O GRUPO BACKSTREET BOYS - CANTORES-DANÇARINOS A SERVIÇO DE UM POP COMERCIAL COM MUITA COREOGRAFIA E PLEIBEQUE.
A nossa imprensa do entretenimento é quase sempre burra e estúpida. Difunde expressões em portinglês (boy, body, dog), ajuda a propagar a terrível gíria “balada’ - que a Faria Lima empurra até para o jornalismo "sério" - e transforma subcelebridades e ídolos musicais popularescos em pretensos deuses.
Essa imprensa é responsável por emburrecer de maneira doentia e devastadora as mentes de nossos jovens de tal forma que, quando se tornam mais crescidos, com cerca de 40, 50 anos e com filhos na faculdade, levam essa burrice para seus cabelos grisalhos ou brancos.
Isso trouxe danos terríveis para a música, não só para o gosto musical, que estacionou nas zonas de conforto da mediocridade grudenta, como deixou o nível de compreensão da teoria musical bastante atrofiado.
Exemplo disso é o termo “banda”, alvo de uma completa e preocupante falta de discernimento de quem escreve sobre música pop. Inspirada no relativo falso cognato do termo inglês band - que no caso é “bando”, ou seja, “grupo” ou “conjunto” - , há uma mania de chamar qualquer grupo de ídolos juvenis de “bandas”, um cacoete terrível de nossos “jornalistas” que digitam tudo pelo piloto automático.
A ideia é fazer a mídia do pop juvenil em geral, e da dance music em particular, se apropriar de uma linguagem aparentemente roqueira, daí a forma generalizada de chamar os ídolos de sucesso de “bandas”. Às vezes até essa mídia de famosos tira a maior onda e chama algum integrante dessa suposta “banda” de músico.
A bola da vez é chamar os dançarinos cantantes dos Backstreet Boys de “banda”. A falta de noção de nossos “jornalistas” é tanta que qualquer grupo vocal vira “banda” assim de graça, mesmo sem haver um indício algum de haver, pelo menos, dois instrumentistas.
Na soul music dos anos 1960, pelo menos, os grupos vocais faziam performances apenas cantando, mas nos estúdios eles demonstraram ser também instrumentistas e, não raro, multiinstrumentistas, assim como cantores solo. Você vê Barry White e Marvin Gaye apenas cantando, mas eles eram multiinstrumentistas exímios arranjadores, além de notáveis compositores.
E esses grupos de garotos que recebem a tradução equivocada de “bandas”, partindo de um preguiçoso falso cognato de boys bands (na verdade, “bando de garotos”? Eles geralmente são liderados por um empresário, o repertório é composto por uma equipe de produtores e músicos e as apresentações são feitas com pleibeque. E quando, em uma canção, um dos integrantes faz o vocal, os outros cruzam os braços.
É patético chamar esses grupos de “bandas”, pois isso avacalha com a profissão de músico. O músico tem mais trabalho para elaborar uma música do que um ídolo desses grupos de garotos ou garotas. Como instrumentista, o músico tenta por horas fazer vários sons que, combinados, geram uma canção, por sua vez também concebida através de um arranjo musical.
O membro da boy band não. Ele espera que os produtores lhes façam as músicas, ocioso ao lado dos colegas. Nada é espontâneo. E quando os membros participam dos créditos de autoria, é quase sempre por um crédito falso, uma assinatura para participar dos direitos autorais. Às vezes um cantor põe umas poucas frases só para justificar o crédito da composição.
Não dá para chamar esses grupos vocais de “bandas”. Isso é um desserviço à cultura musical em geral e mostra o quanto a mídia do entretenimento é um antro da burrice e da ignorância. E aí vemos o quanto a cultura, nacional ou estrangeira, apreciada no Brasil, está um horror, um verdadeiro estado de calamidade pública.
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