A crise causada pela denúncia das fraudes do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que provocou a saída do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, presidente nacional licenciado do Partido Democrático Trabalhista (PDT), estremeceu o governo Lula, que teve que segurar o partido fundado por Leonel Brizola (1922-2004) em sua base de apoio.
Com isso, o substituto de Lupi escolhido é outro nome do PDT, Wolney Queiroz, que já trabalhava no mesmo ministério, na condição de secretário executivo. Wolney também foi deputado federal e, natural de Caruaru, representa Pernambuco em sua carreira política.
Lula fez isso para evitar que haja a recuperação política de Ciro Gomes, que também ensaia uma reaproximação com o irmão e desafeto político Cid Gomes, do PSB cearense. No evento do partido, o mesmo do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, Cid havia dito que "não pretende se posicionar contra o irmão no plano nacional".
A crise do PDT faz com que o partido fique no dilema entre apoiar Lula e reabilitar Ciro, que cresce como um candidato terceiro-viável num cenário em que a direita busca vários candidatos. A ideia é evitar a repetição da polarização entre Lula e um suposto herdeiro do bolsonarismo, uma vez que Jair Bolsonaro está impedido de concorrer a qualquer cargo político, hoje tendo se tornado réu pela Justiça.
Os lulistas, defensores da "democracia de um homem só" de Lula - que foi capaz de evitar a diversidade eleitoral, obrigação democrática garantida pela Constituição de 1988, se impondo como "candidato único da democracia" - , atuam como valentões de escola contra Ciro Gomes, em vez de estimular o debate entre o ex-governador do Ceará e Lula.
A estranhíssima campanha presidencial de Lula em 2022 fez com que o petista, tão defensor do conceito de "democracia", não aceitasse concorrência. E os lulistas atuavam de maneira truculenta, dizendo que qualquer um que não fosse Lula nem Jair Bolsonaro era Bolsonaro. Uma profunda falta de respeito à democracia, ao atribui-la como um "patrimônio exclusivo de Lula".
Já existe uma proposta de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para apurar as fraudes do INSS. Embora as fraudes tenham ocorrido desde o governo Bolsonaro, ela tende a agravar o desgaste do governo Lula, que já enfrenta uma baixa popularidade por conta do presidente ter preferido um clima de festa do que o trabalho cirúrgico da reconstrução do país, apelando para pesquisismos e relatorismos que não conseguem enganar a população.
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