
LULA EM 2022 É O COLLOR QUE A ATUAL GERAÇÃO DA "BOA" SOCIEDADE TEM PARA CHAMAR DE SEU.
Candidato a presidente da República falta a debates estratégicos em redes de televisão. Sua campanha dispensa programa de governo. Ele se torna o candidato favorito da burguesia ilustrada. Sua campanha recebe fartos investimentos financeiros, incluindo doações empresariais. O candidato despreza a diversidade competitiva da corrida presidencial, confiante de que só ele poderá vencer a disputa. O candidato ainda se julga a única personificação da democracia.
Estamos falando de Fernando Collor em 1989? Por incrível que pareça, não. Estamos falando de Lula em 2022, que passou a ter uma performance política das mais decepcionantes e, posso garantir, vergonhosamente decepcionantes.
Não se imaginava um Lula, antes, faltando a debates em campanhas anteriores nem no petista desprezando outros adversários. Mas nem a desculpa esfarrapada de que Lula faltou a debates porque “tinha comícios marcados” e que “não poderia faltar ao contato direto com o povo” convencem. Afinal, Lula se recusou a encarar o diálogo aberto do debate com outros candidatos, no confronto democrático de ideias.
Lula tentando ressignificar os erros dos outros quando os mesmos são praticados por ele é muito lastimável. E não dá para chamar isso de estratégia, pois se trata de um grande erro, que a fetichização do mito de Lula não tem condições de abster.
Vejo Lula de hoje com um semblante cínico. Não abre o jogo em suas atitudes, não tem autocrítica, não dá satisfação e age de forma tão impulsiva que só percebe um erro quando é tarde demais, e mesmo assim não assumindo individualmente suas responsabilidades.
Lula parece mais voltado a uma ambição de poder. Deixou de lado o compromisso com o povo e eu posso dizer isso porque observo fatos. Como jornalista, não tenho compromisso de contar estórias da Carochinha para lacrar na Internet. A pessoa que leia na íntegra os textos desagradáveis que escrevo, não porque eles vêm de algum ressentido, mas porque vêm dos fatos. E a realidade nem sempre está aí para agradar as pessoas.
Lula está tomado de profundo e irritante estrelismo. Chorou feito um bebê nos comícios, pedindo voto para sua campanha para tirar o Brasil do mapa da fome. Uma vez eleito, o que fez Lula? Deixou o povo pra lá e foi fazer política externa e tentar reconstruir a Ucrânia antes do Brasil. Michael Kelso do seriado De Volta aos Anos 70 (That 70s Show) teria mais conhecimento de causa nessa empreitada.
Não vejo Lula tratar com prioridade as pautas trabalhistas, a política de preços, o combate à fome, à miséria e ao desemprego. Não vejo Lula investindo pesado como devia em Educação, Saúde e pesquisas científicas. Em nome do arcabouço fiscal, o tal “déficit zero”, Lula fez até o contrário, cortando parte dos investimentos. O peleguismo de Lula, servil ao empresariado e ao setor financeiro, salta aos olhos.
Noto o pretensiosismo do atual mandato de Lula que o faz distanciar dos dois mandatos anteriores. No primeiro mandato, o governo Lula lembrava aquilo que João Goulart desejava fazer e foi impedido pelo golpe militar de 1964. Eu comemorava, em 2003, o acolhimento de pautas próprias do janguismo, finalmente, pelo Governo Federal.
Mas hoje, quando Lula mais parece uma paródia dele mesmo, vejo o presidente preocupado em fazer artifícios, os simulacros de atividades do seu governo: relatórios, opiniões, promessas, cerimônias, propagandas, blindagem nas redes sociais. Tudo para mascarar um governo medíocre, que mistura o neoliberalismo de FHC com o populismo de Sarney.
O papel humilhante de Gleisi Hoffmann de servir de papagaio de pirata de Lula destoa do bom trabalho parlamentar que ela fez tentando combater as pautas malignas de Michel Temer, dando a impressão de que ela perdeu a batalha.
Afinal, Lula sinaliza que passa pano no legado de Temer. Só faz umas críticas ligeiras e formais. Temer também critica protocolarmente Lula, vendo que o petista não vai implodir a “Ponte para o Futuro”.
A gente vê que, se os dois primeiros mandatos de Lula não representaram o prometido “governo da mudança”, apesar das boas realizações, o atual mandato, mais preocupado em agradar a direita moderada, significa muito menos. E é risível que o governo Lula reclame que o povo está desinformado das “gigantescas realizações” do presidente. Desinformado está Lula, pois o povo é que não sente na vida real a existência desses “recordes históricos”.
Com um Lula agindo assim, quem precisa de um Fernando Collor?
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