A promessa de uma bombástica entrevista de alguns representantes governamentais e institucionais de ontem à tarde não se cumpriu.
O Tribunal Superior Eleitoral não abriu o jogo sobre o caso do Bolsolão, o escândalo de financiamento empresarial para o disparo de fake news para favorecer Jair Bolsonaro.
A ministra Rosa Weber parecia mais perplexa e não teve coragem de abordar o escândalo como deveria.
Ela se limitou a falar generalidades, como o trabalho do Judiciário, a defesa da lisura nas urnas eletrônicas, da imparcialidade da Justiça e, de maneira vaga, citou o empenho no combate às fake news.
Mas nada que oferecesse alguma perspectiva sobre o Bolsolão, que está sob investigação. E isso apesar de Rosa Weber receber ameaças dos bolsomínions.
A situação está feia. As manifestações pró-Bolsonaro ocorridas ontem foram marcadas pela arrogância dos presentes.
Mas, na Avenida Paulista, ocorreu o pior: Bolsonaro, em depoimento transmitido num telão, ameaçando fazer "a maior limpeza da história deste país", se referindo à perseguição que promete fazer contra os petistas.
"Vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos do Brasil. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia", disse.
Depois do vídeo, houve aplausos e gritarias de apoio, ecoando o refrão "Fora PT".
Já ocorreu coisa semelhante nessa história, com um certo austríaco prometendo fazer o mesmo com os judeus. Deu no que deu. Tomara que não se repita aqui.
A situação está feia até para o Supremo Tribunal Federal, depois de uma declaração de Eduardo Bolsonaro dizendo que, para fechar o órgão, não precisa sequer um jipe, bastando apenas a ação de um cabo e um soldado.
O pai tentou dizer que a declaração foi interpretada fora do contexto e que não irá fechar o STF.
A uma semana das votações de segundo turno, a situação está de arrepiar, como se não bastasse a conquista de um Legislativo predominantemente conservador, mas eleito motivado pela máscara do "novo".
O perfil médio do deputado federal tornou-se majoritariamente branco, casado, com nível superior e com idade média de 49 anos.
Voltando à reunião, além de Rosa Weber, estavam, entre outros, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, os ministros de Temer, Raul Jungmann e Sérgio Etchegoyen, o delegado da Polícia Federal Elzio Vicente da Silva e o presidente da OAB, Carlos Lamachia.
Rosa Weber afirmou que "não tem uma solução pronta" para combater as fake news e lembrou que ele é um fenômeno mundial.
No entanto, a entrevista, que teve ainda Jungmann falando números sobre o combate aos crimes eleitorais da campanha deste ano, não deu a menor garantia de segurança, como deveria ser. Isso apesar de Rosa apelar para os brasileiros "confiarem na Justiça".
Pelo contrário, a impressão que se tem é o medo do fenômeno Bolsonaro, um "monstro" que o golpe político de 2016 deixou crescer, sem dar o menor freio.
O WhatsApp já baniu algumas contas de empresas e de usuários individuais envolvidos com a propagação de notícias falsas.
Espera-se que algum parecer seja dado esta semana, antes que encararmos as "votações do fim do mundo".
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