Um grande escândalo político foi subestimado pela grande mídia.
É a revelação de que Jair Bolsonaro estava fazendo uma campanha sórdida no WhatsApp, com os chamados disparos de fake news que desmoralizam o rival Fernando Haddad.
A grande mídia, como os portais do G1 e do Estadão, só noticiou o episódio enfatizando que é uma ação judicial movida pelo Partido dos Trabalhadores.
Mas o episódio vai além desses limites, é um escândalo político sem precedentes no Brasil.
Comparo o caso com o escândalo que houve nos EUA, envolvendo a campanha de Richard Nixon que resultou no famoso caso Watergate.
O republicano Nixon, então presidente dos EUA, era acusado de ter participado de esquema de espionagem na campanha do rival democrata George McGovern.
Sabe-se que o episódio foi relatado em Todos os Homens do Presidente (All The President's Men), de 1976, um dos mais importantes filmes sobre a cobertura jornalística de um fato político.
No caso de Bolsonaro, houve um papel mais singelo e curto: uma reportagem da Folha de São Paulo por Patrícia Campos Melo.
A denúncia é de que empresas estariam financiando a campanha de bombardeio de notícias falsas nos vários espaços de WhatsApp, como forma de desmoralizar o PT.
Entre as notícias falsas, é a de que Fernando Haddad teria dado detalhes, num livro de 1998, sobre um inexplicável "kit gay", que eu mesmo não entendo do que se trata.
Uma das empresas apontadas é a Havan, empresa de Luciano Hang, que recentemente mandou um vídeo "aconselhando" seus funcionários a votarem em Bolsonaro. Hang desmentiu o envolvimento com a campanha no WhatsApp.
Especialistas afirmam que se trata de financiamento ilegal de campanha, aliado à finalidade de difamar e caluniar um candidato concorrente.
Desde 2015 as empresas não podem financiar campanhas eleitorais, decisão aprovada pelos membros do Supremo Tribunal Federal por maioria simples (oito votos a favor e três contra) acatando solicitação da Ordem dos Advogados do Brasil.
O escândalo, que também indica uso de caixa dois na campanha de Bolsonaro, pode, segundo especialistas, resultar, se caso comprovado, na cassação da chapa do candidato do PSL.
Arrogante, Jair Bolsonaro, ontem, em visita à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, disse que estava "com uma mão na faixa", ou seja, alegava que "já estava eleito" presidente da República.
Já dava para desconfiar, assim como, na campanha do primeiro turno, Jair crescia mesmo a cada incidente negativo.
Era um jogo sujo que deve ter de tudo: do lobby de Paulo Guedes nas pesquisas de intenção de voto, à atuação do publicitário de Donald Trump, Steve Bannon, engajado em trabalhar na eleição de extremo-direitistas em várias partes do mundo.
Eduardo Bolsonaro, filho de Jair e deputado federal eleito por São Paulo, se encontrou com Bannon e ficou muito feliz em vê-lo, conforme declarou no seu perfil nas redes sociais.
COMITÊ DE CAMPANHA DO PARTIDO DE JAIR BOLSONARO EM ICARAÍ, NITERÓI, FOI FECHADO APÓS A CAMPANHA DE PRIMEIRO TURNO.
Fico refletindo, ao ver o comitê de campanha do PSL, para o primeiro turno, fechado há poucos dias, se não havia necessidade dele se manter aberto, para a campanha do segundo turno.
Jair Bolsonaro não compareceu no último debate dos presidenciáveis no primeiro turno, mas correu por fora com uma entrevista na Record TV.
Ele também andou se recusando a debater com Fernando Haddad, alegando "ainda não estar em condições de saúde para isso".
Mas as redes sociais pressionam muito para Jair estar nas alturas.
É muita pressão no WhatsApp. Bombardeio de notícias falsas contra o PT. Notícias sobre supostas façanhas de Jair. E, além disso, há muito valentonismo nas comunidades, com gente pressionando para os demais aderirem ao "mito".
Um jogo sujo, uma propaganda de guerra, somada à agressividade dos bolsonaristas. Eles reagiram à reportagem de Patrícia Campos Melo humilhando ela, nas redes sociais.
Ela recebeu ameaças além de ser chamada de "putinha do PT", "canalha" e "vagabunda".
Com isso, a repórter passou a receber proteção policial.
Realmente os bolsonaristas são burros. Eles sempre partem para a ignorância. Só que a violência e o jogo sujo estão desgastando a imagem do "mito".
Hoje os bolsonaristas ficam felizes com sua agressividade. Com o passar do tempo, eles ficarão tão traumatizados em ver suas agressividades deixando marcas na Internet.
O Ministério Público Eleitoral acolheu, até agora, duas representações contra a campanha de Jair Bolsonaro.
O Tribunal Superior Eleitoral pode receber também outras representações, o que pode contribuir na apuração da suspeita de doações ilegais, que já está sendo apelidada de "Bolsolão".
Se for confirmada a suspeita, a chapa de Bolsonaro pode ser cassada. Ainda não há alguma cogitação se a eleição será anulada ou se Ciro Gomes, o terceiro colocado, entrará na disputa.
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