As bravatas discursivas do presidente Lula podem, de maneira artificial, consolidar e reforçar a alegada popularidade narrada pelas supostas pesquisas de opinião. Podem até registrar supostos aumentos, mesmo que, na prática, garantissem apenas um placar apertado para a reeleição do petista.
No entanto, todo esse teatro de discursos, opiniões, relatorismos e pesquisismos, cerimônias e propagandas, entre outras manobras, não consegue esconder a gritante mediocridade de seu terceiro mandato, pois a máscara de grandeza só empolga quem segue a lógica do mundo paralelo das redes sociais. E os lulistas mostraram que também criaram um mundo paralelo, diferente dos bolsonaristas, mas tão imaginário quanto .
Lula, ultimamente, andou falando em “soberania”, com a mesma ênfase que ele usa a palavra “democracia”. E episódios como as ações do PCC na Faria Lima, redito so empresariado em São Paulo, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe de Estado, e, sobretudo, o caso do tarifaço de Donald Trump, andam sendo superestimados e apropriados por Lula nesta sua fase de bonapartismo eleitoral.
Lula fala grosso contra o tarifaço de Trump, mas seu homem do Banco Central, Gabriel Galípolo, mantém os juros altos da dívida pública por tempo prolongado, afetando a cadeia de preços de produtos e serviços. E isso descontando a obsessão de Lula pelo IOF, aparentemente deixada de lado nos noticiários dos últimos dias.
O tarifaço de Trump causará impactos na economia brasileira. Mas eles serão específicos, não é um impacto generalizado nem direto para os brasileiros, pois os impactos são referentes à exportação para o poderoso país do Titio Samuca. Os juros altos e o IOF afetariam de forma mais nociva o mercado interno brasileiro. É lamentável que a histeria dos lulistas tente tratar o tarifaço como se ele atingisse a direta e de modo generalizado a nossa economia.
Agora Lula vem criando grandezas onde não tem. Comemora a narrativa do jornal britânico The Economist, que definiu como “maturidade democrática” o julgamento de Jair Bolsonaro, a ocorrer na próxima semana. Menos, menos. Até porque é o primeiro passo de um fim da impunidade, está mais para uma Justiça que aprendeu a andar. Não houve essa euforia sequer quando, há dez anos, o feminicídio passou a ser considerado crime hediondo.
Falando em crime, Lula exagerou também ao dizer que a operação policial, que prendeu envolvidos num possível esquema do PCC para atuar na Faria Lima e num plano para matar um promotor, foi “a maior desde 1500”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse também em uma palestra (dizer onde) que a operação atingiu o “andar de cima” do empresariado acusado de tais crimes .
Lula quer criar grandezas que são de miniatura. Até sua grandeza é de miniatura. Por sorte, a parcela principal de apoiadores de Lula é muito jovem ou, se mais idosa, muito fanática. Por isso a “criançada” é que empolga com esse governo mais lacrador que gestor. É um público afobado, que não sabe a diferença entre opinião e ação, entre propor e realizar e que atua guiado pelo carisma hipnótico de Lula, sem possuir uma visão política consistente.
Por isso Lula só brilha para essa bolha que domina as narrativas das redes sociais. Por sorte, é uma bolha relativamente grande. Uma bolha dos que estão bem de vida e que inclui até ex-pobres beneficiados durante os dois primeiros mandatos de Lula e outros que, depois, foram atendidos por Dilma Rousseff e outros, durante o inverno golpista de 2016-2022, beneficiados por loterias e promoções de produtos.
Não se trata, portanto, do povo pobre da vida real, profundamente decepcionado com Lula. O presidente brasileiro tenta disfarçar seu crossover político que mistura FHC com Sarney com um monte de artifícios que já mencionamos várias vezes aqui. Mas Lula não consegue esconder sua mediocridade por trás da falsa grandeza e é sorte que ele vive numa sociedade hipermidiática e hipermercantil, porque se não fossem a alienação reinante nas redes sociais, Lula já teria fracassado de vez.
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