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SERIA MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR

A "BOA" SOCIEDADE QUE HOJE APOIA LULA DEIXOU JAIR BOLSONARO CRESCER.

Diz o anedotário popular que a única demonstração de prudência no Brasil foi haver um presidente chamado Prudente de Morais, um dos políticos da República Velha. A luta da Justiça brasileira para punir o bolsonarismo teria sido evitada se o “capitão” não tivesse sido eleito.

A pressa dos lulistas em colocar o Brasil no mundo desenvolvido é uma grande insanidade diante de um contexto de tantos retrocessos. É como se apressasse a recuperação de um enfermo grave para ele participar de um torneio dentro de dois dias. Um Brasil apressado e afobado que não teme que, com sua pressa, possa comer picanha crua com cerveja quente.

O pacote de maldades de Temer nem foi superado e Lula não ousou em desfazer. Ele apenas lava as mãos e joga tudo para o debate entre empresários e trabalhadores, que soa mais como um debate entre a raposa e a galinha. E o narcisismo birrento dos lulistas atinge níveis muito preocupantes, com eles se achando melhores do que os EUA e a Europa, incluindo a Escandinávia.

Diante disso, o julgamento de Bolsonaro é apenas um episódio que mais pretende consertar os estragos do que impulsionar o progresso e o desenvolvimento brasileiro. Com tantas marchas a ré política, sociais e culturais, é possível o Brasil integrar o banquete dos países desenvolvidos?

Com toda segurança, a resposta é não.

Tentamos remediar os males, mas o Brasil tem um caminho lento para alcançar algum nível de desenvolvimento. Não adianta o presidente Lula dar o status de desenvolvido ao nosso país se o trabalho de reparos e consertos é árduo e longo demais para sonharmos com essa reputação, que nada diz em verdade para o povo brasileiro, mas para uma elite abastada que usa muito as redes sociais.

 Já tivemos oportunidades de fazer o país progredir e a população preferiu a aventura do sensacionalismo, elegendo Jânio Quadros em vez do marechal Henrique Lott, este legalista e defensor da educação pública, em 1960. Vieram as tensões e enfrentamos 21 anos de retrocessos do qual nos acostumamos tão mal que eles ganharam reputação positiva e viraram até objeto de nostalgia. E aí vieram mais retrocessos, o que fez nosso país ficar culturalmente deteriorado.

Aí veio Fernando Collor, uma espécie de versão yuppie de Jânio, que ironicamente faleceu sob o mandato do “caçador de marajás”. E vieram os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e a farra da sua privataria. E, junto de tudo isso, a degradação da cultura popular, a desvalorização dos salários, a mercantilização do ensino superior e outros retrocessos.

Os dois primeiros mandatos de Lula mantiveram a degradação da cultura popular por conta de uma sabotagem trazida por uma elite de intelectuais festivos que, sob o comando da Globo e da Folha, faziam proselitismo na mídia de esquerda para pensar a bregalização cultural sob a ótica da mídia patronal, usando como desculpa o “combate ao preconceito”.

Esse apelo “contra o preconceito”, o pretenso reconhecimento de valor da bregalização, era uma falácia que depreciou e desmobilizou as classes populares e abriu caminho para o golpe político de 2016, criando as más condições que influíram no atual mandato de Lula.

Hoje vemos o quanto o Brasil tem de estragos que impedem o nosso país de estar no banquete dos desenvolvidos. E mesmo que se resolva condenar Jair Bolsonaro, a "boa" sociedade deixou ele crescer e atrair adeptos. O bolsonarismo ficou empoderado, e a elite do atraso, agora repaginada em uma classe de lulistas convictos, comete erros grosseiros por conta de seu tendenciosismo e sua procrastinação.

Deixaram Michel Temer implantar seu pacote de maldades. Deixaram Jair Bolsonaro ser eleito e, em quatro anos, atrair adeptos que, até hoje, não se sentem derrotados. E Lula não rompeu com todo o legado de Temer, empurrando com a barriga a precarização do trabalho, mesmo sendo ela "celetizada". A "boa" sociedade que hoje apoia Lula quer jogar debaixo do tapete todas as sujeiras que fez, da derrubada de João Goulart à ascensão de Jair Bolsonaro.

Por isso mesmo, se, há 65 anos tivéssemos eleito o marechal Lott, talvez não tivéssemos ditadura militar, Collor, privataria, Temer nem Bolsonaro e, aí sim, o Brasil teria mais chances de, ao menos, ficar próximo do Primeiro Mundo, não ao som de "Evidências" com Chitãozinho & Xororó, mas de "Estrada do Sol" com Agostinho dos Santos.

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