Os “animais consumistas”, situados entre a classe média abastada e os super-ricos mas também contando com a adesão de uma parcela dos “pobres de novela”, são a ala radical dos endinheirados que buscam o sentido da vida no ato de “ter”. “Tenho, logo existo”, é o mandamento maior desse protótipo do “homo ludicus”, a tentativa de, no Brasil, criar um humanoide que “substitua” o homo sapiens.
Os “animais consumistas” são tão impulsivos no gasto do dinheiro que ganham facilmente que, quando têm sede, não vão para o bebedouro mais próximo tomar água, mas para o primeiro bar, restaurante ou lanchonete que veem na frente e vão comprar cerveja, seja o preço que esta tiver.
Com um apetite para comer apenas uma pequena unidade de pão de queijo, os “animais consumistas” torram mais de R$ 30 com um pratarrão de comida. Qual o resultado? Comem umas poucas garfadas e, depois, jogam o resto de comida no lixo, sem o menor senso de escrúpulos.
Neste caso, as desculpas são várias: dar a impressão, ainda que estúpida, de que não estão famintos, de que estão com pressa e não têm tempo para completar a refeição e, com isso, fazer parecer que suas vidas são movimentadas. E também seus egos já “almoçaram”, de forma simbólica, os reels das redes sociais, ou seja, aquela avalanche de vídeos que veem em plataformas como Instagram e Tik Tok. Estão tão bitolados com esses vídeos que perdem a fome.
Os “animais consumistas” têm o impulso de gastar. Desumanos, pouco ligam para os pobres cheios de dívidas e vazios de comida. “Animais consumistas” não têm emoções, a não ser a alegria tóxica que os faz trocar piadas entre si, como se a vida fosse uma eterna comédia de estandape. Essas pessoas se ocupam em ganhar, ter e consumir, o outro é que se vire “rezando para Deus”.
Esses consumistas são muito egoístas. Na verdade, nem eles se sentem humanos. Eles precisam consumir para preencher o vazio de suas vidas, com muito dinheiro e nenhum caráter. Para eles, “ter” é sinônimo de “ser” e, no contexto atual de felicidade tóxica do Brasil dos últimos anos, já estão fazendo happy hour em vésperas de dias de trabalho.
Agindo sempre em função de agradar a sociedade, os “animais consumistas” não sentem os sabores e cheiros do que consomem. Na alimentação, pouco importa se pistaches, açaís, mortadelas, macarrões, picanhas e pizzas são deliciosos ou não, o que importa é aquele sentimento de manada, de pertencimento. Ou seja, se alguém bebe suco de açaí ou toma sorvete de pistache, é mais para “fazer parte da turma”.
Os "animais consumistas", portanto, são pessoas vivendo na louca neurose de consumir, de acumular dinheiro e de serem escravizados pela "liberdade" dos instintos. São, portanto, pessoas que se entregam a esse comportamento tóxico que parece "felicidade" quando tudo está bem. Mas quando o negócio é abrir mão de dinheiro, bens e prazeres supérfluos, aí esse pessoal vira bicho, mesmo.
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