.
Segundo a anedota, Gilmar teria ganho o "Prêmio IBAMA" por ter soltado, ao longo de seu mandato no STF, tucanos, ratos e baratas.
Criou-se um maniqueísmo entre Gilmar e Bretas e aí um grupo eclético resolveu se unir para apoiar este último.
Atores que protestaram contra Dilma Rousseff, como Marcelo Serrado, Paula Burlamaqui, Thiago Lacerda e Lucinha Lins participaram do ato.
Por outro lado, políticos que protestaram contra o impeachment que atingiu Dilma, os deputados Alessandro Molon e Randolfe Rodrigues, da REDE, e Marcelo Freixo, do PSOL.
O movimento também conseguiu reunir grupos antagônicos como Vem Pra Rua, que militou contra Dilma, e Mídia Ninja, solidário a Dilma e, desde a primeira hora, hostil a Temer.
Ah, claro, Caetano Veloso, o mais famoso do grupo, também esteve presente.
O que chama a atenção, também, foi um erro de português muito comum entre quem escreve.
É a faixa com uma frase cujo sujeito é separado do predicado. A faixa exibiu a frase "O Rio, está com você", se referindo ao juiz Bretas.
Esse é um cacoete inspirado na linguagem oral, porque as pessoas confundem o recurso oral de separar sujeito e verbo pela pausa da respiração com pontuá-lo com vírgula.
Já cansei de ler tantos textos em que o sujeito é separado do predicado com vírgula. Escreve-se o nome de fulano ou os nomes de fulanos, e, antes do verbo relacionado a eles, põe-se vírgula.
Imagine se alguém escrevesse: "O presidente Michel Temer e os ministros, se reuniram hoje à tarde".
Pois é. Soa estranho, embrulha o estômago atrapalhando um pouco a leitura. Tem-se que ser "complacente" com o erro e levar a leitura adiante, senão o ato se encerra por aí.
O erro da mensagem "O Rio, está com você" fez o grupo trocar em última hora a faixa.
Houve um princípio de confusão e ninguém assumiu o erro, embora inicialmente se atribua ao Vem Pra Rua, movimento liderado por Rogério Chequer, conhecido pejorativamente como "Chequer Sem Fundos".
O evento ocorreu no Fórum da Justiça Federal, no Centro do Rio de Janeiro, sob a promoção das associações de juízes federais dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
O Vem Pra Rua também ajudou a promover a reunião.
O grande problema é que alguns esquerdistas aceitaram apoiar Marcelo Bretas.
O ALMIRANTE OTHON PINHEIRO, EX-PRESIDENTE DA ELETRONUCLEAR.
Bretas foi responsável pela prisão do ex-presidente da Eletronuclear, o engenheiro naval, cientista e almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, por uma falácia que o acusou de "corrupção".
Othon Pinheiro demonstrou ser uma pessoa íntegra, além de ser um dos maiores cientistas do Brasil.
Ele realizou estudos nucleares de grande envergadura, desenvolvendo ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e a instalação de propulsão nuclear para submarinos.
São tecnologias que barateiam custos e trazem grande contribuição à ciência brasileira e outros setores.
Consta-se que o almirante Othon foi preso para impedir que o Brasil desenvolve tecnologia nuclear que faça concorrência aos EUA.
As acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, embaraço a investigações, evasão de divisas e organização criminosa durante as obras da usina nuclear de Angra 3 foram baseadas em boatos.
Foram apontados "indícios" (e não provas) de que Othon "estaria envolvido" num esquema de propina de R$ 4,5 milhões por um consórcio de empreiteiras.
São acusações muito vagas e superficialmente constatadas. Com acusações bem mais robustas, graves e numerosas, e provas consistentes, Aécio Neves saiu inocentado de qualquer acusação e retomou os trabalhos no Senado Federal.
Doente, humilhado e deprimido, o almirante Othon foi condenado a 43 anos de prisão e cumpre pena em regime fechado.
Ele foi preso quando iria desenvolver um projeto que envolvia energia elétrica e traria benefícios incalculáveis para milhares de brasileiros.
"Ele estava trabalhando em um projeto científico, de tubos geradores, capaz de produzir eletricidade com queda d’água de apenas um metro de altura. Isso seria capaz de levar energia para milhares de brasileiros", afirmou o ex-presidente da OAB-RJ e deputado federal Wadih Damous (PT-RJ).
Wadih, profundo conhecedor de leis e um dos dedicados oposicionistas do governo Michel Temer, deseja que, ao menos, o almirante Othon seja indultado ou receba uma pena alternativa.
Ficamos imaginando se Alberto Santos Dumont e os irmãos estadunidenses Wilbur e Orville Wright vivessem hoje.
Sabe-se que Santos Dumont foi o verdadeiro pai da aviação e os irmãos Wright pouco mais do que uns simpáticos busólogos.
No caso, Santos Dumont teria sido preso para que a indústria dos EUA não perdesse o pioneirismo que só eles atribuem aos dois irmãos.
A prisão do almirante Othon, cuja sentença de 43 anos equivale à prisão perpétua, pela idade de 78 anos do cientista, causa preocupação dentro da Marinha do Brasil e dos meios científicos em geral.
O almirante fez realizações científicas de altíssimo nível, e estabeleceu um programa nuclear que fez o Brasil se destacar mundialmente no cenário científico.
Humilhante a prisão dada a um dos maiores cientistas do Brasil e o juiz que o condenou ainda receber apoio de políticos de esquerda e artistas.
Que se vá questionar os abusos de Gilmar Mendes, é válido, até porque ele merece, pela forma com que manipula as leis conforme seus interesses pessoais e de seus amigos.
Mas apoiar Marcelo Bretas, um juiz tendencioso e midiático, isso soa muito estranho.
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