O julgamento de Lula pelo TRF-4, referente, em segunda instância, ao julgamento dado na primeira pelo juiz Sérgio Moro, em relação ao triplex do Guarujá, desenhará o quadro eleitoral deste ano.
2018 será um ano difícil, cheio de tensões sociais.
Mas será um ano em que 2016 também enfrentará tempestades profundas.
Aliás, não só 2016. 1964 e 1974, também.
Os heróis de 1974, época considerada por especialistas como a "ideal" para a sociedade conservadora brasileira, já estão velhos e morrendo.
Paradigmas de ordem moral, social, religiosa, esportiva e cultural vigentes desde a ditadura estão em xeque, talvez xeque-mate.
Pessoas "intocáveis" estão sendo denunciadas em escândalos.
Há muita gente irritada nas mídias sociais, reagindo a certas desilusões como se fosse "dona da verdade" e não aceitasse que a realidade derrubasse suas convicções pessoais.
Irão espernear muito até chutarem seus computadores e eles pifarem. Ou até atirarem, por impulso, seus celulares pelo esgoto.
Sinto pena dessas pessoas, que, geralmente com mais de 25 anos de idade, não sofreu sequer um décimo das desilusões que já sofri na adolescência.
Ver que existem pessoas que reagem como pestinhas birrentos aos 35, 40 anos, é triste.
Não sou a favor do sofrimento, abandonei uma religião espiritualista porque ela fazia apologia à desgraça humana, mas um pouco de desilusão faz bem.
É como um remédio dado na dose certa. A tal religião espiritualista defende que se tome esse remédio na dose mais excessiva possível, com as dores aumentando e sendo suportadas em silêncio.
Pulei fora. Antes o respeito a mim mesmo do que manter uma fé supostamente raciocinada alimentada por apelos emotivos piegas.
Fora desses devaneios místicos, vejo a realidade como ela é, sem otimismos fantasiosos.
E 2018 será, para o Brasil, uma espécie de violento terremoto ideológico.
Pessoas ultraconservadoras que reivindicam a posse da verdade no Facebook e no WhatsApp estão mais vulneráveis, até porque se teimam a permanecer em pé, sem se segurar numa base.
Desprotegidas na sua arrogância, atribuindo a si poder descomunal, essas pessoas reaças sentirão o peso desse novo quadro, bem diferente de 2016.
Não creio que forças progressistas possam voltar para o Palácio do Planalto.
O Brasil está muito complicado para elas, e existem incompreensões recíprocas entre o brasileiro médio e o esquerdista médio.
Imagine então nos setores mais profundos em vivências e opções ideológicas. Fica ainda mais complicado entender o outro.
Espero poder estar em situação melhor diante dessa tempestade. Talvez me sinta mais seguro no barquinho do realismo do que no Titanic do establishment que se esbarrará no próximo aicebergue.
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