O mainstream brasileiro é um meio que fica se achando. Uma retaguarda que pensa que está na vanguarda. Um establishment metido a underground. Seu público se acha o dono da verdade absoluta e submete fatos e lógicas a opiniões e impressões pessoais de um público que se ilude pela visibilidade, prestígio e compartilhamento pleno e movimentado de seus pontos de vista.
Num momento em que uma numerosa elite brasileira tem a pretensão de dominar o mundo e transformar o Brasil em um parque de diversões do planeta, nosso país ainda vive num atoleiro de ilusões. A elite que o sociólogo Jessé Souza chama de “classe média de Oslo” vive o seu perigoso e obsessivo triunfalismo tóxico,
Hoje temos algumas milhares de pessoas que no Brasil vivem a ilusão de privilégios que as fazem se sentirem invulneráveis. Com dinheiro, prestígio e popularidade, somado ao consumo de notícias e imagens, diante da movimentação dos reels do Instagram e do Tik Tok, essa elite se acha dona da verdade.
É muito preocupante ver que uma elite, só por se achar “a mais legal do mundo”, viva todo esse turbilhão de sentimentos tóxicos. A ilusão de que seus indivíduos podem tudo e que têm o mundo em suas mãos, a intolerância ao pensamento crítico, a mania de dar desculpas e fazer juízos de valor aqui e ali, e a tendência de apoiarem Lula que, por sorte, virou o queridinho da burguesia ilustrada que adora “tomar no cool”, principalmente ao som de “Evidências”.
Isso acaba enganando muita gente, principalmente os mais jovens, que caem muito facilmente nas armadilhas das falsas nostalgias, tipo Backstreet Boys ou o brega-vintage de Chitãozinho & Xororó, É O Tchan e companhia, todos nomes ultracomerciais que se vendem como pretensas vanguardas, se relançando como relíquias fake para ganhar mais dinheiro às custas de um público subserviente.
Esse sentimento todo de triunfalismo, hedonismo e pretensiosismo que causam uma euforia perigosa na sociedade e parte de uma elite que comanda as narrativas nas redes sociais não é menos supremacista do que os bolsonaristas. É claro que a “elie mais legal do mundo” não vai assumir seu desejo de poder, se diz “pobrezinha” e “excluída” e vai fingir de ser emergente quando exercer seu domínio.
Ver que essa elite também investe num hedonismo frenético e na deturpação das informações assusta. O complexo de superioridade de um gosto musical popularesco ou a compreensão burra e confusa de que grupos vocais são “bandas” dá o tom desse clima em que se vive o Brasil.
Esses sentimentos tóxicos definem o cenário frágil do Brasil, e revelam o perigo de uma elite que acha que pode tudo e não quer ouvir críticas, conselhos e nem correções. Se chegamos ao ponto de ver negacionistas factuais pedindo boicote até a textos criticando o tabagismo e o ato de jogar comida fora, então a situação é de fazer gente mais careca que o Alexandre de Moraes querer arrancar os cabelos.
E a catástrofe está nesta estupidez querer se impor ao mundo.
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