
A disputa entre o bolsonarismo e o lulismo pela hegemonia no cenário sociopolítico brasileiro é preocupante por prejudicar a democracia autêntica, uma democracia que não possui dono, que não tem uma cara definida, uma democracia pela qual pouco se deve falar e muito se deve agir.
O Fla x Flu político entre Jair Bolsonaro e Lula só empolga quem está nas redes sociais se divertindo com esse telecatch ideológico. Mas a vida política não pode ser vista como um divertimento, pois se trata de um processo de condução do futuro de nosso país.
Ficamos perguntando se essa polarização política não seria uma cortina de fumaça para os problemas reais do país. O pesadelo beligerante do bolsonarismo e o conto de fadas do lulismo, ambos desnorteando a juventude ou mesmo parte considerável de adultos que teimam em se apegar em um dos pólos, sem cogitar numa alternativa mais relevante aos dois desgastados políticos.
Não podemos ver nessa polarização as únicas escolhas do jogo democrático. Além disso, temos que nos preocupar não somente nos males do bolsonarismo, mas também do bom mocismo que a burguesia que apoia o presidente Lula está manifestando, com o petista praticamente vendido para as classes dominantes, embora continue vendendo a imagem de “companheiro dos excluídos”.
Afinal, devemos desconfiar de certas coisas. Por que, de repente, a burguesia passou a acolher as pautas de Lula? E por que, em contrapartida, essas pautas são mais faladas do que feitas? Ver Lula se limitando a opinar do que enfrentar problemas é algo que devemos ver com atenção. Não vamos confundir opinião com ação.
Por isso, essas estranhezas são muito sutis, mas mostram que o atual mandato de Lula apenas oferece “um pouquinho mais” do que Bolsonaro. Mesmo assim, é uma decepção profunda se levarmos em conta a reputação que Lula teve no passado e admitir a continuidade desse processo só irá agravar as frustrações e repúdios do povo pobre da vida real, cada vez mais decepcionado com o presidente.
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