O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., causou muita indignação ao apelar para a "necessidade" das tropas federais no dia do julgamento do ex-presidente Lula, o próximo dia 24.
Segundo o prefeito, a Força Nacional e o Exército seriam designados "para auxiliar na segurança da população e proteção dos próprios (prédios) públicos municipais, em razão do iminente perigo à ordem pública e à integridade dos cidadãos porto-alegrenses".
Em outras palavras, Marchezan Jr. se diz "preocupado" com o patrimônio público e os cidadãos porto-alegrenses.
Ele acha que as manifestações solidárias a Lula promoveriam desordens e badernas por todo canto.
Mentira. As manifestações a favor de Lula serão pacíficas e ordeiras, e cumprirão a legalidade democrática.
Marchezan Jr. é que está com medo de reverter a situação que permitiu que ele fosse eleito prefeito da capital gaúcha.
O pai foi um político gaúcho ligado à ditadura militar e votou contra as Diretas Já.
Já Marchezan Jr. também tem no currículo sua filiação com o Movimento Brasil Livre (que deveria mudar seu nome para Movimento Me Livre do Brasil), do qual é membro destacado na filial gaúcha.
Ele pediu ao governo Temer o envio de tropas federais para policiar as ruas de Porto Alegre no dia do julgamento de Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF-4.
Mas o ministro da Defesa do temeroso governo, Raul Jungmann, com toda a veia tucana que possui, negou o atendimento ao pedido de Marchezanzinho.
Disse que a polícia de Porto Alegre está "muito bem equipada" para agir em situações de desordem.
O que o prefeito de Porto Alegre teme é que a manifestação pró-Lula possa se tornar um movimento pela redemocratização do país e pelo fim do golpismo político e seus retrocessos.
Daí para pressionar as circunstâncias é um pulo. E, em menos de um ano, num prazo de onze meses e uma semana, Marchezan Jr. teme que Lula possa tomar posse em mais um mandato.
Outra coisa a constatar é que o pedido de envio de tropas federais é de competência do governo estadual, não de um prefeito de uma cidade, ainda que fosse uma capital.
Quem deveria pedir era o governador gaúcho Ivo Sartori.
A "façanha" de Marchezan Jr., como na maior parte dos "atos de coragem" envolvendo um membro do MBL, causou séria tensão nos bastidores da política gaúcha.
O temor do prefeito é que se repita em 24 de janeiro próximo os episódios das manifestações de 1983-1984 que horrorizaram seu falecido pai.
Sem as tropas federais, no entanto, Marchezanzinho terá que se virar com sua guarda local.
Comentários
Postar um comentário