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A BATALHA DA “SESSÃO DA TARDE” CONTRA O “DOMINGO MAIOR”



A polarização política no Brasil atinge níveis críticos em que um dos polos quer dominar os espaços e narrativas. O lulismo e o bolsonarismo, este utilizando como apelo recente a causa da anistia aos revoltosos de 08 de janeiro de 2023, disputam a posse do nosso país, sob os olhares atônitos dos que estão fora de qualquer uma dessas duas bolhas.

Anteontem, Jair Bolsonaro e seus seguidores fizeram uma manifestação na Avenida Paulista, com 69 mil presentes. Houve quem falasse em apenas 14,9 mil presentes, mas eu e meu irmão fomos almoçar perto - e depois fomos para o bairro de Moema - e vimos o semblante confiante e tranquilo dos bolsonaristas.

Aliás, tanto lulistas quanto bolsonaristas se acham tranquilos no seu triunfalismo, embora aparentemente o bolsonarismo se encontre em desvantagem jurídica, com Bolsonaro e seus colaboradores tornados réus por articulação de um golpe de estado.

Mesmo assim, a polarização política entre as duas tendências faz com que o maniqueísmo seja simbolizado pelas analogias entre dois programas de filmes da Rede Globo, a Sessão da Tarde e o Domingo Maior.

Lula representa a fantasia das comédias infanto-juvenis, coisas do tipo “Meu Papai é Noel”, que se tornaram marca na Sessão da Tarde. Já Bolsonaro representa a truculência cinematográfica dos filmes de ação do Domingo Maior, tipo “Soldado Universal”.

Entrando em rota de colisão, a pieguice lulista e a tragicomédia bolsonarista fazem o Brasil sucumbir a um cenário surreal da “democracia de um homem só” de Lula e do fascismo-pastelão de Jair Bolsonaro, espetáculos de conflitos políticos mais próximos de uma rinha de galos do que de qualquer dicotomia séria e dramática entre democracia e ditadura.

Tudo parece um conflito de miniatura, feito para o Brasil convertido num parque de diversões, num país do Tik Tok Instagram e Facebook, um país de brinquedo onde relatórios e opiniões tentam se impor aos fatos e que a expectativa já se impõe sobre uma realidade escravizada e explorada pelas convicções de uns “donos da verdade” que existem aos montes nas redes sociais.

Só quem pode criticar o lulismo são os bolsonaristas, cuja única razão de ser é Lula. Lula é o “malvado favorito” dos bolsonaristas e vice-versa, e nessa rinha política quem leva a mal é o verdadeiro Brasil que existe fora das cavernas eletrônicas das redes sociais.

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