Pular para o conteúdo principal

QUEBRA-CABEÇA SUGERE ESTRANHAS LIGAÇÕES ENTRE "FUNK" E EDUARDO CUNHA


O 17 de abril de 2016 vai dar o que falar, não da maneira como as esquerdas médias imaginam.

Há algo muito estranho no "apoio" de Rômulo Costa à presidenta Dilma Rousseff e Lula, naquele dia de abertura do processo de impeachment da governante.

O "baile funk" que abafou e suavizou o tom do protesto político permitiu o sossego dos deputados que votaram "em nome de Deus, da família e do Brasil (sic)" para tirar Dilma do poder.

Rômulo Costa é evangélico, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, cuja orientação foi votar contra Dilma.

O dono da Furacão 2000 também tem relações com setores do PMDB carioca e nunca foi alguém que possa ser confiável como um suposto esquerdista.

Aquele "baile funk" foi uma grande farsa que o tempo mostrará, decepcionando muita gente.

Através de pesquisas na Internet, fico questionando até que ponto Rômulo Costa atacando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é sincero ou não.

Creio que seja alguma desavença surgida de antigos parceiros. Mas cabe a imprensa esquerdista deixar a complacência com os funqueiros de lado e investigá-los sem medo.

Andando pelas ruas, vi que os jovens usam os telefones celulares como veículo para ouvirem sucessos do "funk".

Aí vem o quebra-cabeça.

O telefone celular foi lançado no Rio de Janeiro em 1991, através da marca Telerj Celular.

Quem presidia a TELERJ nessa época foi o mesmo Eduardo Cunha, hoje ex-deputado e detento.

Há peças soltas ligando a TELERJ ao "funk".

Uma é que o Clube da TELERJ teria sido um dos espaços decisivos para "bailes funk" nos anos 1990.

Um ex-segurança da TELERJ foi Rob Rum, responsável pelo "Rap do Silva" ("Era só mais um Silva que a estrela não brilha / Ele era funqueiro mas era pai de família"), do chamado "funk de raiz".

Há uma mixagem de "funk" chamada "Montagem da TELERJ".

E houve uma favela com o nome da estatal fluminense de telefonia.

Mas são peças soltas que, em si, não dão indícios de tais ligações.

Cabe quem tiver recursos para fazer reportagens averiguar, procurar fontes etc.

Mas já se adianta esta pauta, esse quebra-cabeça que as esquerdas sem medo poderiam trabalhar.

Até que ponto esse caminho da TELERJ, Eduardo Cunha, telefones celulares e "funk" teriam se cruzado?

No caso de Rômulo Costa, as parcerias dele com as Organizações Globo e com Luciano Huck são suficientes para se desconfiar do "súbito apoio" dado ao PT.

Aquilo foi um "Tchau, Querida" que soaria como um "fogo amigo", se os funqueiros fossem realmente solidários aos esquerdistas.

Não são. Ficou comprovado que esse apoio era só um artifício para iludir a opinião pública, fortalecer o discurso da direita (que se apropriaria do discurso "pela cultura de qualidade") e garantir aos funqueiros uma boa grana da Lei Rouanet.

Se o fim definitivo da Era PT se consolidar nas urnas, ficará mais claro para as pessoas, depois da ressaca política, o lado "Cabo Anselmo" desse ritmo estranho que renegou os músicos, as composições e os arranjos.

Um ritmo que glamourizava a pobreza, disfarçava o machismo com o falso feminismo das mulheres-objetos, que colocava o consumismo acima da cidadania e fazia um estranho ufanismo das favelas, como se fosse o máximo morar em construções precárias, não pode ser progressista.

Será preciso ver crescer o fenômeno do "pobre de direita" para nossas esquerdas se mexerem e investigarem o "funk"? Lembremos que também foi duro para as esquerdas verem crescer os "jovens de direita" ou os "roqueiros de direita".

Cabe ter estômago forte e senso de desapego, porque não há como recusar-se a investigar quem tem problemas, ainda que eles sejam ídolos tão queridos dos próprios jornalistas.

