O falecimento do diplomata Kofi Annan ocorre num contexto curioso.
Ele foi secretário-geral da ONU e Nobel da Paz em 2001.
Ambas as situações se relacionam com o atual caso do ex-presidente Lula, preso em Curitiba por conta de uma fofoca e com registro de candidatura protocolado no Tribunal Superior Eleitoral.
O Nobel da Paz se relaciona ao fato do recebedor desse prêmio em 1980, o intelectual argentino Adolfo Perez Esquivel, amigo pessoal de Lula, defender o Nobel da Paz ao petista.
Segundo Esquivel, na condição de presidente da República, Lula combateu a fome dos brasileiros, realizando projetos de inclusão social, o que vale o mérito do prêmio Nobel.
Esquivel foi um dos que visitaram Lula na prisão, ato que anda incomodando muito a Polícia Federal e o Judiciário, que acusam essa atitude de transformar a cela em "comitê de campanha".
Mas o nome ONU teve mais destaque na última semana.
Isso porque o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas enviou um documento pedindo ao Brasil não impedir a candidatura de Lula a um novo mandato presidencial.
Segundo o documento, Lula tem os direitos políticos preservados e direito à ampla defesa, e o processo da Justiça contra ele deveria permitir o esgotamento não na segunda instância, mas na sentença transitada em julgado.
De acordo com o documento, Lula continua autorizado não só a concorrer a cargos eletivos como também lhe é permitido participar dos debates entre os candidatos.
O documento não tem poder de imposição, mas de recomendação. A plutocracia brasileira esnobou a ONU e disse que não acatará a recomendação.
No entanto, as elites que se opõem a Lula se encontram numa sinuca de bico.
Embora não sejam obrigadas a aceitar a recomendação da ONU, elas podem se desmoralizar diante desta posição, diante da opinião pública do mundo inteiro.
O Brasil, desde 2016, despencou em reputação diante do resto do mundo, por causa do golpe político e de muitos retrocessos em vários níveis.
A prisão em níveis de literatura kafkiana do ex-presidente Lula, um líder respeitado pelo resto do mundo, também deixou o mundo perplexo.
A ONU, que tem no seu membro, o inglês Geoffrey Robertson, como defensor de Lula na entidade, tem uma reputação maior do que a plutocracia política, jurídica e midiática do Brasil, que só é superior aos olhos de si mesma.
Pode ser que Lula, que tem seis pedidos de impugnação de candidatura - um deles movido pelo próprio Jair Bolsonaro - , não consiga prosseguir como candidato, por causa do esquema jurídico abusivo que se tem no Brasil.
Mas, se o golpe político se confirmar pelo aparato do voto popular, o Brasil poderá estar voltado para os caprichos pessoais dos mais conservadores. Todavia, também se consolidará como vergonha mundial.
Comentários
Postar um comentário