Os ataques de Lula e seguidores ao bolsonarismo alimentam o bolsonarismo. Os ataques de Jair Bolsonaro e seus seguidores ao lulismo alimentam o lulismo. O círculo vicioso da polarização política atinge níveis preocupantes e podem colocar o Brasil inteiro a perder.
Do lado de Lula, a supervalorização da ameaça bolsonarista, a ponto de Jair Bolsonaro, um mero operador do golpe político de 2016, levar quase sozinho a culpa pela derrubada de Dilma Rousseff, quando os verdadeiros responsáveis desse golpe hoje são aliados de Lula.
Do lado de Bolsonaro, Lula é criticado não pelos erros reais que ele está cometendo em seu governo, mas por erros fictícios. Ideias como "Lula batedor de carteira" e "Lula mafioso" são difundidas mais para promover a histeria reacionária do que para criticar defeitos reais de um presidente que prometeu mudar o país e não cumpriu a promessa.
Essa rinha política da polarização é preocupante, pois ambos os lados se acham triunfantes, nenhum dos lados se sente intimidado e, na prática, tudo está num zero a zero existencial, embora, pelo contexto de hoje, o lulismo pareça institucionalmente mais vitorioso.
Só que os bolsonaristas não se sentem intimidados por Lula, assim como os lulistas não se sentem intimidados por Bolsonaro. As narrativas se disputam com persistência, um querendo ser mais vitorioso que o outro, numa guerra sem vencedores, porque não passa de um desespero de um derrotar o outro sem perceber que o rival pode reagir.
E o mais preocupante é que são dois idosos brigando como se fossem moleques birrentos. Jair Bolsonaro, no momento se recuperando de uma cirurgia, está com 70 anos, e Lula completará 80. Ambos representando modelos políticos velhos, ultrapassados, além de representar visões de mundo bastante velhas.
Ver os dois disputando a supremacia de poder é prejudicial para o Brasil, que precisa de uma grande renovação. E é inútil que os lulistas reajam dizendo que Lula "representa o novo na política" pois ele é um homem de 1945 de um Brasil agrário, que até tentou acertar o relógio nos dois mandatos anteriores, mas hoje parece cansado e envelhecido mentalmente, rebaixando o atual mandato a uma mistura de José Sarney com Fernando Henrique Cardoso.
Precisamos de novas caras na política brasileira. A reeleição de Lula e o revanchismo de Jair Bolsonaro, que no momento segue inelegível mas pode virar o jogo, só deixam o Brasil sob risco, diante dessa bipolaridade política terrível, que nada traz de novo nem de profundamente benéfico para os brasileiros.
Talvez se Lula desistisse da reeleição, a situação se aliviasse. Pois o bolsonarismo se alimenta com a rivalidade com o lulismo e o lulismo se alimenta com a rivalidade com o bolsonarismo. Se Lula sair do jogo, pode ser que o bolsonarismo se enfraqueça de vez, sem o seu "malvado favorito".
Em todo caso, o Brasil precisa renovar a sua vida política, se livrando do sonho lulista e do pesadelo bolsonarista. Entre o sonho e o pesadelo, devemos preferir a realidade.
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