Seja aquele ídolo religioso com palavras dóceis que homenageou João Dória Jr. e abriu espaço para o lançamento oficial da terrível e hoje descartada "farinata".

Não há como não investigar isso, ainda que o jornalista de esquerda tenha amigos que sigam essa religião e vejam o tal ídolo religioso ainda com deslumbramento.

É a mesma coisa do "funk": quando há gente pobre sorrindo, quem tem coração mole não vai investigar quem investe nesse aparato.

Se o ídolo religioso aparece com João Dória Jr., se o funqueiro aparece com Luciano Huck, não serão as crianças pobres brincando que impedirão que o jornalista sério não questione tudo isso.

O jornalismo investigativo tem esse preço. Em nome da informação, muitos "heróis" têm grande risco de serem derrubados.

Ainda que o imaginário saudosista de muitos se desfaça em ruínas, o que vale é a honestidade da informação. Ídolos não estão acima dos fatos. Complacência é parcialidade na sua pior forma.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BRASIL TÓXICO

O Brasil vive um momento tóxico, em que uma elite relativamente flexível, a elite do bom atraso - na verdade, a mesma elite do atraso ressignificada para o contexto "democrático" atual - , se acha dona de tudo, seja do mundo, da verdade, do povo pobre, do bom senso, do futuro, da espécie humana e até do dinheiro público para financiar seus trabalhos e liberar suas granas pessoais para a diversão. Controlando as narrativas que têm que ser aceitas como a "verdade indiscutível", pouco importando os fatos e a realidade, essa elite brasileira que se acha "a espécie humana por excelência", a "classe social mais legal do planeta", se diz "defensora da liberdade e do humanismo" mas age como se fosse radicalmente contra isso. Embora essa elite, hoje, se acha "tão democrática" que pretende reeleger Lula, de preferência, por dez vezes seguidas, pouco importando as restrições previstas pela Constituição Federal, sob o pretexto de que some

A GAFE MUNDIAL DE GUILHERME FIÚZA

Há praticamente dez anos morreu Bussunda, um dos mais talentosos humoristas do país. Mas seu biógrafo, Guilherme Fiúza, passou a atrair as gargalhadas que antes eram dadas ao falecido membro do Casseta & Planeta. Fiúza é membro-fundador do Instituto Millenium, junto com Pedro Bial, Rodrigo Constantino, Gustavo Franco e companhia. Gustavo Franco, com sua pinta de falso nerd (a turma do "cervejão-ão-ão" iria adorar), é uma espécie de "padrinho" de Guilherme Fiúza. O valente Fiúza foi namorado da socialite Narcisa Tamborindeguy, que foi mulher de um empresário do grupo Gerdau, Caco Gerdau Johannpeter. Não por acaso, o grupo Gerdau patrocina o Instituto Millenium. Guilherme Fiúza escreveu um texto na sua coluna da revista Época em que lançou uma tese debiloide. A de que o New York Times é um jornal patrocinado pelo PT. Nossa, que imaginação possuem os reaças da nossa mídia, que põem seus cérebros a serviço de seus umbigos! Imagine, um jornal bas

POR QUE A GERAÇÃO NASCIDA NOS ANOS 1950 NO BRASIL É CONSIDERADA "PERDIDA"?

CRIANÇA NASCIDA NOS ANOS 1950 SE INTROMETENDO NA CONVERSA DOS PAIS. Lendo as notícias acerca do casal Bianca Rinaldi e Eduardo Menga, este com 70 anos, ou seja, nascido em 1954, e observando também os setentões com quem telefono no meu trabalho de telemarketing , meu atual emprego, fico refletindo sobre quem nasceu nos anos 1950 no Brasil. Da parte dos bem de vida, o empresário Eduardo Menga havia sido, há 20 anos, um daqueles "coroas" que apareciam na revista Caras junto a esposas lindas e mais jovens, a exemplo de outros como Almir Ghiaroni, Malcolm Montgomery, Walter Mundell e Roberto Justus. Eles eram os antigos "mauricinhos" dos anos 1970 que simbolizavam a "nata" dos que nasceram nos anos 1950 e que, nos tempos do "milagre brasileiro", eram instruídos a apenas correr atrás do "bom dinheiro", como a própria ditadura militar recomendava aos jovens da época: usar os estudos superiores apenas como meio de buscar um status profissional

