O lulismo se carateriza pela pressa em querer fazer o Brasil tornar-se um país desenvolvido. Só que, como diz o ditado popular, “apressado come cru”. E, pensando a História de forma séria, entendendo a linha do tempo dos fatos, devemos ver o quanto o atual mandato de Lula está se saindo medíocre, apesar de ambicioso.
A burguesia ilustrada acha que a Brasil está com “todas as condições para ser um país desenvolvido” e apostam na reeleição de Lula para a concretização dessa empreitada. Mas essa elite sempre brincou de Primeiro Mundo com seu turismo dentro do próprio país e até dentro das áreas onde vivem.
Fora da bolha lulista, porém, as pessoas sabem que isso é impossível. Afinal, o Brasil se recusou a ter os mínimos requisitos para ser um país desenvolvido, nos últimos 65 anos. Agora nosso país tem pressa para ser uma nação de Primeiro Mundo, sem ter um mínimo escrúpulo de comer crua ou mal-passada a picanha do banquete das nações desenvolvidas.
Em 1960, nos recusamos a eleger o marechal Henrique Lott, candidato defensor da educação pública e cumpridor da Constituição (na época, vigorava a de 1946). Preferimos o espetáculo populista de Jânio Quadros, que parecia um integrante perdido dos irmãos Marx e prometia “varrer para fora a roubalheira” com sua “vassoura” (analogia aos bigodes espessos do político).
Isso cobrou um preço caro para o Brasil. Jânio fez um governo caótico, irritando até a direita que o apoiou, e quase tivemos um golpe político em 1961.Após a crise causada pela renúncia de Jânio, veio a fase parlamentarista de Jango, depois Jango retomou o presidencialismo, mas a sabotagem política de Cabo Anselmo desnorteou o governo e fez abrir caminho para o golpe militar de 1964.
A coisa foi tão grave que foi vetada até a sucessão presidencial de 1965, mesmo quando a disputa seria polarizada por dois políticos moderados, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda. Por ironia, Kubitschek e Lacerda apostaram entre 1966 e 1968, numa "frente ampla" diferente da frente ampla demais de Lula e que, lutando pela verdadeira democracia, foi desfeita pela ditadura militar.
O golpe se prolongou, veio o AI-5 e o “milagre brasileiro” que favoreceu a burguesia e preparou a vida próspera de seus netos hoje "descolados", e o governo Geisel desenhou os padrões socioculturais que prevalecem ainda hoje e se reciclaram, pasmem, nas redes sociais de hoje.
A recente idolatria aos ditos “médiuns espíritas”, alimentada por uma reprise de novela e pelo falecimento de um representante baiano, revela essa velha religiosidade medieval vivida aqui no período colonial mas que é travestida de “espiritualidade filosófico-científica, o que não faz com que essa crença deixe de expressar o sistema de valores velho e mofado do “bom culturalismo” da Era Geisel. É como se ainda estivéssemos presos a 1974, pois nossos “heróis” ainda são os mesmos dos tempos da ditadura militar.
Como vamos nos vender como a sociedade mais moderna e avançada do mundo? Lula quer queimar etapas e, em vez de se concentrar na política externa, cuidando do país com frieza cirúrgica sem pensar em fazer do Brasil uma potência de fachada, mas um país realmente mais justo, quer apostar em grandiloquência, como um pai que inscreve seu filho de dois anos num curso de pós-doutorado.
Tudo soa lindo, nas narrativas dos lulistas. Um país que, hipoteticamente, se autoproclama “síntese do mundo”, como uma carteirada para forçar a entrada prematura ao Primeiro Mundo, agrada a muitos com a narrativa sonhadora de um país criança querendo ser tratado como “adulto”, sem obter os requisitos necessários.
Degradamos culturalmente durante a ditadura e durante governos conservadores como os de Collor e FHC, e por isso perdemos qualquer condição de até cogitar em ingressar no Primeiro Mundo. Com um cenário deteriorado, não dá para o Brasil virar potência, mesmo quando os critérios de Primeiro Mundo admitam qualquer imperfeição.
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