Mesmo preso em Curitiba, Lula terá oficializada, através da ação de seus representantes, sua candidatura à Presidência da República hoje.
Convertido em um personagem digno de tragédia de Franz Kafka, ao ser preso por uma simples fofoca - o risível caso do triplex do Guarujá - , Lula é um dos líderes políticos mais populares e prestigiados do mundo.
É respeitado pelas autoridades estrangeiras mais conceituadas, mas, diante do provincianismo típico de nosso Brasil, aqui Lula é desqualificado por conta de uma elite que, olhando para seu umbigo, se acha "mais influente".
A sociedade reacionária brasileira, com seus heróis e vilões, impõe suas fantasias acima da realidade e tentam manipular os destinos de nosso país conforme suas vontades.
E aí, dane-se o mundo, o que vale é apenas o padrão de compreensão (ou incompreensão) dado pela "boa sociedade".
Já imagino o valentonismo da Band News, com José Simão e Ricardo Boechat caindo nas gargalhadas porque Lula, mesmo preso, se anuncia candidato à Presidência da República.
Mas os dois comunicadores não caem na gargalhada diante dos processos tragicômicos do Judiciário que, de vez em quando, acha a Constituição Federal muito chata e resolvem desobedecê-la.
Lula está numa situação difícil porque a pressão contra ele é muito, muito pesada.
Seria preciso uma atuação popular insistente, maciça, estratégica e habilidosa, não só para permitir a eleição e posse de Lula, mas para mantê-lo no governo até o último dia do referido mandato.
A exemplo de Getúlio Vargas, Lula receberá uma surra da mídia hegemônica.
Pior: o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, avisou que, se Lula for eleito, o militar vai organizar um golpe para derrubar o governo democraticamente eleito.
Seria necessário que o povo deixe de cruzar os braços, porque não basta Lula ser eleito e tomar posse como presidente em novo mandato. Botar ele lá e deixá-lo sozinho no poder é um grave risco.
Há muito ódio em boa parcela da sociedade. Gente retrógrada, se comportando como se fizesse a revolta do mofo contra o fungicida.
Tem muita gente revoltada com os novos tempos, querendo que, ao menos, 1974 e sua modernidade precária e controlada pela plutocracia retornem à atualidade.
No cenário "mais civilizado", temos a notícia de que a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, tomou posse ontem como presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Ela vai cuidar do caso de Lula baseado na Lei da Ficha Limpa e a tendência é a inelegibilidade.
O caso pode ser julgado antes do início da propaganda eleitoral, que será em 31 de agosto.
Rosa tomou posse no dia em que um grupo de ativistas, entre eles o Nobel da Paz de 1980, o escritor argentino Adolfo Perez Esquivel, falou com a presidente do STF Carmen Lúcia com o objetivo de pedir a liberdade do ex-presidente.
Não foi tarefa fácil, embora Carmen teria se "comovido" com a manifestação, segundo a advogada Carol Proner.
Estrategicamente, o vice oficial de Lula, Fernando Haddad, foi escolhido para ser o titular no caso de impedimento, enquanto Manuela d'Ávila, do PC do B, passa a ser vice quando o ex-prefeito de São Paulo se tornar candidato oficial.
Ciro Gomes não gostou das estratégias do PT, chamando-as de "fraude", e alegou que o PT "não tem projeto de país".
Ciro se isola em seu mau humor, e não consegue se entender com o resto das esquerdas, apesar de se afirmar "amigo de Lula", do qual foi ex-ministro.
O evento de registro da candidatura de Lula está marcado para 14 horas. Movimentos sociais já estão desde o início da semana em Brasília para acompanhar o acontecimento.
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