Tivemos o clima de euforia e empolgação do presidente Lula nos seus discursos na ONU, em Nova York, o que fortaleceu ainda mais o tom de triunfalismo tóxico de ignorar as circunstâncias e acreditar que se pode tudo, absolutamente tudo.
Isso também reforçou a falácia de que Lula acertou quando colocou a política externa antes até mesmo do combate à fome, causa que fez o petista chorar em sua campanha de 2022. Mas o petista não acertou e devemos desmontar todo esse teatro do heroísmo pelo qual o presidente trata como uma gincana.
Enquanto Lula quer “salvar o planeta”, o povo pobre tem que “segurar a barra” um pouco mais, sem sentir na vida concreta os fabulosos relatórios do “Efeito Lula”. Tendo que enfrentar os preços caros, que, combinados aos salários precários e ao trabalho sobrecarregado, os pobres nem têm tempo para fazer uma pesquisa, afinal é necessária uma peregrinação por várias lojas e supermercados, pois os produtos mais baratos variam de um estabelecimento a outro. Com uma carga horária pesada, muitos desses estabelecimentos estão fechados quando o pobre trabalhador estiver disponível para alguma compra.
Ou seja, Lula está encantando setores da opinião pública com seu show, mas isso mascara um mandato que é o mais medíocre dos três, embora bastante ambicioso. E o presidente da Câmara, Hugo Motta, extasiou a plateia ao afirmar, de maneira precipitada, que Lula “caminha para seu quarto mandato”.
Portanto, é uma “democracia de um homem só “, protocolar e formal. Tem suas virtudes indiscutíveis, como a legalidade e o funcionamento saudável das instituições, mas trata-se ainda de um projeto neoliberal com algum assistencialismo e que atua de modo procrastinador na superação do legado maligno de Michel Temer.
Além disso, em toda democracia é necessário ter várias opções. Não dá para apostar numa democracia com um único candidato, ainda mais numa fase considerada final para a vida humana. Lula não arrumou um herdeiro político e se impõe como única opção da democracia. Se ele continua vivo, para seus seguidores tudo bem, mas se ele falecer de repente, surge um grande vazio para os lulistas. O vice Geraldo Alckmin é ótimo quando está sob a sombra de Lula, mas, e fora dela?
Também não dá para dizer que Lula é o "único candidato competitivo", porque essa ideia simplesmente não existe. Porque um candidato competitivo enfrenta concorrentes, não existe candidato que seja ao mesmo tempo imbatível e competitivo, ainda mais quando a campanha presidencial praticamente está monopolizada pela figura de Lula, considerado "o maior favorito".
Temos que perceber que a situação do Brasil está complicada, e não será a "democracia de um homem só" de Lula, protocolar e formal, em que um único líder decide e ao povo só resta cantar, dançar, brincar e "bebemorar", que irá resolver as coisas.
Daí que o atual cenário político só empolga mesmo a burguesia de chinelos, invisível a olho nu, uma elite de falsos pobres com muito dinheiro no bolso para gastar com supérfluos e até coisas nocivas, como cigarros e cervejas. E o pior é que essa elite ainda pede ao povo pobre apoiar Lula, quando as classes populares se decepcionaram profundamente com o petista. A realidade dói, e dói tanto que os negacionistas factuais não suportam sequer vê-la de longe.
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