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O "JESTOR" JOÃO DÓRIA JR. E A EMBRATUR BREGA


Uma campanha publicitária promovendo a pobreza como atração turística.

Uma outra campanha promovendo a sensualidade feminina com um exotismo machista e fora do contexto.

Parece campanha de antropólogos, cineastas e jornalistas da intelectualidade "bacana" infiltrados nas esquerdas médias para promover uma imagem "positiva" das chamadas periferias.

Mas se trata das campanhas difundidas quando o hoje prefeito de São Paulo, o "jestor" e hoje tucano João Dória Jr., presidiu a Embratur, entre 1986 e 1988, durante o governo de José Sarney.

João Dória Jr. pensava em promover o "turismo da seca", mostrando a miséria do Nordeste para turistas munidos de muito conforto e vindos do Sul e Sudeste "pudessem conhecer".

Com um senso "sociológico" digno de um Luciano Huck, Dória Jr. queria transformar a fome em atração turística.

Ele antecipou em quinze anos o que a intelectualidade "bacana", à sua maneira, tentou fazer com a breguice cultural, mas empurrando seu discurso para os círculos de esquerda.

A "seca legal" e a "fome admirável" seria servida para as elites "se informarem" das condições miseráveis do povo que vive no agreste nordestino.

A ideia de Dória Jr. foi noticiada pela Folha de São Paulo, em julho de 1987.

O jornal O Globo também divulgou notícias semelhantes.

Ela antecipou o mito da "pobreza legal" que o discurso do dito "combate ao preconceito" da bregalização cultural fez prevalecer entre 2002 até pouquíssimo tempo atrás.

Até hoje textos em defesa do "funk" apelam para o marketing da miséria, promovendo as favelas como se fossem "atrações turísticas".

E se o filho de Dória Jr. chama para animar sua festa de aniversário um funqueiro ostentação que havia se apresentado na Roda do Funk (organizado pela "esquerdista" APAFUNK), isso faz sentido.

Quanto ao turismo, a divulgação de fotos de mulheres com trajes mínimos, utilizando não só imagens correntes como aproveitando antigas cartilhas "turísticas" de 1977-1978, foi ampliada na época em que Dória Jr. presidiu a Embratur.

A ideia sugere um convite subliminar ao turismo sexual.

Algo semelhante havia sido feito pela intelectualidade "bacana" em torno da defesa da prostituição.

Sob a desculpa de valorizar o lado humano das prostitutas, intelectuais defendiam que elas permanecessem no seu ofício, sob a desculpa de expressar um "novo feminismo popular".

Só que isso também refletia interesses comerciais de garantir o "recreio sexual" de machões "arrojados", inclusive de elite.

É uma retórica da "periferia legal" que pegou muita feminista desprevenida, e que acabou defendendo a prostituição e não as prostitutas, condenadas a viver para sempre nesta condição, na qual correm o risco de serem agredidas por machos afoitos.

O discurso intelectual também apelou para glamourizar as mulheres-objetos através do "pagodão" de É O Tchan e derivados e também do "funk", que relançou a "dança da boquinha da garrafa" tirando a garrafa e vendendo a "coreografia" sob a falsa imagem da "dança folclórica".

Voltando a João Dória Jr., a assessoria do hoje prefeito de São Paulo publicou nota desmentindo que ele teria promovido o "turismo da fome" quando presidiu a Embratur.

Segundo a assessoria, Dória Jr. queria incluir o agreste nordestino no roteiro turístico da região.

Quanto às mensagens "sensuais" das propagandas turísticas enviadas sobretudo ao público estrangeiro, isso era um hábito que a Embratur adotou durante o regime militar.

Por outro lado, denúncias de desvio de verbas públicas para favorecer assessores e dirigentes da Embratur fizeram com que Dória Jr. fosse demitido do cargo.

As denúncias de que a Embratur, sob o comando de João Dória Jr., queria transformar a seca em atração turística e veiculava folhetos para gringos mostrando mulheres em trajes mínimos, mostrou o lado brega da entidade turística.

O lado do brega que, quinze anos depois, tentou vender a imagem da mulher-objeto como o suprassumo do "feminismo das periferias", "guevarizando" a prostituição para garantir o "recreio" dos machões reaças cheios de dinheiro.

E que tentou vender a "pobreza legal" glamourizando o subemprego, o alcoolismo, as habitações condenadas e a ignorância popular como "expressões admiráveis" de um "ufanismo das periferias" que, "sem preconceitos", promovia uma imagem preconceituosa do povo pobre.

Muito antes da intelligentzia "mais legal do Brasil" vender a "pobreza legal" para a mídia de esquerda, coisas semelhantes já eram notadas na Embratur do hoje prefake de São Paulo.

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