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STF E O 'TIMING' LENTO EM RELAÇÃO À PLUTOCRACIA

MARCO AURÉLIO MELLO, MINISTRO DO STF, RELATOR DA DENÚNCIA DE SUPOSTO RACISMO CONTRA JAIR BOLSONARO.

Não foi desta vez. O Supremo Tribunal Federal, muito ágil quando atua em processos contra políticos do PT, resolveu reduzir a velocidade diante do caso de Jair Bolsonaro.

Quando o assunto é acusações envolvendo a plutocracia, se afrouxa a gravata e deixa o processo rolar. Quanto é o PT, vale até condenação em segunda instância.

O julgamento, ontem à tarde, da denúncia contra um pronunciamento dado pelo candidato do PSL, no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, a respeito dos quilombolas, foi suspenso por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Para quem não sabe, Bolsonaro deu essa declaração: "Eu fui num quilombo, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles".

Ele pediu vista do processo, ou seja, solicitou mais tempo para analisar o processo, adiando seu voto para a próxima semana.

Até chegar à vez dele, a votação resultou no empate entre os membros da primeira turma do STF.

Marco Aurélio Mello, relator do processo, rejeitou a denúncia, alegando que as declarações de Bolsonaro "estavam dentro dos limites da liberdade de expressão". Ele também lembrou da imunidade parlamentar de Bolsonaro.

Luiz Fux foi no mesmo caminho, argumentando que Bolsonaro fez seu comentário "dentro do contexto", não para "opinar sobre os diferentes".

Luís Roberto Barroso aceitou a denúncia e viu na expressão "arroba", associada a animais irracionais, um indício de ofensa racial.

Rosa Weber também aceitou a denúncia, mas no sentido de permitir uma análise das questões jurídicas apontadas pela acusação.

E aí Alexandre de Moraes, que poderia desempatar - estaria ele contra ou a favor da denúncia? - , suspendeu a sessão para "analisar melhor" o caso.

O julgamento então terá desfecho quando já estiver em andamento a propaganda eleitoral em rede de rádio e TV.

Nesse tempo todo de muita apreensão, com um crescente reacionarismo por parte dos jovens, que contagia não só os eleitores de Bolsonaro, mas também de João Amoedo, antes um arremedo de Geraldo Alckmin com Flávio Rocha (mas ele saiu do páreo e virou bolsomito).

No depoimento de Bolsonaro, antes do julgamento dos membros da primeira turma do STF, o candidato do PSL foi grosseiro e falou palavrão, mas tentou ser "respeitoso" à sua maneira.

E ainda cometeu gafe, citando "japa de oito arrobas".

No mesmo dia do julgamento, o "mito" foi entrevistado no Jornal Nacional, na sequência de entrevistas com presidenciáveis.

Teve uma polêmica com questões salariais, envolvendo a distribuição desigual para homens e mulheres e falou em "pejotização" na Globo.

E, diante da constatação de que a Globo apoiou o golpe de 1964, William Bonner leu, a exemplo de Miriam Leitão na Globo News, o editorial "autocrítico" de O Globo.

No caso dos salários entre homens e mulheres, destaca-se a declaração de Renata Vasconcellos, interrompendo o comentário de Jair Bolsonaro:

"Meu salário não diz respeito a ninguém, o que posso dizer é que, como mulher, não aceitaria receber um salário menor de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu", disse ela.

O "mito" também defendeu o economista Paulo Guedes, manifestando grande cumplicidade com esse artífice do ultraliberalismo, que em outros tempos "elogiava" o governo Lula, embora tivesse sido sempre neoliberal, um dos fundadores do Instituto Millenium.

Bolsonaro tenta agora parecer mais "contido", embora mantendo seu reacionarismo notório. Mesmo assim, mostrou-se medíocre, enquanto o JN reafirmava a vocação da Globo de manter os ventos conservadores de 2016.

Aliás, Paulo Guedes, o "posto Ipiranga" de Bolsonaro, garantiu numa entrevista à Globo News que manterá as realizações do governo Michel Temer.

Só a burrice mesmo para os jovens que desprezam ou odeiam Temer quererem votar em Bolsonaro.

Bolsonaro é Michel Temer levado até as últimas consequências.

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