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JOJO TODDYNHO E O "FUNK" EM CLIMA DE DESEMBARQUE

A FUNQUEIRA JOJO TODDYNHO, INTÉRPRETE DO POLÊMICO SUCESSO "QUE TIRO FOI ESSE".

O ultracomercialismo musical dominou o Brasil.

Num contexto em que o MPB-4 perdeu um integrante, Ruy Faria, falecido há poucos dias, e Caetano Veloso tem equipamentos e seu violão roubados durante uma turnê, a situação está feia.

Ainda mais quando Alice Caymmi, de conhecida família musical, abandonou a MPB, a cantora Tiê decidiu fazer parceria com Luan Santana e Ed Motta elogiou Pablo Vittar.

A situação da MPB afundou de tal forma que vemos o estrago que foi feito toda aquela falácia de "combate ao preconceito" da intelectualidade "bacana" e seus consortes.

Os intelectuais "bacanas" empurraram a bregalização para a pauta das esquerdas, para abrir caminho para sociopatas como Rodrigo Constantino e Marco Antônio Villa falarem em "cultura popular de verdade", eles que nem estão aí para o povo pobre.

Os intelectuais "bacanas" fizeram esse jogo sujo na trincheira rival, usando as editorias culturais da mídia esquerdista para defender interesses dos barões da mídia direitista.

Hoje o que temos é um profundo preconceito contra a MPB.

Recentemente, Tiê falou que convidou Luan Santana para um dueto sob o pretexto de "quebrar as barreiras do preconceito".

Grande engano. O brega-popularesco não vive essa condição de segregação que o rótulo de "preconceito" tanto é atribuído a ele.

Como sempre, não é o ídolo "popular demais" o coitadinho da ocasião. Apesar da "espontaneidade", Tiê é que quer tocar nos espaços de Luan Santana.

A MPB corteja os ídolos bregas, neo-bregas e pós-bregas (Luan é pós-brega, o brega pós-MTV), porque quer tocar nas vaquejadas, nas festas do interior, nos trios elétricos das micaretas, nos clubes de subúrbio dominados pelo "funk".

Não sejamos ingênuos. Tiê quer gravar com Luan Santana porque ela quer tocar no interior de São Paulo, Mato Grosso, Tocantins.

O brega-popularesco é que é muito fechado. Os bregas é que têm preconceito com a MPB.

LUCIANO HUCK EDUCA SEUS FILHOS A CURTIR O "FUNK" DE JOJO TODDYNHO.

Dito isso, vamos então descrever o mais novo sucesso do cenário ultracomercial que envolve a música brasileira, o tal "pop brasileiro contemporâneo".

Trata-se da funqueira Jojo Toddynho, uma espécie de genérica de Tati Quebra-Barraco, assim como Valesca é uma genérica da Carla Perez.

Jojo Toddynho faz, portanto, aquele tipo da "MC invocada" que a intelectualidade "bacana" adorava glamourizar, como se fizesse "Revolução Cubana" com um copo d'água.

Ela então lançou um sucesso, "Que Tiro Foi Esse?", que tornou-se "viral" no seu canal do YouTube.

Até aí, nada demais, se não fosse um detalhe: a "coreografia" que virou moda era uma simulação de desmaio fatal de quem foi atingido por um tiro.

A "coreografia" é uma brincadeira de mau gosto, que causou indignação em gente como a atriz Joana Balaguer.

Ex-estrela de Malhação, Joana Balaguer, que gosta de "funk", não aprovou, todavia, essa brincadeira, que ela entendeu como "mau gosto", diante da situação de violência que atinge muitos brasileiros.

Até Luciano Huck aderiu à onda, mostrando "Que Tiro Foi Esse?" para os filhos Joaquim, Benício e Eva.

Jojo Toddynho é na verdade Jojo Maronttini, que também é atriz, e talvez o sobrenome Maronttini possa vir à tona se caso houver problemas judiciais com o achocolatado da Pepsico.

Um trecho da letra, que tenta tendenciosamente usar o verbo "sambar" - o "funk" tem essa obsessão de ter um vínculo parasita com o samba - , tem os primeiros versos assim escritos:

"Que tiro foi esse viado, que tiro foi esse que tá um arraso. Quer causar a gente causa, quer sambar a gente pisa, Quer causar a gente causa, quem olha o nosso bonde pira".

O "tiro" pode ser uma metáfora exportada do pop dançante comercial estadunidense.

E que, agora que o "funk" está assumidamente mercantilizado (sempre foi comercial, mesmo o "funk de raiz" é comercial até a medula), não há como "guevarizar" a situação.

Ainda mais quando a encenação remete a pessoas que brincam de serem vítimas de tiroteio.

Não há como dizer que isso é libertário, diante do drama das pessoas que morrem de verdade vítimas de balas perdidas, da violência dos bandidos e do abuso de poder dos policiais.

Se considerar isso "libertário", vai dar no "mico" que Bia Abramo pagou diante do protesto de enfermeiras contra a paródia hiper-sexualizada de sua profissão.

Foi em 2001. Sem saber, Bia Abramo, que defendia o "funk", estava se posicionando a favor da Enfermeira do Funk, "musa" siliconada empresariada por ninguém menos que Alexandre Frota.

O mesmo que, nos últimos anos, reivindica direitos como co-fundador do Movimento Brasil Livre e que havia ido ao Planalto para divulgar a medonha Escola Sem Partido.

Pelo jeito que estão as coisas, com PSOL - partido que mais apoiou o "funk" - caminhando para ser uma versão pop do PPS, o ritmo carioca deve estar em clima de desembarque.

O "funk" caminha para desembarcar do esquerdismo do qual nunca se identificou de verdade.

O "funk" apenas "esteve esquerdista" visando generosas verbas estatais da Lei Rouanet.

Criava um discurso pseudo-libertário só para impressionar a opinião pública.

Mas, depois, ia para a Rede Globo, para a Folha de São Paulo, para a revista Veja, para a Caras.

E depois se o "funk" esbaldava abraçado a Luciano Huck ou nas festas da socialite Carol Sampaio.

Talvez depois do próximo dia 24, se caso a plutocracia pressionar para condenar o ex-presidente Lula, os funqueiros não precisarão mais se fantasiar de esquerdistas para abocanhar a grana do PT.

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