O Brasil está na lama.
Numa semana em que a conservadora revista Veja é usada pelo assassino da musicista Mayara Amaral, Luís Alberto Bastos Barbosa, para fazer coitadismo, mais uma "pizza" sai do forno nas mãos da Justiça.
A Justiça Federal suspendeu o processo contra 22 pessoas, entre elas funcionários da Vale, Samarco e BHP Biliton, acusados de homicídio por não terem evitado a tragédia de Mariana, Minas Gerais.
A maior tragédia ambiental do Brasil aconteceu em 05 de novembro de 2015.
Uma barragem localizada na área do Fundão, em Mariana, se rompeu e a lama tóxica soterrou o distrito de Bento Rodrigues, além atingir 40 cidades mineiras e capixabas e parte do Oceano Atlântico.
19 pessoas morreram no desastre que comoveu o Brasil. Uma forte contaminação deixou as áreas arrasadas, cuja recuperação ambiental será lenta e muito cara.
A decisão foi dada pelo juiz federal da cidade de Ponte Nova, também em Minas Gerais, Jacques de Queiroz Ferreira.
Ele acatou as ações dos defensores de dois acusados, o diretor-presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi, e o diretor-geral de Operações, Kleber Terra.
Eles pedem a anulação do processo alegando que a obtenção de informações através da quebra de sigilo telefônico é considerada "prova ilícita".
A decisão judicial deixou os movimentos sociais e as famílias das vítimas da tragédia bastante aflitos.
Temem que o caso termine em impunidade e que as vítimas condenadas ao abandono e ao descaso.
Um membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, Joceli Andrioli, afirmou que a justiça trata o povo "como bobos".
"Estamos estarrecidos de ver essa completa inoperância da Justiça. Parece de fato que a tendência é se fazer vista grossa em relação a grandes empresas que cometeram o maior crime social e ambiental dos últimos tempos", afirmou Joceli.
Joceli acrescentou que existem provas que vão além das conversas telefônicas, mas estas são suficientes para a condenação dos responsáveis pela tragédia.
Thiago Alves, integrante da comissão de atingidos de outra cidade afetada, Barra Longa, diz que o clima vivido pela população é de indignação e descrença com a Justiça.
Mesmo assim, ele pretende cobrar do Ministério Público Federal medidas para reverter a decisão do juiz federal.
O Brasil vive uma grande catástrofe institucional e social, num contexto em que as elites expressam profundos preconceitos sociais.
Se até religiões "espiritualistas" estão pedindo para as pessoas "amarem o sofrimento", é sinal que a coisa está feia.
Os privilegiados sociais estão expressando abertamente machismo, racismo, ódio de qualquer espécie, descaso e até defesa de retrocessos sociais.
Uma parcela da sociedade está defendendo até a sobrecarga e o aumento da jornada de trabalho, com baixos salários até em tarefas insalubres ou de outros riscos.
A sordidez está generalizada, vinda daqueles que pareciam mais importantes, competentes e conceituados das elites brasileiras.
Mesmo assim, a "boa sociedade" parece ainda teimar numa felicidade que só é a deles.
Teria sido necessário que a lama da barragem de Mariana tivesse se transferido para o Rio de Janeiro e São Paulo, com seus efeitos trágicos, para que as pessoas se conscientizassem do drama social que vivemos?
O tempo hoje não é para flutuar nas nuvens, porque isso é como viajar na maionese. O tempo é de reflexão e busca de ações para derrubar esse país apodrecido dos últimos tempos.
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