ADORAÇÃO AO FUTEBOL É UM FENÔMENO CUJO MENOS BENEFICIADO É O TORCEDOR

Sabe-se que soa divertido, em muitos ambientes de trabalho, conversar sobre futebol, interagir até com o patrão, combinando um encontro em algum restaurante de rua ou algum bar bastante badalado para assistir a um dito "clássico" do futebol brasileiro durante a tarde de domingo. Sabe-se que isso agrega socialmente, distrai a população e o futebol se torna um assunto para se falar para quem vive de falta de assunto. Mas vamos combinar que o futebol, apesar desse clima de alegria, é um dos símbolos de paixões tóxicas que contaminam o Brasil, e cujo fanatismo supera até mesmo o fanatismo que já existe e se torna violento em países como Argentina, Inglaterra, França e Itália. Mesmo o Uruguai, que não costuma ter essa fama, contou com a "contribuição" violenta dos torcedores do Peñarol, que no Rio de Janeiro causaram confusão, vandalismo e saques, assustando os moradores. A toxicidade do futebol é tamanha que o esporte é uma verdadeira usina de super-ricos, com dirigente

"BALADA": UMA GÍRIA CAFONA QUE NÃO ACEITA SUA TRANSITORIEDADE

A gíria "balada" é, de longe, a pior de todas que foram criadas na língua portuguesa e que tem a aberrante condição de ter seu próprio esquema de marketing . É a gíria da Faria Lima, da Jovem Pan, de Luciano Huck, mas se impõe como a gíria do Terceiro Reich. É uma gíria arrogante, que não aceita o caráter transitório e grupal das gírias. Uma gíria voltada à dance music , a jovens riquinhos da Zona Sul paulistana e confinada nos anos 1990. Uma gíria cafona, portanto, que já deveria ter caído em desuso há mais de 20 anos e que é falada quase que cuspindo na cara de outrem. Para piorar, é uma gíria ligada ao consumo de drogas, pois "balada" se refere a um rodízio de ecstasy, a droga alucinógena da virada dos anos 1980 para os 1990. Ecstasy é uma pílula, ou seja, é a tal "bala" na linguagem coloquial da "gente bonita" de Pinheiros e Jardins que frequentava as festas noturnas da Zona Sul de São Paulo.  A gíria "balada", originalmente, era o

BRASIL TERRIVELMENTE DOENTE

EMÍLIO SURITA FAZENDO COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS E JOVENS GRITANDO E SE EMBRIAGANDO DE MADRUGADA, PERTURBANDO A VIZINHANÇA. A turma do boicote, que não suporta ver textos questionadores e, mesmo em relação a textos jornalísticos, espera que se conte, em vez de fatos verídicos, estórias da Cinderela - é sério, tem muita gente assim - , não aceita que nosso Brasil esteja em crise e ainda vem com esse papo de "primeiro a gente vira Primeiro Mundo, depois a gente conversa". Vemos que o nosso Brasil está muito doente. Depois da pandemia da Covid-19, temos agora a pandemia do egoísmo, com pessoas cheias de grana consumindo que em animais afoitos, e que, nos dois planos ideológicos, a direita reacionária e a esquerda festiva, há exemplos de pura sociopatia, péssimos exemplos que ofendem e constrangem quem pensa num país com um mínimo de dignidade humana possível. Dias atrás, o radialista e apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, Emílio Surita, fez uma atrocidade, ao investir numa

