Qual é a rádio FM mais ouvida? É aquela sintonizada no grito, na poluição sonora, no aparelho de som potente do carrão do valentão? É aquela rádio facilmente audível na feira livre, na portaria do prédio, táxi ou posto de gasolina?
Não. Em muitos casos, a audiência é "alugada", como no jabaculê pago a entidades de taxistas e porteiros de prédio para sintonizar certas rádios.
Isso sem falar que, ultimamente, as FMs estão tomando surra em termos de transmissão esportiva, pois o que se atribui como "excelente audiência em FM" é, na verdade, audiência de retransmissoras web em aplicativos de celular.
Portanto, rádios com grande audiência nem sempre são as que aparecem ou ganham no grito.
Dito isso, é boa notícia a volta, ainda que "de fininho", da Nova Brasil FM, rádio que era dedicada à MPB.
Depois da extinção da MPB FM, a lacuna finalmente foi preenchida no começo de junho, mas uma notícia que se tornou discreta, apesar de bem divulgada em páginas especializadas sobre rádio.
A Nova Brasil FM se ausentou há vários anos, e de duas rádios de MPB, reduziu-se a uma. E, durante um bom tempo, a nenhuma, coisa vergonhosa no que se refere ao Rio de Janeiro.
Nesse caminho todo entre o fim da MPB FM e a volta da Nova Brasil FM, o multirão que as rádios de pop adulto deveria ter feito para suprir a lacuna não se realizou, com exceção de alguns programas de MPB que eram da MPB FM ou alguns novos.
Até programas de comunicador das "rádios AM em FM" tocam de vez em quando MPB e, pelo menos uma vez, ouvi um sucesso de Simone (a Simone Bittencourt, não a "femineja") sendo tocado na íntegra na Rádio Tupi.
Também nesse intervalo, vimos dois nomes da MPB duetando com cantores brega-popularescos, em claro acordo de viabilidade comercial, pois o mercado de eventos musicais no interior do Brasil é bem "mafioso".
Assim, tivemos Tiê cantando "espontaneamente" com Luan Santana e Gal Costa gravando com Marília Mendonça. Luan e Marília são dois nomes dominantes do establishment musical que atua nos rincões mais coronelistas do interior brasileiro.
Com isso, a Nova Brasil FM, embora com repertório pouco ousado - espera-se que isso mude - , está voltando com bons resultados, sendo também que a rede, sediada em São Paulo, está em expansão de tal forma que conquistou afiliada até em Goiânia, "latifúndio" musical do breganejo.
A Nova Brasil ainda é "pouco ouvida" nas ruas cariocas, pois a web-sintonia e os "ouvintes de aluguel" ainda dominam as ruas, com suas rádios de grife "monopolizando o Ibope".
Mas a Nova Brasil, na sintonia de FM, já anda derrubando muita transmissão esportiva que tenta conquistar o Ibope no grito.
Que a Nova Brasil permaneça e se aperfeiçoe, passando, com o tempo, a tocar coisas menos óbvias da MPB, revigorando os ouvidos e corações de quem curte a genuína Música Popular Brasileira, aquela que não precisa necessariamente lotar plateias para mostrar o seu valor.
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