As esquerdas médias e a comunidade neoliberal estão entusiasmadas com a “aula de democracia” do presidente Lula nos seus discursos na ONU, consagrando a sua imagem nas maratonas da política externa ao redor do mundo.
Lula fez seu dever de aula na gincana que visa a premiação da inclusão do seu nome na galeria de personalidades históricas mundiais, num processo bastante calculado e cheio de frases de efeito. Tudo bolado para provocar a euforia da burguesia ilustrada e ser politicamente correto para gerar a aprovação de autoridades e especialistas.
Tudo soa bonito, mas vamos combinar que existe o outro lado, no planeta, referente ao cotidiano dos brasileiros. Os discursos de Lula influem diretamente, como num passe de mágica, em trazer mais comida para os brasileiros e melhorar as condições de trabalho, ainda presas à herança nefasta do governo Temer?
A resposta é não.
Houve até mesmo a confusão dos lulistas que, tomados de paixões exaltadas, achavam que o tarifaço de Donald Trump iria afetar diretamente a economia interna brasileira, o que é um contrassenso, pois a cobrança de taxas sobre produtos brasileiros no mercado estadunidense só afeta a economia externa, através da exportação de produtos brasileiros para os EUA.
Achar que o tarifaço irá arrasar a economia interna brasileira é uma visão vira-lata, que toma os EUA como parâmetro para a vida de uma parcela próspera de brasileiros. Para um público que, apesar de se considerar “patriota democrático”, fala portinglês e superestima famosos medianos como Michael Jackson, faz sentido achar que a economia estadunidense irá influir diretamente na “mercearia do Seu Zé”.
E Lula foi negociar com Donald Trump, o que é correto e necessário. Afinal, não há como deixar de querer que, assim como a PEC da Blindagem (felizmente arquivada), o tarifaço seja revogado. Mas isso é obrigação de todo governante. Lula não se tornará a salvação do planeta, até porque é inútil lutar em pautas estrangeiras como a paz da Ucrânia se no Brasil não combate a alta dos juros da dívida pública.
Para uma sociedade infantilizada como a brasileira, Lula virou o herói absoluto. Mas tudo parece mais uma gincana escolar, com todo o calculismo do presidente brasileiro para se tornar uma celebridade histórica, em vez da espontaneidade das grandes personalidades históricas.
Enquanto isso, fora da bolha lulista, as pessoas seguem sua rotina de muito trabalho, pouco salário e sem qualquer sensação de que o Brasil se transformou. A popularidade de Lula, no lado de baixo da pirâmide social, continua baixíssima.
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