A LUTA CONTRA A ESCALA 6X1

Devemos admitir que uma parcela das esquerdas identitárias, pelo menos da parte da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), se preocupa com as pautas trabalhistas, num contexto em que grande parte das chamadas "esquerdas médias" (nome que eu defino como esquerdismo mainstream ) passam pano no legado da "Ponte para o Futuro" de Michel Temer, restringindo a oposição ao golpe de 2016 a um derivado, o circo do "fascismo-pastelão" de Jair Bolsonaro. Os protestos contra a escala 6x1, que determina uma jornada de trabalho de seis dias por semana e um de descanso, ocorreram em várias capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, e tiveram uma repercussão dividida, mesmo dentro das esquerdas e da direita moderada. Os protestos foram realizados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). A escala 6x1, junto ao salário 100% comissionado de profissões como corretor de imóveis - que transformam a remuneração em algo tão

DERROTA DAS ESQUERDAS É O GRITO DOS EXCLUÍDOS ABANDONADOS POR LULA

POPULAÇÃO DE RUA MOSTRA O LADO OBSCURO DO BRASIL QUE NÃO APARECE NA FESTA IDENTITÁRIA DO LULISMO. A derrota das esquerdas nas recentes eleições para prefeitos em todo o Brasil está sendo abastada pelas esquerdas médias, que agora tentam investir nos mesmos apelos de sempre, os "relatórios" que mostram supostos "recordes históricos" do governo Lula e, também, supostas pesquisas de opinião alegando 60% de aprovação do atual presidente da República. Por sorte, a burguesia de chinelos que apoia Lula tenta convencer, através de sua canastrice ideológica expressa nas redes sociais, de que, só porque tem dinheiro e conseguem lacrar na Internet, está sempre com a razão, e tudo que não corresponder à sua atrofiada visão de mundo não tem sentido. A realidade não importa, os fatos não têm valor, e a visão realista do cotidiano nas ruas vale muito menos do que as narrativas distorcidas compartilhadas nas redes sociais. Por isso, não faz sentido Lula ter 60% de aprovação conform

SUPERESTIMADO, MICHAEL JACKSON É ALVO DE 'FAKE NEWS' NO BRASIL

  O falecido cantor Michael Jackson é um ídolo superestimado no Brasil, quando sabemos que, no seu país de origem, o chamado "Rei do Pop" passou as últimas duas décadas de vida como subcelebridade, só sendo considerado "gênio" pelo viralatismo cultural vigente no nosso país. A supervalorização de Michael no Brasil - comparado, no plano humorístico, ao que se vê no seriado mexicano  Chaves  - chega aos níveis constrangedores de exaltar um repertório que, na verdade, é cheio de altos e baixos e nem de longe representou algo revolucionário ou transformador na música contemporânea. Na verdade, Michael foi um complexado que, por seus traumas familiares, teve vergonha de ser negro, injetando remédios que fragilizaram sua pele e seu organismo, daí ter abreviado sua vida em 2009. E forçou muito a barra em querer ser roqueiro, com resultados igualmente supervalorizados, mas que, observando com muita atenção, soam bastante medíocres, burocráticos e sem conhecimento de causa.

SOCIEDADE COMEÇA A SE PREOCUPAR COM A "SERVIDÃO DIGITAL" DOS ALUNOS

No último fim de semana, a professora e filósofa Marilena Chauí comparou o telefone celular a um objeto de servidão, fazendo um contundente comentário a respeito do vício das pessoas verem as redes sociais. Ela comparou a hiperconectividade a um mecanismo de controle, dentro de um processo perigoso de formação da subjetividade na era digital, marcada pela necessidade de "ser visto" pelos outros internautas, o que constantemente leva a frustrações que geram narcisismos, depressão e suicídios. A dependência do reconhecimento externo faz com que as redes sociais encontrem no Brasil um ambiente propício dessa servidão digital, que já ocorria desde os tempos do Orkut, em 2005, onde havia até mesmo os "tribunais de Internet", processos de humilhação de quem discorda do que "está na moda". Noto essa obsessão das pessoas em brincarem de serem famosas. Há uma paranoia de publicar coisas no Instagram. Eu tenho um perfil "clandestino" no Instagram, no qual