O presidente Lula paga o preço de não ter priorizado a real reconstrução do Brasil, com frieza cirúrgica e sem clima de festa, pois trabalhos assim, que evitassem comemorações antes dos trabalhos, teriam sido decisivos para garantir a popularidade do chefe da Nação.
Opinar não é agir. Enquanto Lula priorizava a política externa e o clima de festa e de simulacros, cono pesquisismos, relatorismos e cerimonialismos, ele pouco agia para o progresso do país e, se agia, os resultados eram muito brandos, medíocres e lentos, doferente do que alardeia o dito “Efeito Lula”.
Vi uma demonstração de uma falta de discernimento quando um lulista, empolgado com a declaração de Lula de “propor um debate” pelo fim da escala 6x1, disse que o presidente “faz um trabalho extraordinário”. O sujeito não percebeu a diferença entre opinião - Lula é contra a escala 6x1 - , a proposta e a ação, que não houve. Quer dizer, há, mas ela partiu do trabalho solitário da deputada Erika Hilton, do PSOL.
Lula erra por não adotar medidas enérgicas de interesse das classes populares. Democracia não é estar em cima do muro e achar que os abusos do empresariado devem ser considerados. Se os interesses privados prevalecem sob o interesse público, isso nada tem de democrático, mas de aristocrático.
A hesitação de Lula em pressionar pelo fim da escala 6x1, cuja proposta de Erika Hilton ainda vai demorar para entrar em vigor, é comparável à hesitação que, no século 19, o imperador Dom Pedro II teve em relação à abolição da escravidão.
É óbvio que e preciso dar fim à escala 6x1, porque a jornada de seis dias de trabalho e um de descanso prejudica o rendimento do trabalhador e, por incrível que pareça, diminui a produtividade e o rendimento profissional. Neste sentido, não tem conversa, como a que sonha Lula com o "diálogo" entre patrões e empregados.
O governo Lula sinaliza, com isso, a postura pelega de alguém que, representando as classes populares, acaba atendendo aos interesses das classes dirigentes. Propor o diálogo entre a raposa e as galinhas não é a solução certa para os problemas, e por isso é necessário ter pulso firme para combater as desigualdades, em vez de fingir treta com a Faria Lima e se resignar com suas imposições.
Dessa forma, Lula não consegue criar prioridades, agindo de maneira impulsiva e recusando-se a fazer autocrítica. E só age quando é pressionado. Se é para ter um presidente com fama de líder mas age como um soldadinho de chumbo precisando de alguém para dar corda e fazê-lo andar, teria sido melhor que tivéssemos eleito alguém da terceira via.
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