CENA DO SERIADO ADOLESCÊNCIA, DO CANAL NETFLIX.
Está certo que o termo Incel (de "involuntary celibates", os "celibatários involuntários") tornou-se bastante perigoso, definindo uma espécie de "machista mirim", um jovem que torna-se apreciável pela extrema-direita por conta de seu caráter misógino, ressentido e vingativo.
Tudo bem. A forma com que o tipo passou a ser visto virou um grande problema social, mas por outro lado cria distorções igualmente preocupantes e perigosas para os críticos que rejeitam esse tipo, mas que correm o risco de fazer generalizações extremamente discriminatórias tão autoritárias e preconceituosas quanto os garotos-problemas que são os alvos iniciais dessas críticas.
Pois aqueles que criticam os Incels também estão sujeitos a neuroses terríveis, como imaginar que um rapaz que fosse incapaz de conquistar uma namorada seja visto espancando uma, ou seja, uma namorada que surgiu "do nada", algo que soa mais uma alucinação ou um mal-entendido.
A sociedade acaba demonizando também o solteirão adulto, o "adolescente" com mais idade, o homem crescido que vive com os pais e que se recusa a sair nos fins de semana para a noitada, o que se torna um "crime" por não se enquadrar nos padrões sociais hedonistas vigentes hoje em dia.
Ou seja, virou um "crime contra a humanidade" um homem ficar em casa tomando bebida láctea e comendo biscoitos nas noites de sábado e vendo desenhos animados. Homens pacatos acabam ganhando rótulos de "covardes", "terroristas", "patéticos" e "perigosos", embora sabemos que, no caso dos feminicidas, a maioria destes faz mais o tipo "saideiro", que vê nas noitadas suas arenas de valentia e curtição.
Se os Incels são uma ameaça, não menos ameaçador é o tom de seus críticos, movidos por um hedonismo tóxico no qual o "prazer" se torna uma imposição, não um direito de escolha. Para uma sociedade que não suporta sequer ver alguém comendo um pão puro, ordenando essa pessoa a recheá-lo com mortadela, ou que humilha alguém que se recusa a tomar uma cerveja, a "liberdade" se torna uma palavra de ordem, e isso acaba criando um sentido oposto a essa palavra.
Ver que a "liberdade" tornou-se algo contrário à verdadeira liberdade é assustador. Ver que o sentido da vida de um homem é ser obrigado a sair à noite para a "curtição" é algo preocupante. Pois se temos os tais "celibatários involuntários" que ameaçam a sociedade e, sobretudo, as mulheres, temos o outro lado, o dos "ditadores do prazer" cuja "liberdade" é só a que eles desejam, uma curtição animalesca e instintiva, sem qualquer tipo de sentimento de humanidade.
Portanto, aqueles homens que, sem serem ressentidos, vingativos ou ameaçadores, preferem ficar em casa nos fins de semana e feriados à noite, terão que conviver com a sina de serem vítimas de preconceitos terríveis, de uma sociedade que, em nome da "liberdade", acabam, em nome do prazer tóxico, indo radicalmente contra a liberdade que dizem defender.
Em outras palavras, o comportamento tóxico também ferve naqueles que criticam os Incels e, no julgamento de valor, generalizam tudo e demonizam até os homens que apenas gostariam de viver uma rotina sossegada em suas casas.
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