Depois de Marcelo Freixo, outro que parece querer desembarcar das forças progressistas é o pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, o cearense Ciro Gomes.
Ex-tucano, ele parecia ter se tornado uma das vozes sensatas das forças progressistas, embora num rumo um pouco distanciado dos grupos que apoiam direta ou indiretamente o ex-presidente Lula.
No entanto, Ciro adotava postura oscilante em relação ao ex-presidente, às vezes parecendo seu aliado, em outras, não.
Um episódio recente deu indícios de que Ciro Gomes não quer participar da frente ampla das esquerdas em torno de Lula, que será julgado pelo TRF-4 no próximo dia 24.
Já são menos de vinte dias para o julgamento, em Porto Alegre, que irá definir a corrida eleitoral do Brasil.
Um manifesto do movimento Brasil Nação, lançado pelo economista Luiz Carlos Bresser Pereira e outros solidários a Lula, era um abaixo-assinado repudiando o risco de prisão do ex-presidente.
O manifesto "Eleição Sem Lula é Fraude" contou com mais de 143 mil assinaturas, até ontem à noite, quando assinei a petição. A meta a ser atingida é 150 mil.
Ciro Gomes se recusou a assinar o manifesto.
No entanto, Manuela d'Ávila e Guilherme Boulos, possíveis pré-candidatos, pelo PC do B e PSOL respectivamente, assinaram, possivelmente podendo apoiar Lula no segundo turno, se ele concorrer à Presidência.
Também assinaram vários intelectuais brasileiros, de Chico Buarque a Raduan Nassar, e personalidades estrangeiras como os ex-presidentes do Uruguai, Pepe Mujica, e da Argentina, Christina Kirchner.
O cineasta greco-francês Costa-Gavras também assinou o manifesto.
Ciro Gomes parecia um esquerdista moderado, um crítico coerente do ex-partido PSDB e um crítico dos arbítrios do governo Michel Temer.
Promete que vai revogar as reformas do governo Temer, se for eleito.
Aparentemente, numa corrida eleitoral sem Lula, Ciro Gomes parece o preferido da chamada esquerda.
Em sondagens simulando segundo turno da corrida presidencial, Ciro Gomes teve uma vantagem em torno de 7% com Lula, e de 13% sem o petista.
Hoje a necessidade das esquerdas é a união com Lula para reverter o cenário político da Era Temer.
Será muito complicado e o que se vê são riscos de desembarques aqui e ali.
Também não se sabe se Lula poderá ser candidato, pois, considerando o comportamento da direita político-jurídica que domina os processos desde 2016, a hipótese mais provável é que Lula fique fora da corrida de 2018.
Será duro e amargo, mas, infelizmente, a plutocracia tem muito dinheiro e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região tende a condenar Lula por unanimidade.
As ações do TRF-4 têm propósitos similares aos processos jurídicos ou parlamentares similares aos que, em 2016, tiraram do poder a presidenta Dilma Rousseff.
As esquerdas sentem a necessidade de se unirem em torno de Lula, diante dessa pressão acirrada de seus opositores.
Já houve fake news desmoralizando Lula, com a Jovem Pan e o blogue Antagonista divulgando mentiras de que um dos desembargadores do TRF-4, Victor Laus, seria promovido se absolvesse o ex-presidente da condenação do caso do triplex do Guarujá.
Lula não tem essa capacidade, e ele mesmo está em desvantagem em várias ações jurídicas movidas por seu advogado de defesa, Cristiano Zanin Martins.
Martins é um batalhador e respeita as leis, mas está sendo derrotado diante de uma "justiça" (com aspas e em minúsculas) a serviço da plutocracia.
A situação pede união em torno de Lula, e imagino que deveria haver uma união ainda maior.
Se ele for eleito, deveria haver mobilização social até 31 de dezembro de 2022.
Isso porque Lula, se for eleito presidente da República, enfrentará vários "24 de janeiro" todos os dias, desta vez "julgado" pela grande mídia, quase toda contra ele.
Vivemos um período muito complicado, no qual a plutocracia quer afastar Lula da corrida presidencial, vendo que estará em desvantagem diante dele.
Mas também as elites estão apavoradas, porque Lula virá com um forte apetite de promover o desenvolvimento do Brasil, com inclusão social.
Se Lula vencer, será a derrota dos revoltosos de 2016. Será a desmoralização dos agentes que retomaram o poder há dois anos.
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