Há muito o Jornal Nacional não é mais referência de noticiário sequer para o brasileiro médio.
Nos tempos da ditadura militar, pelo menos o programa, lançado em 1969, era o referencial predominante entre os brasileiros de então.
Com o tempo, vieram as concorrentes, como o SBT e a Bandeirantes, apresentando a "novidade" da opinião do "âncora", um novo tipo de apresentador de telejornais, o jornalista-apresentador.
Passou-se o tempo e até esse diferencial perdeu o sentido.
Atualmente, o jornalismo anda desaparecendo da mídia hegemônica. Quem quer jornalismo de verdade está migrando para a Internet.
Hoje a TV Brasil 247, ou TV 247, se tornou o reduto do jornalismo autêntico, juntamente com os canais em vídeo do Conversa Afiada, Diário do Centro do Mundo (DCM), entre outros.
O Jornal Nacional enfraqueceu como programa informativo, que agora assumiu seu caráter de show. As notícias são só um detalhe.
O apresentador titular e editor-chefe, William Bonner, sabe muito bem disso e se levanta para interagir com o público ou com os correspondentes.
Eu pessoalmente sinto simpatia por William Bonner.
Eu o repudio como representante de um projeto ideológico midiático, mas como pessoa acho ele bem mais despretensioso do que Fernando Mitre, como já comentei outras vezes.
Mitre parece um intelectual frustrado, que queria fazer do jornalismo da Bandeirantes uma espécie de "exército de Brancaleone" da imprensa.
Durante anos o jornalismo do grupo Band era divinizado. Eu tinha meu pé atrás, sempre vi isso como um oba-oba corporativo.
Sou jornalista, com registro na Fenaj e tudo, mas existem momentos em que eu prefiro ver seriados da Nickelodeon ou alguma sitcom na TV paga.
Voltando à Globo, até mesmo os jornalistas da emissora sabem que o Jornal Nacional é um show.
Os apresentadores cobiçam o cargo de apresentador suplente não necessariamente para dar notícias em rede nacional.
Cobiçam a posição visando obter visibilidade entre o público da rede nacional.
Isso significa mais sucesso, mais carisma, mais projeção.
Ana Luísa Guimarães e Monalisa Perrone foram badaladas ao serem escolhidas para apresentar o JN.
Na semana que passou foi outro boa-praça e genro da Garota de Ipanema Helô Pinheiro, o apresentador do SP TV, César Tralli.
A esposa, também apresentadora da Record, Ticiane Pinheiro, até brincou dizendo que ele era o "Bonner" dela.
Tralli vibrou com a experiência: "o primeiro JN a gente nunca esquece", escreveu.
Ele não havia contido o entusiasmo quando falou com a apresentadora das previsões do tempo, a deliciosa Eliana Marques.
A apresentação e narração de notícias acaba tendo menos importância, até pela forma com que a Globo, assim como em toda mídia hegemônica, trata as notícias.
Hoje o Jornal Nacional é a nova "novela das oito", porque a "novela das oito" original, a novela geralmente mais vista pelo público da Globo, virou "novela das nove".
O JN é praticamente uma obra de ficção, com base em fatos reais.
Por mais que aquele chefão do jornalismo da Globo que não aceita críticas diga que não.
A Globo não consegue mais acolher o mundo que hoje busca outros meios para se mostrar sem filtros.
Tem que se contentar em ver o Jornal Nacional, às vésperas dos 50 anos, se transformar em puro infotenimento.
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