As recentes queixas do governo Lula de que a queda de popularidade do petista se deve à falta de informação do povo pobre em relação às atividades do governo lembra muito o que houve, há um ano, com o fiasco do evento do Primeiro de Maio, que o presidente queria promover como um "marco da democracia".
Lula imagina que o povo pobre "não percebe" as "magnitudes" dos "recordes históricos" do seu governo, e que por isso as classes populares precisam "ficar melhor informadas" dos "benefícios gigantescos" que o atual governo está trazendo, em tese, para a população.
Só que, daqui de baixo, as coisas são diferentes. Preços muito caros, mercado de trabalho precarizado, a burguesia fantasiada de "gente simples" falando português errado e adotando hábitos "populares" para disfarçar enquanto circula incógnita entre a multidão. E o legado maligno de Michel Temer não foi inteiramente rompido.
Lula não demonstra ter feito trabalhos concretos de reconstrução do país. Os "recordes históricos" foram tão fáceis, imediatos e fabulosos que é difícil evitar uma desconfiança. Fala-se no "pesquisismo", ou seja, nas supostas pesquisas de opinião que tentam alimentar a popularidade de Lula entre os eleitores, mas também temos o "relatorismo", a mania de mencionar supostas façanhas através de relatórios, como o dito "Efeito Lula".
Lula abandonou os brasileiros quando priorizou, no começo do atual mandato, a política externa. Foi um erro estratégico grave, pois é inútil que os apoiadores do presidente argumentem sobre "acordos multilaterais", "investimentos externos" e até falar sobre "paz mundial" e no tal do Sul Global, porque o que interessaria era o chefe da Nação ficar no Brasil e trabalhar a reconstrução, criando um hiato de viagens ao exterior por um ano.
Mas Lula preferiu a festa ao trabalho e sua performance política, no atual mandato, além de não ter tido o mesmo fôlego dos dois mandatos anteriores, está cometendo tantos erros que soa um terrível vexame a preocupação original do presidente de "não poder errar", pois tudo o que ele fez foi um governo marcado por uma coleção de erros. Poucos acertos, num governo que não tem a grandeza que tanto se fala.
O povo não é ingênuo de se desinformar de ações do governo. As classes populares são as primeiras a saber. Se não através da imprensa, tem o "rádio-peão" dos sindicatos, tem a conversa de boca a boca com vizinhos, comerciantes, feirantes, empregados domésticos, professores, servidores, camponeses, estudantes etc etc etc.
As classes populares são as que mais se comunicam entre si. Elas é que vivem a realidade concreta e conhecem os fatos como ninguém. Se as classes populares desconhecem o tal "Efeito Lula", é porque este é uma grande ficção que não se reflete no cotidiano real da população.
O "relatorismo" revela coisas fantásticas, rápidas e imediatas demais para serem reais. Além disso, com Lula fazendo turismo no exterior, que sentido tem os "recordes históricos" se o chefe dos trabalhos está ausente, sinalizando que a equipe ministerial não tem o espírito de equipe necessário para transformar o país?
Devemos questionar as coisas. O negacionista factual, esse "cara legal" que posa de "intelectual" nas redes sociais, é que não gosta da realidade, quando ela desagrada as suas convicções. Mas o povo da vida real não é o "pobre de novela" que desce as favelas dançando e cantando. A vida real está mais para Carolina Maria de Jesus do que para o Vai Que Cola, e se as geladeiras do povo brasileiro estão vazias de comida, não será Lula nem seu ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, que irão desmentir.
Quem tem que se informar melhor sobre a realidade do Brasil é Lula. Se bem que Lula tornou-se pelego, abraçado ao Centrão, à Faria Lima, ao G-7, ao FMI e aos velhos "caciques" do PSDB que, meio "desapegados" ao partido, deixam o partido servir de playground para fascistas mirins.
Lula deixou de ser a esperança há uns três anos.
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