Com as forças progressistas fora do poder, se aprofundam e se diversificam os debates nos círculos esquerdistas.
Páginas como Brasil 247 e O Cafezinho vão até adiante nas questões já trabalhadas pelo mainstream da blogosfera progressista: DCM, Jornal GGN, Carta Capital e Caros Amigos.
Com isso, as esquerdas festivas, antes com cadeira cativa nos círculos de esquerda, embora, ainda, fora dos salões do Centro de Estudos Barão de Itararé, perderam a vez.
São esquerdas acomodadas, na verdade um misto de esquerdistas fracos e centro-direitistas flexíveis, numa frente ampla para transformar as periferias em Disneylândias do entretenimento pobre.
São intelectuais "bacanas" que, fazendo free lancer para os barões da mídia, tentavam transformar o Brasil inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro, como previu o saudoso Agenor.
Bajulavam Lula e Dilma Rousseff e fingiam apoiar toda a pauta esquerdista, mas tudo para forçar a aceitação da bregalização e da superestimação de pequenas transgressões comportamentais.
Essas pequenas transgressões, que em nada ameaçam os interesses da Rede Globo, Folha e Abril, que as acolhem sem susto, quase se sobrepuseram à agenda mais urgente dos movimentos sociais.
Dessa forma, queriam sobrepor a causa LGBTT acima de pautas mais urgentes como a defesa das riquezas nacionais e a melhoria das condições de vida da população.
Em muitos momentos, os intelectuais "bacanas", principalmente quando defendiam o "funk", pouco se importavam com o analfabetismo e a miséria crescentes.
Achavam que bastavam os pobres rebolarem numa casa noturna de subúrbios que a qualidade de vida viria de bandeja através de um fenômeno "popular demais" da "ditabranda de mau gosto".
Servidores públicos tinham a estabilidade ameaçada, sofriam o risco de reduções salariais?
Pouco importava. Para os intelectuais "mais legais do Brasil", bastava um funqueiro ganhar, por um dia de apresentação, 15 vezes mais do que ganha um servidor público por mês, para a prosperidade econômica "reinar" nas classes trabalhadoras.
Muita falácia, muito mimimi, muito papo de gente "sem preconceito" mas preconceituosa quanto à verdadeira natureza das classes populares.
Preferiam ver pobres rebolando do que lutando por reforma agrária. Queriam "reforma agrária na MPB" apoiando até "sertanejos" que fizeram propaganda para Aécio Neves em 2014.
A intelectualidade "bacana" e sua comitiva de esquerdistas deslumbrados, durante anos, eram vistos como o "verdadeiro paradigma das esquerdas" no Brasil.
Tanto que eu era o "patinho feio" dos blogues esquerdistas, com o Mingau de Aço, por criticar esses "esquerdistas tão dedicados".
Mas, depois que a intelectualidade "bacana", tida como "boa esquerdista", abrir as portas para o governo Michel Temer e fugirem para as festas do grand monde comemorar a bregalização generalizada do país, até as esquerdas sérias abriram o olho.
Até porque os intelectuais "bacanas", revelou-se, acabaram atraindo os sociopatas da mídia reaça, como os articulistas da Jovem Pan e Veja e os militantes do Movimento Brasil Livre.
Eles surgiram como "contraponto" e, inexpressivos, foram fortalecidos pelo oba-oba da intelectualidade pró-brega, pelo "debate" instigado.
Quem seria Rodrigo Constantino se não fosse as pregações bregalizantes de Pedro Alexandre Sanches? E o que seria Reinaldo Azevedo sem os proselitismos bregas do "papa" Paulo César Araújo?
E o que seria o Movimento Brasil Livre se não fossem os artigos "sociais" de MC Leonardo?
As esquerdas sérias até definiram as esquerdas deslumbradas com a intelectualidade "bacana" como "esquerdas fashion", "esquerdas havaianas", "burgueses de Estocolmo".
São "esquerdas" de gabinete, pessoas de classe média alta que conheceram as periferias brasileiras pelos documentários da TV britânica.
Gente que achava que as favelas só ouviam hip hop e "funk" e nunca conheceram o samba e o baião.
Agora são essas esquerdas espetacularizadas e seus gurus de centro-direita que ficaram de fora do debate político.
Elas puseram o Brasil a perder e ninguém imaginou. Eu tentei avisar, mas não tinha visibilidade suficiente para repercutir com tais ideias.
Agora, feito o Cavalo de Troia, os troianos deslumbrados da "cultura" espartana foram deixados de lado.
Há riscos de "desembarque" aqui e ali e nada impede que os "bons esquerdistas" de quatro anos atrás passem a apoiar, com gosto, a candidatura presidencial de Luciano Huck.
Hoje até a volta de Lula está sob alto risco, pois o Brasil bregalizado se divertiu demais e a direita aproveitou isso para roubar a cena.
Agora é ficar contabilizando os estragos que a intelligentzia que fingiu não ser porta-voz da mídia venal deixou para o nosso país.
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