FARIALIMEIROS OU FARIALIMERS - OS "DONOS" DO BRASIL?
Fala-se que o Brasil é uma concessão da Rede Globo. De certa forma, sim. Falamos na Globo porque a emissora comemorou, no último dia 26 de abril, 60 anos de existência. E sabemos o papel histórico da Rede Globo na manipulação dos valores culturais no nosso país. Mas, se ampliarmos os aspectos ee os critérios, podemos dizer que o Brasil é uma concessão da Folha de São Paulo ou, por extensão, da Faria Lima.
A Faria Lima é uma elite “moderna” que domina a vida cultural e socioeconômica de todo o Brasil, a ponto de impor uma gíria ligada a drogas, “balada” (de "bala", eufemismo para pílulas alucinógenas), como se fosse “a expressão acima do tempo, do espaço e das tribos”.
Trata-se de uma elite de empresários, publicitários, palestrantes (coaches) e influenciadores digitais que posa de intelectual e controla o inconsciente coletivo dos brasileiros, impondo costumes, gostos, hábitos, crenças e até vocabulários, com direito ao portinglês e tudo.
As gerações recentes da burguesia se esforçam em parecer "legais", usam do mimetismo social de parecerem "gente simples" e tentam assimilar hábitos "populares", como falar português errado, ir ao estádio e passar horas tomando cerveja nos fins de semana, tudo para parecer o que eles, no seu juízo de valor etnocêntrico, entendem como "gente como a gente". A burguesia também gosta de lacrar nas redes sociais.
A influência da elite ilustrada da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, na vida dos brasileiros é mais assustadora do que se imagina, com meia dúzia de executivos e publicitários difundindo hábitos, costumes, crenças e gostos que acabam pretensamente caindo no gosto popular. Desde os anos 1990 a cultura “flui” com o ar fresco que, no entanto, vem não do oxigênio da natureza, mas antes dos escritórios refrigerados da Faria Lima.
A “originalidade” da exaltação a nomes musicais estrangeiros de baixa expressão no exterior, os “dialetos” em portinglês como “bike”, “body” e “dog”, a supervalorização de Michael Jackson e Guns N’Roses e o uso da gíria “balada” são exemplos de como falamos a língua e o culturalismo da Faria Lima.
A Faria Lima “lúdica”, ou seja, o setor “recreativo” do empresariado brasileiro, precisa ser analisado e com muita cautela, pois esse setor está dominando corações e mentes das pessoas sem que elas saibam, sendo esse domínio a chave da sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada que o Brasil vive hoje.
Para que as armadilhas culturais, que incluem a expansão da bregalização musical e a pasteurização da cultura rock, deem certo, a guerra cultural da Faria Lima precisa creditar o termo culturalismo nos padrões não-culturais da editoria política do “jornalismo da OTAN”.
Desse modo, as armadilhas políticas só são conhecidas em seu estado bruto, sem que se note o pior processo, que é a domesticação cultural no Brasil que é até estimulada por conta da aura de aparente alegria que o entretenimento traz.
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